O cenário político do Piauí volta a ser sacudido por mais um episódio que liga o poder legislativo municipal ao crime organizado. Desta vez, o protagonista é o vereador Francisco das Chagas (REP), o “Franciner Zuza”, da cidade de Sigefredo Pacheco, condenado a 3 anos de prisão pelo crime de associação para o tráfico de drogas, além do pagamento de 700 dias-multa.
A sentença foi proferida pelo juiz Leonardo Trigueiro, que também condenou o irmão do vereador, Ronaldo Pereira de Oliveira, além de Ana Paula dos Santos Pereira e Francisco José Araújo de Moura. De acordo com as investigações, o grupo se associava para o crime, como o tráfico de drogas e por isso foram alvo de operação da Polícia Civil do Piauí ainda em 2017. Apesar da gravidade, o parlamentar continuará em liberdade para recorrer da sentença. A pena foi substituída por duas medidas restritivas de direitos: prestação de serviços comunitários e o pagamento de prestação pecuniária. Vereador de Sigefredo Pacheco é condenado por associação ao tráfico poucos dias depois da prisão da vereadora Tatiana Medeiros
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Mesmo condenado, Franciner Zuza segue no cargo, representando o município e recebendo recursos públicos. Ele foi o sétimo candidato mais bem votado para vereador em Sigefredo Pacheco, chegando a 481 votos.
Este é mais um caso que acontece no Piauí. Há poucos dias a vereadora teresinense Tatiana Medeiros (PSB), foi presa acusada de envolvimento com o Bonde dos 40, uma das facções mais violentas do Nordeste. Ela é suspeita de ter recebido apoio financeiro da facção durante sua campanha eleitoral e de lavar dinheiro por meio de uma ONG de fachada. As acusações, embora mais graves, possuem raiz semelhante: a associação de agentes políticos com o tráfico de drogas.
Esses episódios não são isolados. Em diferentes estados brasileiros, cresce o número de casos envolvendo vereadores e até prefeitos ligados a organizações criminosas. No Rio de Janeiro, por exemplo, diversos parlamentares já foram presos por vínculos com milícias. Em São Paulo, há investigações em curso contra candidatos financiados por facções como o PCC. A presença do crime organizado na política é um fenômeno nacional que se intensifica à medida que grupos criminosos buscam poder institucional para proteger seus interesses e expandir suas redes de influência.
A condenação de Franciner Zuza joga luz sobre a fragilidade dos mecanismos de controle e a facilidade com que o tráfico se insere nas estruturas locais de poder. Em cidades pequenas, onde o poder político se mistura com o cotidiano da população, o espaço para atuação dessas organizações criminosas parece ainda mais propício.
Diante disso, cresce o desafio das instituições e da sociedade: impedir que o voto se transforme em escudo para criminosos e que as Câmaras Municipais deixem de ser a casa do povo para se tornarem refúgio de organizações criminosas.