A Câmara dos Deputados iniciou a análise de um processo que pode colocar em pauta a cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O caso está sob a responsabilidade do Conselho de Ética, que deve decidir se o parlamentar cometeu ou não quebra de decoro. Essa investigação foi motivada por representações apresentadas em julho, entre elas a do líder petista Lindbergh Farias, que acusa Eduardo de ter ultrapassado os limites de sua função ao atacar instituições brasileiras enquanto se encontrava nos Estados Unidos.
Segundo os autores da denúncia, Eduardo teria feito declarações que miravam diretamente autoridades do Supremo Tribunal Federal e incentivavam pressões externas contra o Brasil. Para eles, tal postura não se enquadra apenas como manifestação política, mas como uma conduta que ameaça a estabilidade das instituições e, por isso, fere o decoro parlamentar. O Conselho de Ética, portanto, vai examinar se há elementos suficientes para transformar essas acusações em sanções mais severas.
O primeiro passo prático será a escolha de um relator responsável por acompanhar o processo, elaborar pareceres e conduzir a fase de coleta de informações. A partir daí, o deputado terá espaço para apresentar sua defesa, podendo contestar os argumentos apresentados. Caso o Conselho entenda que há indícios de quebra de decoro, pode recomendar desde uma advertência até a cassação do mandato.
Apesar da gravidade da situação, parlamentares avaliam que a perda de mandato não é algo simples. Isso porque não existe até o momento uma decisão judicial que sustente de forma direta a cassação. Além disso, Eduardo Bolsonaro possui apoio significativo dentro da Câmara, o que torna mais difícil alcançar a quantidade de votos necessária no plenário para uma medida tão extrema.
Outro fator que alimenta a discussão é o fato de Eduardo estar fora do país. Ele se encontra nos Estados Unidos desde fevereiro de 2025 e não tem participado presencialmente das atividades legislativas. Essa ausência prolongada levanta questionamentos sobre seu compromisso com o mandato, mas, até agora, não foi suficiente para gerar a perda automática do cargo. Ainda assim, a situação deve ser considerada no processo político que se desenrola no Conselho.
O procedimento seguirá o rito tradicional: análise preliminar, elaboração de relatório, direito de defesa e, por fim, votação em plenário, caso o Conselho recomende a cassação. A Constituição prevê punições para deputados em casos de quebra de decoro, mas a decisão final cabe ao conjunto dos parlamentares.
As opiniões sobre o caso estão polarizadas. Defensores de Eduardo dizem que ele exerceu apenas seu direito de expressar opiniões políticas, alegando que suas falas foram mal interpretadas. Já opositores sustentam que as declarações configuram desrespeito institucional e colocam em xeque a imagem do Legislativo.
Mesmo que o processo avance, a tramitação pode se arrastar por meses, com direito a recursos e manobras regimentais. O desfecho é incerto, mas o caso já se transformou em mais um ponto de tensão no cenário político brasileiro, reforçando a divisão entre aliados e críticos da família Bolsonaro.