A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma nota negando a relação entre o uso de paracetamol na gravidez e o Transtorno do Espectro Autista. A relação foi feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no começo da semana (entenda abaixo). A agência brasileira, no entanto, disse que “não há registros de notificações de suspeitas de eventos adversos que relacionem” o autismo ao uso do medicamento.
“O paracetamol é um medicamento registrado no Brasil indicado para reduzir a febre e aliviar dores leves a moderadas, como dor de cabeça, dor no corpo, dor de dente, dor nas costas, cólicas menstruais e dores associadas a resfriados”, explicou a Anvisa.
Segundo a Agência, o “paracetamol é classificado como medicamento de baixo risco e integra a lista de produtos que não exigem receita médica”.
“Essa classificação é resultado de um histórico de uso seguro e amplamente estabelecido ao longo de muitos anos de acompanhamento”, informou.
A Anvisa reforçou que as normas brasileiras para registro de medicamentos seguem “critérios técnicos e científicos rigorosos, que asseguram qualidade, segurança e eficácia”.
“Essas regras também definem as competências das autoridades sanitárias e os requisitos para a atuação dos agentes econômicos envolvidos na produção e comercialização de produtos de interesse à saúde”.
“O monitoramento dos medicamentos disponíveis à população é contínuo. A Anvisa mantém cooperação com agências reguladoras internacionais, trocando informações para fortalecer a segurança dos medicamentos comercializados no Brasil”, assegurou.
Apesar disso, a Anvisa reforçou que o medicamento deve “ser utilizado com orientação de profissionais de saúde, como médicos ou farmacêuticos, para garantir sua eficácia e prevenir efeitos indesejados”.
Entenda O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (22) que o uso de paracetamol durante a gravidez poderia estar ligado ao aumento dos casos de autismo em crianças.
Segundo a imprensa americana, o governo deve recomendar que gestantes recorram ao medicamento apenas em situações de febre alta. A declaração, apresentada como uma grande revelação, acendeu o alerta em mães, médicos e pesquisadores ao redor do mundo.
O paracetamol, vendido em diversos países sob várias marcas, sendo o Tylenol a mais conhecida, está presente em quase todos os lares.
Considerado o analgésico mais seguro para gestantes e crianças, costuma ser preferido porque alternativas como aspirina e ibuprofeno trazem riscos maiores. Por isso, diretrizes médicas nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Brasil seguem recomendando seu uso, quando necessário, como a primeira escolha para aliviar dor ou febre na gravidez.
A polêmica, no entanto, não é nova. Há anos, pesquisadores investigam se a exposição ao paracetamol na gestação poderia estar associada a transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH e autismo. Alguns trabalhos identificaram pequenas associações, sobretudo quando o uso foi frequente e prolongado.
Em 2008, por exemplo, um estudo com pais de crianças diagnosticadas com autismo observou que o paracetamol era citado com mais frequência após a vacinação tríplice viral. Apesar da repercussão, os próprios autores destacaram que os dados eram preliminares e baseados em questionários online, o que limita bastante a força das conclusões.
Cinco anos depois, em 2013, outro estudo analisou padrões populacionais e encontrou coincidência entre o aumento do uso de paracetamol por gestantes e a prevalência de autismo em diferentes países.
Essa associação temporal levantou hipóteses, mas os cientistas lembraram que esse tipo de análise, chamada de ecológica, não permite afirmar causa e efeito. É como uma fotografia de grandes populações: útil para levantar pistas, mas insuficiente para comprovar uma relação direta.
Posicionamento da OMS A Organização Mundial da Saúde afirmou na terça-feira (23) que não há comprovação de que o uso de paracetamol ou de vacinas provoque autismo. A nota foi uma resposta às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O porta-voz da OMS reforçou que os estudos não encontraram relação entre o medicamento usado como analgésico e antitérmico, e o autismo. As evidências seriam, portanto, inconsistentes. Sobre as vacinas, ele também foi enfático: “Não causam autismo”.
O autismo é um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta a interação social, a comunicação e a capacidade de relacionamento.
Associações médicas brasileiras reforçam que não há estudos conclusivos sobre a relação entre o consumo de paracetamol por grávidas e o aumento do risco de autismo. No Brasil, 2,4 milhões de pessoas têm o diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) — o que representa 1,2% da população, segundo o Censo 2022.
Qual foi a posição da Anvisa sobre a relação entre paracetamol na gravidez e autismo?
A Anvisa publicou uma nota negando a relação entre o uso de paracetamol na gravidez e o Transtorno do Espectro Autista, afirmando que não há registros de notificações de eventos adversos que relacionem o autismo ao uso do medicamento.
O que a Anvisa disse sobre o paracetamol?
A Anvisa explicou que o paracetamol é um medicamento registrado no Brasil, indicado para reduzir a febre e aliviar dores leves a moderadas. É classificado como de baixo risco e não exige receita médica, devido ao seu histórico de uso seguro.
Como a Anvisa garante a segurança dos medicamentos?
A Anvisa afirmou que as normas brasileiras para registro de medicamentos seguem critérios técnicos e científicos rigorosos, assegurando qualidade, segurança e eficácia. O monitoramento dos medicamentos disponíveis à população é contínuo, com cooperação com agências reguladoras internacionais.
Qual é a recomendação da Anvisa para o uso de paracetamol?
A Anvisa recomenda que o paracetamol seja utilizado com orientação de profissionais de saúde, como médicos ou farmacêuticos, para garantir sua eficácia e prevenir efeitos indesejados.
O que disse Donald Trump sobre o uso de paracetamol durante a gravidez?
Donald Trump afirmou que o uso de paracetamol durante a gravidez poderia estar ligado ao aumento dos casos de autismo em crianças, o que gerou preocupação entre mães, médicos e pesquisadores.
Qual é a posição da Organização Mundial da Saúde sobre o assunto?
A Organização Mundial da Saúde declarou que não há comprovação de que o uso de paracetamol ou de vacinas provoque autismo, reforçando que os estudos não encontraram relação entre o medicamento e o autismo, considerando as evidências inconsistentes.
O que é o autismo e qual é a sua prevalência no Brasil?
O autismo é um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta a interação social, a comunicação e a capacidade de relacionamento. No Brasil, 2,4 milhões de pessoas têm o diagnóstico de transtorno do espectro autista, representando 1,2% da população, segundo o Censo 2022.
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Foto: Rodrigo Nunes/MS - arquivo