No dia 24 de junho de 1999, mais de 32 mil pessoas participaram de umas das noites mais inesquecíveis na história do Athletico: a inauguração da Arena da Baixada.

Neste sábado, os times voltam a se encontrar em uma partida festiva na Baixada, dessa vez, em comemoração aos 20 anos do evento. 

Em 1999, após dois anos de espera para as obras serem concluídas, os torcedores do Furacão puderam conhecer a nova casa atleticana no amistoso com o Cerro Porteño, do Paraguai. O Rubro-Negro venceu por 2 a 1. 

Coube a Lucas e Vanin marcarem os gols da partida. O primeiro do novo estádio foi do atacante, aos 13 minutos de jogo. No lance, Luisinho Netto cruzou da direita e o camisa 9 cabeceou para a rede, fazendo explodir o caldeirão.

– O Luisinho sempre bateu muito bem na bola. Eu e o Kleber fizemos muitos gols de cabeça com ele. Naquele dia, ele colocou a bola entre os zagueiros, quase na marca do pênalti. Eu fiz o movimento, de cabeça, mas a bola veio tão forte que eu nem precisei colocar muita força, só desviei. Como atacante, já existia a expectativa de fazer o gol. E fui coroado - contou o ex-jogador.

 Aposentado desde 2013, o ex-jogador diz que se sente honrado em escrever o seu nome na história do Athletico.

– A expectativa de ter a casa de volta era tão grande que, quem fizesse o primeiro gol, ia ser eternizado. E aconteceu comigo. É uma honra tremenda fazer parte da história do clube. Teve a primeira Arena e depois a reconstrução para a Copa, mas sei que vou sempre estar marcado. É uma honra ser lembrado e homenageado. Fico sempre muito feliz com esse reconhecimento.

Lucas chegou ao Athletico em 1998, junto com o zagueiro Gustavo e o volante Cocito, todos do Botafogo-SP. Em 2000, foi vendido ao Rennes, da França, e jogou no Japão durante 10 anos. Em 2011, ele teve a segunda passagem no Athletico. Ao todo, disputou 122 jogos e marcou 61 gols pelo Athletico, com as conquistas da Copa Paraná e do Paranaense de 1998, e da Seletiva da Libertadores de 99.

– Esse gol mudou a minha trajetória no Athletico. O ano de 99 foi muito mágico por esse gol e pela confiança dos torcedores em mim ter aumentado. O amor deles pela Arena é tão grande que o gol ficou marcado. É sempre gostoso ser lembrado em todos esses anos. Sempre que vou a Curitiba parece que eu ainda moro lá, que ainda estou jogando. É um carinho fora do comum. 

Depois do gol de Lucas, o brasileiro Gauchinho empatou para o Cerro Porteño no início do segundo tempo. Mas a noite era mesmo rubro-negra. No final do jogo, o lateral-esquerdo Vanin fez o gol da vitória atleticana, com um chute de longe. Um golaço! (relembre como foi a partida no vídeo abaixo).

Relembre como foi a inauguração da Arena da Baixada, em junho de 99, com Athletico e Cerro

– Dois dias antes do jogo fomos visitar a Arena e o pessoal começou a brincar tentando adivinhar quem ia fazer o primeiro gol. Inclusive, o Lucas foi um que falou que ia marcar, e acabou fazendo mesmo. Lembro que comentei com o Kleber, dizendo 'quem vai fazer sou eu', e ele respondeu 'Mas você nem sabe fazer gol', brincando. Mas tive a felicidade de marcar o gol da vitória - disse Vanin.

Aposentado desde 2013, Vanin relembra os bastidores da grande noite atleticana.

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– Lembro muito do nervosismo na hora do hino. Eu nunca tinha jogado diante de tanto público igual naquele dia. Deu aquele frio na barriga. A adrenalina se transformou em concentração e colocamos em campo tudo que havíamos treinado. Foi uma noite muito especial.

O ex-lateral virou treinador e hoje trabalha em um projeto com garotos de baixa renda e outro na Associação Atlética AABB de Floriano, cidade onde nasceu, no Piauí. Ele lembra com carinho a sua passagem por Curitiba. 

– Sou do Piauí e é muito difícil um jogador da região chegar a um time do patamar do Athletico, além ter a felicidade de fazer um lindo gol, ainda mais o da vitória. Agradeço ao Athletico por tudo, por ter dado apoio a um jogador vindo do Piauí, por eu ter sido tratado igual a todos.

Depois do Furacão, ele defendeu clubes como Fluminense, Figueirense, Rio Branco-SP, Santo André e se aposentou jogando pelo Cori-Sabbá, do Piauí. Vanin conta que ainda costuma conversar com Cocito e Kelly, que hoje trabalham no Athletico.

– Aquele elenco se tornou uma família. O Axel e o Kelly eram os conselheiros do time e tinham o dom da palavra de chamar o grupo e de um correr pelo outro. Se alguém não estivesse bem em um jogo, era aquele que a gente ia ajudar. Criamos uma união muito grande, dentro e fora de campo. Em outros clubes não tive isso. Vai ficar para a vida toda.

O ex-jogador arremata as lembranças declarando torcida ao Furacão por mais títulos.

– Vou passar para os meus netos que a minha passagem no Athletico foi um presente de Deus. Foi algo muito especial na minha vida. Acompanho os jogos, vendo a torcida maravilhosa, sempre estou torcendo, mesmo à distância. É um clube pelo qual tenho amor, carinho e admiração. Espero que o Athletico seja campeão brasileiro mais uma vez porque é muito grande - disse Vanin.

Athletico 2x1 Cerro Porteño

  • Data: 24/06/1999
  • Árbitro: Ivo Tadeu Scatola
  • Athletico: Flávio; Luisinho Netto (Alberto), Marcão (Douglas), Gustavo e Vanin; Clóvis, Renato (Kléber), Ricardo Miranda (Sidney) e Adriano; Lucas e Kelly (Kleberson). Técnico: Antonio Clemente
  • Cerro Porteño: Bombadilla; Recaldi (Escobar), Peralta, Denise e Aguillera; Bianco, Cohener, Roman (Sara) e Jorge Campos (Gómez); Gauchinho (Fernandez) e Cabañas (Dominguez). Técnico: Carlos Baez
  • Gols: Lucas, aos 13' do 1º; Gauchinho, aos 7' do 2º e Vanin, aos 47' do 2º T.

 

Globo Esporte