Um novo levantamento publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta última quinta-feira (15), aponta novamente uma diminuição no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) presente nas últimas seis semanas.
Atualmente, o Brasil está em patamar inferior ao que foi notado em abril de 2022, até então o porcentual mais baixo desde o início da pandemia de Covid-19 no país. Os dados foram colhidos do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe até o dia 12 de setembro.
A pesquisa mostra que o crescimento de casos de SRAG em crianças e adolescentes, tendo começado na virada de julho para agosto, sendo o período de volta às aulas, já mostra sinais de interrupção ou queda em diversos estados do país.
Segundo a Fiocruz, os casos apontados atualmente não possuem relação com a Covid-19, sugerindo impacto de outros vírus respiratórios comuns ao ambiente escolar, supostamente por causa da retomada das aulas após o período de férias. Apesar de ser um ponto positivo, o pesquisador Marcelo Gomes alerta que é necessário dar foco ao número de casos no final do ano. As viradas de 2020 para 2021 e de 2021 para 2022 resultaram em um aumento de contaminação por SRAG. Ele também afirma que mesmo após mais de dois anos de pandemia no Brasil, a Covid-19 ainda não apresenta um padrão claro de propagação.
“Não podemos confirmar com certeza absoluta se vamos ter um final de ano tranquilo dessa vez, porque ainda estamos aprendendo com a Covid. Ela ainda não mostrou um padrão claro de propagação. Por causa disso, é fundamental estarmos atentos, para podermos agir o mais cedo possível caso tenha novamente um aumento no número de casos”, pontuou o coordenador do Infogripe.
O pronunciamento informou ainda o amplo predomínio do vírus da Covid-19 no país, especialmente na população de idade adulta. Nas últimas quatro semanas, 63% dos casos de vírus respiratórios foram provocados pelo Sars-CoV-2 (Covid-19); 5,9% pela influenza A; 0,4% pela influenza B e 6,7% pelo vírus sincicial respiratório, além dos outros vírus como por exemplo Rinovírus, Parainfluenza 4, Adenovírus e Bocavírus.
O boletim Infogripe, divulgado semanalmente pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), indica redução no número de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) nas tendências de longo e curto prazo. Segundo o prognóstico, o Brasil pode alcançar um patamar inferior ao observado no mês de abril de 2022, até então o mais baixo desde o início da pandemia de Covid-19.
A SRAG é uma complicação associada muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. O paciente pode apresentar desconforto respiratório e queda no nível de saturação de oxigênio, entre outros sintomas. O número de ocorrências aumentou nos últimos anos em decorrência da disseminação da Covid-19.
Apesar do cenário positivo, os pesquisadores da Fiocruz observam que um final de ano tranquilo ainda é incerto, já que as viradas de 2020 para 2021 e de 2021 para 2022 foram marcadas por uma alta dos casos. Segundo o coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, a ciência ainda está aprendendo sobre a Covid-19 e a doença não mostrou até o momento um padrão claro de sazonalidade. Ele defende o monitoramento constante para a adoção das medidas necessárias caso se observe novamente um aumento relevante das ocorrências.
O novo boletim reúne dados da semana epidemiológica que vai do dia 4 ao dia 10 de setembro. Ele traz indicativos para as próximas três semanas (curto prazo) e para as próximas seis semanas (longo prazo). O levantamento leva em conta notificações registradas no Sivep-gripe, sistema de informação mantido pelo Ministério de Saúde e alimentado por estados e municípios.
Apenas quatro das 27 unidades da Federação - Amapá, Ceará, Espírito Santo e Roraima - apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Nas demais, observa-se cenário de queda ou estabilidade.
Em 2020, a disseminação da Covid-19 chegou a responder por 97% dos casos de SRAG com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Esse percentual atualmente é menor: em 2022, 79,3% das ocorrências estão associadas à doença. No entanto, no recorte daqueles casos que evoluíram a óbito ao longo desse ano, 93,2% ainda estão relacionados com a covid-19.
Considerando todo o ano de 2022, foram notificados 234.823 casos de SRAG. Desse total, 114.401 apresentaram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Crianças e adolescentes
A nova edição do Infogripe também traz apontamentos sobre o crescimento de casos de SRAG em crianças e adolescentes iniciado na virada de julho para agosto. Segundo os pesquisadores, dados laboratoriais sugerem que a situação não está associada com a covid-19 e sim com o efeito de outros vírus respiratórios comuns ao ambiente escolar, possivelmente por conta da retomada das aulas após o período de férias.
O boletim indica que a curva de crescimento já dá sinais de interrupção ou reversão para queda em diversos estados do país.
A população brasileira está cada vez mais velha. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), na comparação de 2021 com 2012, a participação da população idosa cresceu em todas as grandes regiões do Brasil.
Com isso, as discussões sobre as doenças mais comuns na velhice estão cada mais presentes no dia a dia das pessoas. O mal de Parkinson é uma dessas enfermidades que se manifesta em pessoas acima de 65 anos e estima-se que afeta 200 mil brasileiros e 8 milhões de pessoas no mundo. O neurologista Alex Baeta, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que o Parkinson é uma doença degenerativa, crônica e progressiva que atinge o sistema nervoso central.
Ela ocorre devido ao envelhecimento das células nervosas que produzem a dopamina, um neurotransmissor que ajuda na função motora e faz com que não seja necessário pensar em cada movimento que os músculos realizam.
"A falta da dopamina, principalmente na região do sistema nervoso chamada substância negra, leva à perda dos movimentos automáticos e voluntários. Essa região cerebral do tronco central é responsável por levar a dopamina até o centro do cérebro, fazendo toda a modulação e determinando o sistema motor do indivíduo", afirma Baeta. O sintoma mais comum do Parkinson são os tremores, mas o médico alerta que nem todos pacientes apresentam essa característica.
"A doença apresenta um conjunto de sinais e sintomas. O tremor é um deles, mas existem casos em que o tremor é muito reduzido ou inexistente, que chamamos de forma rígido-acinética, ou seja, o paciente tem rigidez e tem oligo cinesia, que é a diminuição dos movimentos automáticos. O conjunto de sinais é chamado de síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo", explica o neurocirurgião.
O diagnóstico é feito essencialmente pela avaliação clínica do paciente, às vezes, podem ser usados exames de imagens para confirmar a enfermidade. O neurologista é o médico mais indicado para diagnosticar, já que outras doenças ou alguns remédios podem causar o que é chamado de síndrome parkinsoniana, que não é Parkinson.
"Existe uma série de doenças diferentes, e causas diversas podem ter os mesmos sintomas. Mas, em 70% dos casos é doença de Parkinson. As vezes remédios simulam doenças de Parkinson, como, os para vertigem e tontura que muitos idosos usam. Eles podem apresentar o Parkinsionismo como efeito colateral", observa o médico.
Existem dois tipos da doença: a de origem genética, que passa de pai para filho, e a esporádica, que é causada pelo envelhecimento.
"O tipo esporádico é o mais comum. Todos envelhecemos e temos perdas progressivas de células nervosas, que produzem dopamina. Mas, algumas pessoas perdem essas células mais rápido, diminuindo ainda mais os níveis de dopamina. É como se fosse uma morte precoce com maior intensidade, já que todo o indivíduo apresenta essa perda progressiva. Normalmente, o envelhecimento começa a partir dos 40 anos e quanto mais idoso mais chances de desenvolver a doença de Parkinson", diz Baeta.
Por ser uma doença degenerativa e progressiva, ela não tem cura, existem tratamentos para diminuir os efeitos físicos da enfermidade.
"Têm muitos remédios indicados e, geralmente, os organismos respondem bem a eles. Os medicamentos repõem a dopamina que está faltando. Além da medicação, as pessoas precisam fazer atividades físicas e, em alguns casos, uma reabilitação cognitiva. O paciente é obrigado a fazer atividades física. Quem não faz tem uma evolução pior", ressalta o neurocirurgião.
Não há uma forma de prevenir a doença, já que está associada ao envelhecimento. Porém, o acompanhamento médico periódico na velhice é fundamental. "Quanto mais precoce o tratamento, melhor a evolução do doente", conclui Baeta.
Experimentos com animais e com células humanas feitos na USP (Universidade de São Paulo) sugerem que a niclosamida, um vermífugo já amplamente utilizado, teria ação antiviral e poderia inibir a resposta inflamatória exacerbada que muitas vezes leva à morte pacientes com a forma grave da Covid-19.
Novos estudos ainda são necessários para descobrir se os efeitos, descritos em artigo na Science Advances, se confirmam em humanos. E, segundo os autores, para isso será necessário desenvolver uma nova formulação da droga, pois a disponível atualmente nas farmácias – de administração oral – não teria efeito nos pulmões.
“O comprimido contendo niclosamida comercialmente disponível não é absorvido no estômago, por isso ele funciona para vermes intestinais. Mas não vai funcionar para Covid-19 se tomado por via oral. Para contornar esse problema, será necessário desenvolver uma nova formulação da droga, que chegue diretamente aos pulmões”, explica Dario Zamboni, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e integrante do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.
De acordo com Zamboni, os efeitos anti-inflamatórios da niclosamida observados no estudo se devem ao bloqueio de um mecanismo imunológico conhecido como inflamassoma – um complexo proteico presente no interior das células de defesa. Quando essa maquinaria celular é acionada, moléculas pró-inflamatórias conhecidas como citocinas passam a ser produzidas para avisar o sistema imune sobre a necessidade de enviar mais células de defesa ao local da infecção.
Em um trabalho anterior, o grupo da FMRP-USP havia mostrado que, em pacientes com a forma grave da Covid-19, o inflamassoma costuma estar mais ativado que o normal e permanece dessa forma mesmo quando o vírus já foi eliminado do organismo, causando a resposta inflamatória sistêmica e exagerada (tempestade de citocinas) lesiva para o pulmão e demais órgãos. O pesquisador ressalta, porém, que a niclosamida não deve ser usada como um tratamento profilático, ou seja, para supostamente prevenir a inflamação exacerbada. “Um pouco de inflamação é importante para combater infecções por microrganismos patogênicos. O problema é quando a resposta inflamatória é exagerada, como em alguns casos mais graves da Covid-19. Portanto, não estamos sugerindo o uso profilático da droga, pois pode não contribuir e até mesmo prejudicar a recuperação dos pacientes que não apresentam quadros graves de Covid-19.” Limpeza celular
Há muitos anos no mercado, a niclosamida tem sido indicada principalmente para tratar infecções por tênia. Recentemente, a droga tem despertado o interesse de pesquisadores por seu efeito antiviral.
No estudo publicado agora na Science Advances, o grupo da USP descreve que a niclosamida promove um processo de limpeza celular conhecido como autofagia. Quando a autofagia é induzida, a célula destrói organelas velhas, recicla componentes celulares e desativa o inflamassoma. Esse processo também inibe a replicação do SARS-CoV-2 dentro da célula.
A pesquisa começou com a triagem de 2.560 compostos, muitos deles já utilizados em humanos, na tentativa de identificar uma substância capaz de modular a ação do inflamassoma. Para isso, foram feitos testes in vitro nos quais células de defesa humanas foram infectadas com a bactéria Legionella, conhecida por ativar esse complexo proteico inflamatório.
Depois de selecionar as três drogas mais promissoras, os pesquisadores realizaram testes em camundongos infectados com SARS-CoV-2 e em glóbulos brancos presentes no sangue de pacientes com Covid-19. Nos experimentos, eles também verificaram a ação dessas drogas nos macrófagos e monócitos, células que atuam na linha de frente do sistema imune e onde, na Covid-19, a ativação do inflamassoma ocorre principalmente. A niclosamida foi a que apresentou o melhor resultado.
Para verificar a ação antiviral, os pesquisadores realizaram experimentos com monócitos infectados in vitro com o SARS-CoV-2.
“A atividade antiviral de niclosamida já era conhecida, por isso a droga já está na fase 1 de ensaios clínicos em pacientes com Covid-19. A nossa descoberta – de que a droga induz autofagia e inibe inflamassoma – pode fornecer informações essenciais para a compreensão do efeito imunomodulador desse fármaco altamente promissor”, avalia. Efeito em outras doenças
A descoberta de uma droga capaz de inibir o inflamassoma abre perspectivas de novas terapias para uma série de outras condições de base inflamatória. Isso porque, além da Covid-19, o inflamassoma também está envolvido em doenças autoimunes, neurodegenerativas, gripe, alguns tipos de câncer e de doenças infecciosas, incluindo zika, chikungunya e febre do Mayaro.
“Dessa forma, embora o estudo tenha sido feito para Covid-19, a niclosamida também funcionaria, em tese, para inibir o inflamassoma nessas outras doenças. Esses resultados abrem possibilidades para uma série de novas pesquisas”, afirma.