O Ministério da Saúde abriu uma enquete pública para elaborar o primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para tratamento de casos de obesidade e sobrepeso. O documento poderá receber contribuições de representantes da sociedade civil e profissionais de saúde até a próxima Terça-feira (11). Clique aqui para participar.
Segundo o Ministério, o objetivo é aprimorar e qualificar o atendimento e a conduta terapêutica de pacientes na atenção básica e especializada no Sistema Único de Saúde (SUS). A pasta alerta que a adoção do protocolo pode contribuir para prevenir e controlar a obesidade e o sobrepeso no país, além de garantir mais segurança e efetividade clínica e científica aos profissionais de saúde.
A obesidade é uma das doenças que mais tem crescido nos últimos anos em nível global. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os índices de obesidade e sobrepeso quase triplicaram desde 1975. Em todo o mundo, existem pelo menos 650 milhões de obesos. No Brasil, um em cada cinco pessoas estão obesas e mais da metade da população das capitais estão com excesso de peso, segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
O impacto sobre o SUS também tem crescido. Em 2012, a rede pública realizou pouco mais de mil cirurgias bariátricas e reparadoras de pacientes obesos. O número de intervenções subiu para 8,1 mil, em 2016, segundo o Ministério da Saúde.
Participação
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia convocou a participação de endocrinologistas na elaboração do protocolo. A Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) também se manifestou favorável à contribuição dos nutrólogos para elaborar o protocolo, devido à preocupação com a gravidade e o aumento da doença na população.
“A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, que vai desde meio ambiente até condição de alimentação, meios de saúde e até genética. Por ser considerada uma doença crônica, infelizmente, se você para de tratar, ela volta. Ela é responsável por mais de 30 patologias, desde a hipertensão, diabetes, colesterol elevado, infarto, acidente vascular cerebral e até câncer”, alertou Dimitri Homar, representante da regional da Abran, em Brasília.
Uma das demandas que o especialista coloca é a volta de medicamentos de baixo custo que auxiliavam no tratamento da obesidade e foram retirados do mercado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Ministério da Saúde explicou que a enquete garante a participação popular desde a primeira etapa do processo de elaboração do protocolo, que ainda deve passar por consulta pública para deliberação final.
Os queijos minas frescal podem não ser tão saudáveis como dizem ser. Das 10 marcas de queijo avaliadas por uma pesquisa da Proteste, 9 continham mais gordura do que informavam na embalagem. Além disso, todas continham mais gordura do que o permitido para a categoria.
A Proteste Associação de Consumidores realizou testes para verificar os níveis de sódio e gordura de cada marca e se estavam de acordo com as informações na embalagem. Como esses queijos são mais procurados por consumidores que desejam ter uma vida mais saudável, sódio e gordura foram considerados parâmetros importantes para avaliação.
A empresa analisou as seguintes marcas: Tirolez, Ipanema, Quatá, Fazenda, Puríssimo (uma das amostras com 40% menos sódio), Sol Brilhante (com 35% menos sódio), Balkis (sem sal) e Keijobon (tanto a versão normal quanto a sem sal).
As amostras foram coletadas em redes de supermercado do estado de São Paulo. Segundo a legislação brasileira, a diferença entre as informações contidas no rótulo e o que de fato está no produto não pode ser maior que 20%. Gordura
Quase todas as amostras do teste apresentaram ter mais gordura total do que a indicada na embalagem, com exceção do Keijobon, versão normal.
Já o Keijobon sem sal foi o que apresentou a maior diferença entre os testes e o que foi apresentado na embalagem. Uma fatia de 30g deste produto deveria tem 3 g de gordura. Porém, de acordo com os resultados do teste, eram 7,4g de gordura.
As marcas Puríssimo e Sol Brilhante também apresentaram altas divergências entre a embalagem e o teste em quantidade de gordura: 56% e 53% respectivamente.
Não só os produtos tinham mais gordura do que o que a embalagem indicava – eles também eram mais gordurosos do que o permitido para esta categoria de queijo, minas frescal.
Para testar o parâmetro, o laboratório contratado pela Proteste retirou toda a água e umidade dos alimentos e analisou a quantidade de gordura do restante, chamado de extrato seco. Todos os alimentos tinham mais gordura do que o permitido. Sódio
A marca Puríssimo light indicou ter 47% a mais de sódio do que o prometido na embalagem, de acordo com pesquisa da Proteste.
Por outro lado, as marcas Quatá e Keijobon informam na rotulagem ter mais sódio do que realmente têm. A variação entre o descrito no rótulo e o medido em laboratório foi de 29% e 31%, respectivamente.
Os demais apresentaram conformidade entre a quantidade de sódio declarada no rótulo e a encontrada nas análises. Outros parâmetros
A Proteste também avaliou as amostras em outros parâmetros. Um deles foi o de higiene, se havia presença de microorganismos nocivos à saúde humana.
Outro, avaliava se o teor de umidade estava dentro dos parâmetros para serem considerados queijos minas frescal. Por fim, se os alimentos continham amido – para ser considerado um queijo desta categoria, não pode haver adição de amido.
Todas as amostras estavam dentro destes três critérios. Resposta
A Fazenda afirmou que o único item considerado fora do padrão foi o conteúdo de matéria gorda. “Entretanto, não tivemos acesso aos resultados da pesquisa conduzida pela Proteste, para melhor avalição. Constantemente realizamos análises em laboratórios oficiais, além de análises de todos os lotes pelo controle de qualidade interno da empresa. Os resultados obtidos nesses testes se encontram dentro dos padrões normais”, disse a empresa em nota.
A Ipanema disse que, em relação ao seu Queijo Minas Frescal Ipanema fabricado em 24/2/2017 LOTE nº 17022301, os testes internos mostraram que o produto está em conformidade com as informações descritas no rótulo.
“Registros do nosso Controle de Qualidade indicam que o referido lote apresentou conformidade aos padrões intrínsecos do produto, nos testes realizados durante a fabricação. Por ser um produto de alta umidade, é possível que condições adversas de transporte, refrigeração e acondicionamento tenham contribuído para um dessoramento excessivo e a consequente concentração de sódio e gordura na amostra colhida, apesar de aplicarmos nossos melhores esforços para que o produto mantenha suas características e propriedades originais até o momento do consumo”, disse a empresa em nota.
A Laticínios Remar Ltda, que fabrica o queijo Puríssimo, afirmou que “realiza periodicamente as análises físico-quimicas em laboratórios externos credenciados pelo MAPA e também controles internos para garantir o cumprimento e manutenção da qualidade de seus produtos. Segundo estas análises realizadas em cumprimento com a legislação vigente o teor de Umidade e de Gordura no Extrato Seco, para ambas apresentações Tradicional e Light, estão em conformidade com os limites estabelecidos pelo MAPA. Estas mesmas análises demonstram uma redução no teor de sódio na apresentação Light acima de 40% em relação ao produto Tradicional.”
A empresa ainda diz que o transporte e condicionamento podem ter causado as mudanças: “tendo o Minas Frescal como uma de suas características a alta umidade, o potencial dessoramento do mesmo, devido a determinadas condições adversas de acondicionamento, pode acarretar em significativas alterações de concentração de sódio e gordura, provavelmente acusando os desvios demonstrados na reportagem da Proteste”.
A Balkis também afirmou que, segundo seus testes internos, os produtos estão dentro do padrão. Ela ainda acrescenta que “o queijo minas frescal, durante sua vida de prateleira/exposição à venda (se exposto a temperaturas de estocagem acima do recomendado), pode liberar soro (umidade), alterando o padrão/composição percentual de gordura na peça”.
Imagine as duas faces de uma moeda. É como funcionam a insulina e a amilina no organismo. Ambas são produzidas pelas células beta no pâncreas e trabalham numa espécie de parceria no que diz respeito ao metabolismo dos carboidratos. A insulina permite que o açúcar que está presente no sangue penetre nas células para ser utilizado como fonte de energia. Se esse hormônio falta ou não funciona corretamente, haverá aumento de glicose no sangue, que é o diabetes. A amilina, por sua vez, é o “hormônio parceiro” que envia sinais de saciedade ao cérebro, para que ninguém coma sem parar, assim como retarda o esvaziamento gástrico do estômago, para evitar a ingestão excessiva de calorias – do contrário, não haveria insulina que desse conta de tanto açúcar!
No entanto, apesar dessa complementaridade, o tratamento para o controle do diabetes se vale apenas da reposição de insulina, deixando de lado a reposição da amilina. E por quê? Quem explica é o médico e pesquisador Paulo Lacativa, mestre e doutor em endocrinologia pela UFRJ. “A grande dificuldade sempre foi desenvolver um medicamento à base de amilina humana, que é bastante insolúvel. Em poucos segundos, ela começa a se aglomerar e vira algo parecido com uma bolota. Por isso, já houve uma tentativa de pôr um produto análogo no mercado, conhecido como pramlintide, nos EUA e na Europa. Entretanto, seu uso não era o que se poderia chamar de amigável para o paciente. A amilina tinha que ser administrada separadamente da insulina, o que significava até sete picadas por dia. Sem contar que usar as drogas de forma independente resultava num desbalanceamento difícil de equilibrar”, diz.
Ele afirma que o grande desafio é o que os médicos chamam de repor a fisiologia do paciente: “é o equivalente a restaurar um estado de saúde. Um exemplo simples é o indivíduo com hipotireoidismo, que deixa de produzir o hormônio necessário. No entanto, basta que seja feita a reposição com a dose correta para ele se comportar como alguém saudável. O mesmo não acontece com o paciente diabético, porque ele se desestabiliza facilmente. O simples uso de insulina não permite que se comporte como as pessoas sem a doença, e sua reposição intensiva causa aumento do peso e risco de hipoglicemia. Portanto, tratar os pacientes com insulina e amilina seria o caminho para uma maior estabilidade fisiológica”.
A ótima notícia é que essa situação está em vias de mudar, graças ao trabalho da equipe do pesquisador. Os estudos começaram no laboratório da UFRJ, sob o comando do professor Luís Maurício Lima, e se tornaram tão promissores que foi criada uma startup que conta com o financiamento de um fundo de investimentos para ciência de ponta, do qual participam BNDES e Finep, entre outros. “Foram duas grandes descobertas”, afirma o doutor Lacativa. “A primeira é poder usar a amilina humana. A segunda é conseguir colocar a amilina e a insulina juntas, de forma que a aplicação seja única. Existem vários tipos de insulina sintética, que imitam a ação do hormônio natural do corpo, e não haverá incompatibilidade com nenhuma delas”, completa.
O futuro medicamento foi batizado como BZ043 e será mais uma boa nova na XXXIII Reunião Anual da FeSBE (Federação de Sociedades de Biologia Experimental), que se encerra hoje em Campos de Jordão. A próxima fase será a de realização de estudos com função regulatória. Segundo o doutor Lacativa, os testes com humanos serão feitos em cerca de seis meses e a expectativa é de a medicação estar disponível no mercado em três ou quatro anos. De acordo com o portal da Fiocruz, os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 16 milhões de brasileiros sofrem de diabetes, e a taxa de incidência da doença cresceu 61,8% nos últimos dez anos. O Rio de Janeiro aparece como a capital brasileira com maior prevalência de diagnóstico médico da doença, com 10.4 casos a cada 100 mil habitantes. O diabetes é uma epidemia global e o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking dos países com o maior número de casos, atrás de China, Índia e Estados Unidos.
Pesquisa mundial inédita, divulgada nesta quinta-feira (6) no 25º Congresso Brasileiro de Reumatologia, no Rio de Janeiro, evidencia os impactos causados na vida pessoal de pacientes com artrite reumatoide (AR).
A sondagem online foi feita com mais de 9.800 pessoas e dividida em duas etapas, captando respostas de pacientes maiores de 18 anos e de profissionais da saúde sobre questões do impacto da AR nas áreas de trabalho, relacionamentos, atividades e aspirações.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a artrite reumatoide acomete adultos, atingindo uma em cada 100 pessoas.
A primeira fase da pesquisa, feita em 2017, ocorreu em países da Europa e no Canadá, obtendo mais de seis mil respostas.
A segunda etapa abrangeu, entre janeiro e junho de 2018, sete países: Brasil, Colômbia, Argentina, México, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Taiwan. No Brasil, participaram 1.916 pacientes e 385 profissionais de saúde. O congresso se estenderá até o próximo sábado (8).
Em entrevista à Agência Brasil, a médica reumatologista Rina Dalva Neubarth Giorgi, membro da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia, revelou que a maioria dos entrevistados no Brasil foi do sexo feminino “porque a AR é uma doença mais predominante na mulher. Em torno de três mulheres para cada um homem são atingidas pela doença”. A maior parte das mulheres que participaram da pesquisa tinha entre 5 e 15 anos da doença. “Ou seja, já com a doença impactando de alguma maneira o seu dia a dia”, disse.
Novos tratamentos
Também diretora do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo, Rina Dalva destacou que, a partir dos anos 2000, teve início uma fase em que surgiram tratamentos novos e muito efetivos contra a artrite reumatoide.
Com essas novas terapêuticas, os problemas dos pacientes apresentaram melhora significativa.
Anteriormente a isso, 30% das pessoas com AR viram a doença evoluir a ponto de ficarem em cadeira de rodas.
A reumatologista salientou que, apesar disso, mais de 50% dos pacientes que responderam à pesquisa relataram que ainda sentiam dor, rigidez matinal quando acordavam, com as articulações endurecidas, com dificuldade de movimento e fadiga.
“Apesar de tudo que a gente está tratando e melhorando, você ainda sente que esses doentes têm necessidades não atendidas”, frisou.
Cerca de 36% dessas pessoas de alguma maneira tiveram de parar de trabalhar ou a AR prejudicou de algum modo a progressão da carreira delas.
Rina Dalva ressaltou que, apesar dos tratamentos que modificaram em muito a evolução da doença, os pacientes ainda têm diversas dificuldades.
Em relação à vida pessoal e social, por exemplo, a pesquisa revela que mais de 50% tiveram algum impacto nas relações interpessoais, sejam com familiares, com o cônjuge, com filhos ou amigos.
“Quase 60% dos pacientes relataram a doença levando a um impacto tanto na sua atividade física, como na sua atividade emocional, no modo de encarar a vida com frustrações, depressão, alterações de humor”, disse.
Exercícios
Os médicos também eram questionados sobre os mesmos segmentos e as respostas foram mais ou menos semelhantes, revelou a médica. Os profissionais de saúde perceberam deficiências no tratamento desses pacientes que ainda não foram atendidas.
De acordo com a pesquisa, 64% dos pacientes com AR comentaram os impactos da doença em suas relações íntimas, na sua vida sexual.
Em relação à atividade física, mais de 30% disseram não ter vontade de fazer exercícios físicos, por conta das dores que sentem. E 56% dos consultados sentem-se frustrados ou insatisfeitos quando não conseguem realizar ou completar atividades por causa da doença.
Rina Dalva informou que, uma vez a doença instalada e após o médico tirar o processo inflamatório, a indicação é que o paciente faça exercícios aeróbicos e de condicionamento físico para melhorar a questão cardiovascular, que é muito afetada.
Em termos de aspirações, a pesquisa revelou acomodação em relação à doença para grande parte dos entrevistados: 64% responderam que a AR dificulta sua vida, mas eles aceitam a doença.
“A grande maioria dos pacientes adere aos tratamentos, faz tudo direitinho, compartilha as necessidades conosco, profissionais de saúde, mas você sente que o indivíduo não se considera mais o mesmo, a partir do diagnóstico da doença. Eles se sentem impedidos em alguma situação, dentro desses domínios que foram vistos na pesquisa”, afirmou a médica.
Sem força nas mãos
A sondagem mostra que o que mais impacta os pacientes com AR, tanto nas atividades diárias de trabalho como nas atividades domésticas, é justamente utilizar as mãos.
“Porque por mais que melhore o processo inflamatório do acometimento, você sempre fica com uma certa diminuição da força de pressão na sua mão. Mais da metade reclama e foca nas mãos essa sensação de que não tem nunca uma vida normal”, explica a médica. Nove por cento dos entrevistados disseram que gostariam de sentir que podem viver da mesma maneira que as pessoas sem artrite reumatoide.
Nas relações interpessoais no trabalho, apesar de a maioria dos colegas demonstrar apoio ao amigo na doença, muitos se afastam.
“Apesar de muitas pessoas compreenderem a doença daquele amigo, a gente vê eles não entendendo muito”.
Ou seja, mesmo com os tratamentos modernos disponíveis, que deixam o paciente sem que a doença progrida ou tenha sinais de deformidade nas articulações, muitos colegas não entendem que um professor, por exemplo, sente cansaço nos braços e fadiga ou dificuldade de subir e descer escadas.
“As pessoas do trabalho até sabem que ele tem AR, mas não compreendem ao certo o que se passa com aquela pessoa em relação à sua doença”, explicou.
Isso significa que, embora a ciência tenha melhorado o processo inflamatório e diminuído a possibilidade de deixar o paciente com AR incapaz, apesar de dar a sensação de que não tem nada, ele às vezes sofre diminuição da força de pressão, tem dificuldade de carregar coisas, que tornam difícil explicar para o outro que “não está fazendo corpo mole, que não está querendo trabalhar”, destacou Rina Dalva.
A perspectiva é que a pesquisa ajude no diálogo entre médicos e pacientes, tornando prioritárias no tratamento as questões de maior importância para os doentes com AR, sem se ater somente aos problemas.