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Diante do avanço da variante Delta do coronavírus, identificada originalmente na Índia, alguns locais no Reino Unido decidiram recentemente reduzir de 12 para 8 semanas — ou até menos — o intervalo entre as doses dos imunizantes contra covid-19 da AstraZeneca e da Pfizer/BioNTech.

A estratégia de 12 semanas adotada inicialmente pelo governo britânico — e de países como Canadá, França e Alemanha — também é seguida pelo Ministério da Saúde brasileiro.

Em junho, o NHS (Serviço Nacional de Saúde) da Irlanda do Norte determinou a redução do intervalo entre as doses da Pfizer e AstraZeneca para oito semanas, alegando que a alteração aceleraria o programa de vacinação e garantiria "que as pessoas em toda a Irlanda do Norte tenham a proteção mais forte possível contra variantes do vírus".

O diretor médico do órgão, Micheal McBride argumentou que seguiu "conselhos atualizados de especialistas independentes do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização britânico "que consideraram as evidências mais recentes disponíveis sobre a variante Delta (B1.617.2)".

Em Londres, chegou a haver uma campanha chamada Grab a Jab (tome uma agulhada) para acelerar a conclusão do esquema vacinal.

Qualquer pessoa que tivesse recebido a primeira dose pelo menos 21 dias antes poderia tomar a segunda. A medida, no entanto, foi criticada pelo Serviço Nacional de Saúde do país.

Agora que começam a se confirmar mais casos da variante Delta, o Brasil deveria considerar seguir os passos do Reino Unido e encurtar o espaço para a segunda dose em indivíduos já vacinados com a primeira?

Na avaliação primeiro-secretário da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunologia), Renato Kfouri, ainda não é o momento.

"O Reino Unido pode fazer isso agora porque lá eles já têm um grande número de pessoas com a primeira dose", explica.

Segundo o governo britânico, 70% da população tomou ao menos a primeira injeção.

No caso da AstraZeneca, há indicação em bula para um intervalo entre 4 e 12 semanas para a aplicação da segunda dose.

Os estudos clínicos da vacina apontaram uma proteção mais elevada com um espaço de tempo de três meses.

Na vacina da Pfizer/BioNTech, todavia, a bula orienta a administração da segunda dose, "de preferência", após 21 dias.

A EMA (Agência Europeia de Medicamentos) sustenta que o intervalo entre as duas injeções não deve exceder 6 semanas.

Os fabricantes argumentam que "a segurança e a eficácia da vacina não foram avaliadas em esquemas de dosagem diferentes".

Mesmo sem consenso, especialistas sustentam que esse uso com intervalo maior da vacina da Pfizer pode ter vantagens, não do ponto de vista individual, mas coletivo.

Embora recomende a administração da segunda dose entre 21 e 28 dias, a OMS (Organização Mundial da Saúde) admite um "alto impacto na saúde pública" quando adotados intervalos maiores.

cepavarianteSegundo a entidade, em países com alta transmissão da covid-19 e baixo suprimento de vacinas, é possível considerar o adiamento da segunda dose da Pfizer em até 12 semanas para alcançar uma cobertura maior.

"Sabemos que vacinar apenas metade de uma população vulnerável levará a um aumento notável nos casos de covid-19, com tudo o que isso acarreta, incluindo mortes. Quando os recursos de doses e pessoas para vacinar são limitados, vacinar mais pessoas com potencialmente menos eficácia é comprovadamente melhor do que uma eficácia completa em apenas metade", afirmou o professor de farmacoepidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres Stephen Evans ao periódico científico BMJ.

Kfouri acrescenta que todas eventuais mudanças no esquema de vacinação estão sendo avaliadas por especialistas e pelo próprio Ministério da Saúde.

Ele admite, inclusive, a possibilidade de encurtar o espaço entre as doses se em setembro houver um grande percentual de indivíduos com a primeira dose.

O mês foi estabelecido pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que todos os brasileiros acima de 18 anos tenham tomado ao menos uma vacina contra a covid-19.

Até terça-feira (6), 17,7% da população acima de 18 anos havia completado o esquema vacinal. Outros 50% tomaram a primeira dose.

No atual cenário, 52 milhões de brasileiros ainda precisam tomar a segunda dose. Outros 51 milhões de indivíduos não tomaram uma dose sequer.

O R7 questionou o Ministério da Saúde se há planejamento de alterar o intervalo entre doses das vacinas e respondeu apenas o seguinte:

"O Ministério da Saúde esclarece que o intervalo entre doses para a vacina covid-19 AstraZeneca/Oxford/Fiocruz permanece, no momento, a mesma disposta em bula e orientada pelo fabricante, de 12 semanas. Esse é o mesmo período que a pasta orienta para vacina da Pfizer/BioNTech. Já para a vacina do Butantan, o intervalo entre as doses permanece em até quatro semanas. A vacina da Janssen é a única aplicada em dose única."

R7

Foto: Morris MacMatzen/Getty Images

vacinanasalPesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, deu início aos testes clínicos em humanos de uma versão em spray nasal da vacina contra covid-19 que já está em uso no mundo e é comercializada pela AstraZeneca.

A plataforma é a mesma da versão intramuscular: vetor de adenovírus de chimpanzé inativado com parte do material genético do coronavírus SARS-CoV-2. O estudo irá acompanhar a segurança e tolerabilidade da vacina intranasal em até 54 adultos saudáveis no Reino Unido por seis meses.

"Alguns imunologistas acreditam que a aplicação da vacina no local da infecção pode aumentar a proteção, especialmente contra a transmissão e doenças leves. Esperamos que este pequeno estudo focado na segurança estabeleça a base para futuros estudos maiores que são necessários para testar se administrar a vacina desta forma protege contra a infecção por coronavírus", afirmou o principal pesquisador do estudo, Sandy Douglas, em comunicado.

Em alguns países da América do Norte e Europa, as vacinas por spray nasal contra a gripe são amplamente difundidas, especialmente para uso no público infantil.O The Jenner Institute, ligado à Universidade de Oxford, que conduz a pesquisa, informa que os participantes receberão entre 325 libras e 445 libras (R$ 2.333 e R$ 3.195), de acordo com o número de doses que receberem uma ou duas, respectivamente.

"Esta é uma abordagem nova e empolgante para administrar uma vacina contra covid-19 líder que pode ser muito eficaz na prevenção não apenas de episódios de doenças, mas também de infecções assintomáticas e, assim, ajudar a reduzir a transmissão na população", ressaltou o professor Adrian Hill, diretor do The Jenner Institute e também investigador principal do estudo.

Até o momento, não há previsão de quando a vacina poderá estar disponível para a população. Os estudos desta fase inicial estão previstos para serem concluídos em fevereiro de 2022.

Outras duas fases de testes são exigidas antes de os desenvolvedores pleitearem o registro junto a órgãos reguladores.

R7

Foto: REPRODUÇÃO/BMJ

replicaEstudo desenvolvido por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) mostra que o novo coronavírus, causador da covid-19, infecta e se replica em células das glândulas salivares. Os resultados da pesquisa foram publicados no Journal of Pathology. As informações são da Fapesp (Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O estudo constatou, por meio de análises de amostras de glândulas salivares, obtidas na autópsia de pacientes que morreram em decorrência de complicações da covid-19, que os tecidos especializados na produção e secreção de saliva funcionam como “reservatórios” do novo coronavírus.

“É o primeiro relato de vírus respiratório capaz de infectar e se replicar nas glândulas salivares. Até então, acreditava-se que apenas vírus causadores de doenças com prevalência muito alta, como o da herpes, usavam as glândulas salivares como reservatório. Isso pode ajudar a explicar por que o SARS-CoV-2 é tão infeccioso”, disse à Agência Fapesp o primeiro autor do estudo, Bruno Fernandes Matuck, doutorando na Faculdade de Odontologia da USP.

As biópsias foram guiadas por ultrassom em 24 pacientes que morreram em decorrência da covid-19, com idade média de 53 anos, para extração de amostras de tecidos das glândulas parótida, submandibular e menores. O material então foi submetido a análises moleculares para identificação da presença do vírus. De acordo com a pesquisa, os resultados indicaram a presença do vírus em mais de dois terços das amostras.

“Observamos vários vírus aglomerados nas células das glândulas salivares, um indicativo de que estão se replicando em seu interior. Não estavam presentes nessas células passivamente”, disse Matuck. A partir dos resultados do estudo, os pesquisadores pretendem avaliar, agora, se a boca pode ser uma porta de entrada direta do novo coronavírus nos humanos.

Agência Brasil

Foto: DIVULGAÇÃO/DÉBORA BARRETO/FIOCRUZ

varianteA variante Delta, predominante em Portugal, já está presente em 98 países, anunciou hoje (2) a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando que o mundo está diante de um "período muito perigoso da pandemia" de covid-19.

"A Delta foi detectada pelo menos em 98 países, propagando-se rapidamente em países com baixa e com alta cobertura de vacinas", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em entrevista coletiva virtual partir de Genebra.

Segundo ele, o mundo enfrenta atualmente um "período muito perigoso da pandemia", com "cenas terríveis de hospitais superlotados" em países com baixa cobertura de vacinação e com a variante Delta, detectada inicialmente na Índia, a "continuar a mutação", o que requer uma avaliação constante com ajustes na resposta de saúde pública.

O representante da OMS adiantou que pediu aos líderes mundiais para trabalharem em conjunto, no sentido de garantir que, em julho de 2022, 70% da população mundial estejam vacinados contra o SARS-CoV-2.

"Essa é melhor maneira de controlar a pandemia, de salvar vidas e de levar à recuperação econômica global, evitando que as variantes conseguiam se disseminar", defendeu Tedros Adhanom, reiterando o objetivo de, em setembro deste ano, ter 10% da população do mundo já vacinada, o que permite proteger os trabalhadores da saúde e os grupos mais vulneráveis.

Para incrementar a vacinação global, o líder da OMS adiantou que estão sendo criadas novas instalações de produção em várias partes do mundo, mas que esse objetivo pode ser acelerado com a partilha de conhecimento e de tecnologia por parte das empresas farmacêuticas.

Nesse sentido, Tedros Adhanom disse que desafiou a BioNTech, a Pfizer e a Moderna a partilharem o conhecimento para "poder acelerar o desenvolvimento de novas produções" de vacinas.

Na mesma entrevista, a epidemiologista Maria Van Kerkhove, responsável técnica da resposta da OMS à covid-19, considerou que a organização "não tem uma bola de cristal para fazer previsões" sobre quanto tempo ainda demorará a pandemia. Lembrou que, neste momento, existem quatro variantes de preocupação - Alpha, Beta, Gama e Delta -, que também estão em circulação em Portugal.

"A trajetória das variantes em cada país depende dos planos que estão sendo implementados", afirmou a especialista, ao destacar a necessidade de manter a vigilância, a testagem, o isolamento dos casos, a quarentena dos contatos e uma boa taxa de vacinação, assim como as medidas de proteção individual.

"Todos esses fatores são parte da equação sobre quando essa pandemia vai acabar".

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.957.862 mortes em todo o mundo, resultantes de mais de 182,5 milhões de casos de infecção, segundo balanço recente da agência AFP. 

Em Portugal, morreram 17.108 pessoas e foram confirmados 884.442 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. 

A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detectado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

RTP-Genebra

Foto: divulgação Handout