- Detalhes
- Esporte
Quando o torcedor vê Abel Braga, enxerga o Inter das glórias. Quando observa Heitor, tem motivos para se sentir representado dentro de campo. Formado na base do clube, o lateral-direito é torcedor colorado desde a infância e terá a missão de substituir Rodinei, suspenso, contra o Corinthians nesta quinta-feira, em jogo que pode valer o título do Brasileirão.
O lateral foi de terceiro reserva a titular por um breve período na atual temporada com Eduardo Coudet no comando. Mas não sustentou a posição e voltou a sentar no banco de reservas. Quis o destino que ganhasse uma nova chance talvez no jogo mais importante para o Inter no Campeonato Brasileiro nos últimos 41 anos.
Será a portunidade de recuperar espaço no elenco e também apagar um trauma recente. O lateral foi protagonista de uma das cenas que marcou a derrota para o Athletico na final da Copa do Brasil de 2019, ao chorar copiosamente no banco de reservas, tamanha sua identificação com o clube.
É o ápice como torcedor estar dentro de campo para defender esse time. Claro que almejo mais coisas na minha carreira. Mas defender o Inter para mim é um sonho realizado, e eu não tenho palavras para explicar"
— Heitor, em entrevista recente ao ge
O garoto de 20 anos chegou ao clube em 2017, após se destacar pelo Progresso, equipe de Pelotas. O clube tem uma parceria com o Inter que já rendeu nomes como Daniel Carvalho, Taison e o atual capitão Rodrigo Dourado.
Contra o Flamengo, a opção de Abel foi usar Rodinei mesmo mediante o obrigação de pagamento de multa de R$ 1 milhão ao rival. Heitor já entrou durante a partida com a expulsão do titular e agora vê cair no colo nova oportunidade.
Nascido em 2000, Heitor, estava nas arquibancadas quando gritava e empurrava Abelão e D’Alessandro. O histórico meia já deixou o Beira-Rio para rumar ao Nacional, do Uruguai, mas Abel segue no clube. Agora, Heitor pode ajudar o treinador a conquistar o título que ainda falta e ele no Inter.
— É um cara que tenho como ídolo. Eu vi ganhar o Mundial com o Inter. Procuro aprender o máximo possível para melhorar o meu trabalho no dia a dia — apontou Heitor.
A conquista, caso ocorra, acabará com um hiato de quase 10 anos sem taças de representatividade —a última foi em 2011, a Recopa Sul-Americana — ou cinco, desde o Gauchão em 2016. E o primeiro Brasileirão desde a taça erguida por Paulo Roberto Falcão em 1979.
Uma emoção e tanto ao representante do povo que estará de olhos ligados na televisão nesta quinta. Até porque Heitor já sentiu no banco de reservas a decepção. Em 2019, viu o Inter ser derrotado por 2 a 1 para o Athletico-PR, na final a Copa do Brasil, em pleno Beira-Rio. O baque o fez cair no choro.
À época, o lateral era reserva de Bruno. Na atual temporada, disputou posição com Saravia e Rodinei. Chegou inclusive a levar puxão de orelha no retorno às atividades e precisou de recondicionamento. Após a parada do futebol em razão da pandemia, se reapresentou com cinco quilos acima do peso.
– Eu relaxei logo que começou a pandemia. A gente ficou um mês em casa, e foi aí que eu me deixei levar. A gente fica meio abalado por não estar jogando. Voltei com peso acima e foi quando eles me chamaram para conversar e falaram que eu tinha que mudar e que era bom para mim e para minha carreira. Foi quando eu virei a chave – revelou o jovem.
Heitor no Brasileirão
11 jogos
9 como titular
4 vitórias
5 empates
2 derrotas
800 minutos
4 assistências
30 desarmes
15 faltas sofridas
12 faltas cometidas
77 passes errados
3 cartões amarelos
1 cartão vermelho
O foco aparece também na participação ofensiva. Apesar de reserva, já contribuiu com quatro assistências em 11 partidas pelo Brasileirão. O número é o mesmo de Patrick e só fica atrás de Moisés, Edenilson e Thiago Galhardo, que têm cinco.
Se brilha no ataque, Heitor ainda trabalha para aprimorar a marcação. Na derrota por 2 a 1 para o Flamengo, acabou driblado por Arrascaeta antes de o uruguaio encontrar Gabigol na área para deslocar Marcelo Lomba no segundo gol do time carioca.
E engana-se quem pensa que as tarefas do lateral se restringem ao campo. Heitor ainda atua como "empresário" nas horas vagas. Parceiro de Taison, admite que pressiona o atacante do Shakhtar Donestk, que negocia o retorno ao Inter no meio do ano, para acertar de uma vez.
— A gente conversa bastante. Já falei para ele que tem que vir. Vou encher mais o saco dele para ele voltar. Pode ter certeza — sorriu.
Com Heitor, o Inter recebe o Corinthians no Beira-Rio, enquanto o Flamengo vai a São Paulo enfrentar o São Paulo no Morumbi. Com 69 pontos, dois a menos que os cariocas, o Colorado precisam supera o Timão e torcer por um tropeço dos comandados de Rogério Ceni para ficar com o título.