• IMG_2987.png
  • prefeutura-de-barao.jpg
  • roma.png
  • vamol.jpg

A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, pode atingir todas as esferas de trabalhadores e não deve ser tratada de forma individualizada. É o que mostra pesquisa sobre a presença do burnout no mundo corporativo e especialistas ouvidos pela Agência Brasil.

bounot

Um levantamento feito com 600 pessoas pela Way Minder, plataforma online de saúde mental e bem-estar emocional, atribuiu pontos para diversos ramos de atuação profissional, a fim de classificar a presença da síndrome. Os segmentos com maiores pontuação, ou seja, em que os funcionários são mais afetados pelo problema, foram áreas de recursos humanos (43), vendas (42,11), educação (42,1) liderança (40,43), administrativo (38,38) e tecnologia da informação (36,61).

“O burnout ser categorizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como doença ocupacional tem levado as empresas a ligarem o alerta sobre a qualidade emocional de seus colaboradores, com adoção de ações e ferramentas que possam contribuir com sua qualidade de vida e reduzir os impactos negativos que essa doença pode causar aos negócios”, diz Deivison Pedroza, cofundador da plataforma.

Chefias O levantamento identificou forte sinal de alerta também em cargos de direção e chefias, como supervisores e gerentes. Nessas esferas, pessoas nascidas entre as décadas de 1960 e início da de 1980, consideradas mais tradicionais em relação ao trabalho, que costumam preferir carreiras estáveis, são as que apresentam os maiores índices (48,83), ficando muito próximo do nível elevado, quando atinge a pontuação entre 50 e 59.

“A situação de estresse tem efeitos negativos que atingem não apenas o indivíduo, mas também as pessoas que estão ao seu redor, toda a família e, claro, o ambiente de trabalho”, afirma Pedroza. “É imprescindível que as empresas e os profissionais estejam cientes da importância de abordar a saúde mental e o bem-estar emocional de forma abrangente e eficaz”, completa.

Desde janeiro de 2022, a síndrome de esgotamento profissional é reconhecida pela OMS como uma doença relacionada ao trabalho.

Burnout x estresse Para que não haja uma banalização do burnout como se fosse um mero evento de estresse é importante entender exatamente o que é a síndrome, explica o psicólogo Antonio José de Carvalho, autor do livro Síndrome de Burnout, uma Ameaça Invisível no Trabalho, que será lançado, na próxima quarta-feira (13), na Livraria Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro.

Carvalho explica que o burnout é uma síndrome relativamente moderna, dos anos 70. Diferentemente do estresse, que se dá de forma corriqueira, porém não de forma persistente, o burnout é uma condição de estresse acumulado, crônico. O psicólogo faz a comparação com um elástico de prender dinheiro para ilustrar a diferença.

“Se você puxar o elástico, e ele ainda estica e volta, não perde essa condição, isso é estresse. Quando você puxa o elástico, e ele fica deformado e não volta mais, você pode dizer que a pessoa está com burnout”, explica.

“O burnout não acontece de um dia para o outro, é um estresse acumulado que pode levar à depressão e que sugere um comportamento suicida”, alerta.

Síndrome invisível O especialista relata como um dos fatores para desencadeamento da síndrome uma jornada de trabalho que expõe o trabalhador a um alto nível de estresse por tempo prolongado. Para ele, apesar do alastramento de casos em empresas, o burnout ainda se comporta como um problema “invisível”.

“Se a pessoa quebra um braço, todos na empresa percebem o problema. Mas se o problema é psíquico, fica mais difícil de reconhecer, então é invisível e muitas vezes tratado incorretamente como um problema individual”, diz.

Cuidar do aquário Carvalho considera que faltam pesquisas nacionais mais aprofundadas sobre o problema, além de ausência também do desenvolvimento de estratégias eficientes para a prevenção. Um diagnóstico que o psicólogo faz relaciona o burnout a características do mundo corporativo capitalista, marcado por grande competição, busca por produtividade, perseguição de metas e longas jornadas, por exemplo.

Esse diagnóstico está associado à ideia de que para prevenir o burnout é preciso tratar as empresas em vez de o trabalhador individualmente.

“Eu entendo que as empresas, as organizações, de um modo geral, estão adoecidas, são tóxicas na maioria das vezes.”

Soma-se a isso, na visão do autor, o fato de que “por mais que os trabalhadores possam sofrer do mesmo mal ao mesmo tempo, cada um vai sentir de uma maneira diferenciada”. Daí a comparação das empresas com um aquário.

“O aquário seria a empresa; a água, a cultura organizacional; e os peixes, os colaboradores. Se o peixe adoece, não adianta você tratar o peixe. Você teria que tratar a água, caso contrário, o peixe vai ser tratado, vai voltar para o aquário e vai ficar, de novo, acometido pela síndrome de burnout, esse mal silencioso”, faz a analogia. “Precisa tratar da água, do aquário, consequentemente, da cultura organizacional”, finaliza.

Agência Brasil

Foto: FREEPIK/CREATIVEART

O diabetes é um problema extremamente comum entre a população. Dados do IDF (International Diabetes Federation) mostram que uma em cada dez pessoas vive com a condição, causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia ao organismo. De acordo com a endocrinologista Tassiane Alvarenga, no diabetes tipo 1 há a falta de insulina. A doença corresponde de 5% a 10% dos casos e ocorre, principalmente, entre crianças e adultos jovens. Já no tipo 2, ocorre a resistência ao hormônio, e geralmente a maioria dos pacientes é assintomática. Trata-se de pacientes com sobrepeso, obesidade e um estilo de vida ruim, incluindo uma dieta rica em calorias e gordura, além da falta de atividade física.

diabetes

A endocrinologista Thais Mussi, da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), afirma que, embora os diabetes tipo 1 e tipo 2 compartilhem muitos sintomas, eles têm origem diversa e podem apresentar algumas particularidades nos sintomas. "O diabetes tipo 1 se manifesta rapidamente, em algumas semanas; gera rápida perda de peso devido à falta de insulina e pode causar cetoacidose diabética, com sintomas como respiração rápida e hálito com odor de frutas. Já o tipo 2 acontece gradualmente, geralmente em anos, com sintomas leves ou imperceptíveis".

Entre os sinais que a doença pode apresentar, a endocrinologista Isis Toledo cita urinar com frequência; sentir mais sede que o normal; perda de peso sem a intenção; sensação de fraqueza e cansaço; irritação ou alterações de humor; visão embaçada; feridas com cura lenta; infecções frequentes, como nas gengivas, pele e vaginais.

Thais explica que os sintomas podem ser confundidos com os de outros problemas por não serem específicos. "A sede excessiva, fome e micção frequente podem ser associadas a problemas renais, infecções do trato urinário ou ao uso de certos medicamentos diuréticos. A fadiga pode ser atribuída a condições como hipotireoidismo, anemia ou síndrome da fadiga crônica. Perda de peso inexplicada pode ser erroneamente vinculada a distúrbios metabólicos, problemas digestivos ou até a certos tipos de câncer. Visão embaçada pode ser confundida com problemas oculares naturais do envelhecimento ou outras doenças oculares".

O diabetes pode causar sintomas como urina, sede e fome excessivas devido ao açúcar elevado no sangue. O corpo tenta eliminar o excesso de açúcar na urina, o que leva ao aumento do volume urinário, resultando em desidratação e, consequentemente, na sensação de sede intensa por parte do paciente, esclarece Tassiane. "No entanto, ainda não há insulina para carregar o açúcar para dentro da célula, mas ela continua precisando de combustível. O corpo, então, sente mais fome para que o indivíduo se alimente e supra suas necessidades", completa Isis

"A tontura e as mudanças de humor associadas ao diabetes decorrem de variações nos níveis de glicose no sangue. Quando a glicose está baixa [hipoglicemia], o cérebro não recebe energia suficiente para funcionar adequadamente, causando sintomas como tontura, confusão mental e irritabilidade. Em contrapartida, quando a glicose está alta [hiperglicemia], pode ocorrer um excesso de fluidos sendo excretados pelos rins, levando a desidratação e, consequentemente, a tontura. Além disso, níveis cronicamente elevados de glicose podem afetar a função cerebral e o equilíbrio de neurotransmissores, contribuindo para alterações de humor, como irritabilidade e depressão", afirma Thais.

Thais afirma que "o diabetes influencia o peso devido à maneira como afeta o metabolismo da glicose e a ação da insulina. Quando o corpo não consegue usar adequadamente a glicose por falta de insulina ou resistência a ela, recorre a reservas de gordura e músculo para obter energia, levando à perda de peso. No diabetes tipo 2, a glicose não usada pode ser convertida e armazenada como gordura, contribuindo para o ganho de peso. Além disso, tratamentos que envolvem insulina ou medicamentos que aumentam sua quantidade podem promover o armazenamento de glicose, resultando em ganho de peso. Portanto, a relação entre diabetes e peso é complexa, com potencial para causar tanto perda quanto ganho, dependendo da situação e do controle glicêmico".

 

O diagnóstico de diabetes requer que sejam feitos alguns exames. Os mais comuns são a glicemia de jejum, que mede os níveis de glicose após 8 a 12 horas de jejum — um valor igual ou superior a 126 mg/dL em duas ocasiões indica diabetes —, e o TOTG (Teste Oral de Tolerância à Glicose), no qual, após o jejum, o paciente consome uma solução com glicose e suas concentrações sanguíneas são medidas em intervalos. Um valor de duas horas igual ou superior a 200 mg/dL indica diabetes.

Podem ser solicitados também os exames de hemoglobina glicada (A1c), que reflete a média dos níveis de glicose nos últimos dois a três meses, em que um valor igual ou superior a 6.5% sugere diabetes; e a glicemia aleatória, que mede a glicose em qualquer momento do dia, independentemente da última refeição. Um valor igual ou superior a 200 mg/dL pode indicar diabetes, especialmente se acompanhado de sintomas.

R7

Foto: Freepik/wirestock

Suor noturno, coração acelerado, falta de ar e sensação de desespero que te fazem acordar. As crises de ansiedade não têm hora para acontecer, e parecem ainda piores quando passam a atrapalhar o sono.

"A ansiedade noturna não se difere das crises que ocorrem ao longo do dia. Muitas pessoas ficam ruminando as questões que anseiam e, à noite, costuma ficar mais evidente no momento em que a pessoa quer ou está se preparando para dormir e se dão conta que não param de pensar. Então, elas não conseguem pegar no sono ou acordam diversas vezes", afirma a psicóloga Liliana Seger, do IPq – FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). A psicóloga Marina Vasconcellos explica que as crises de ansiedade noturna podem ocorrer de três maneiras:

  • Ansiedade inicial: Gera a dificuldade para começar a dormir. Ao deitar, o cérebro começa a pensar nos afazeres do dia seguinte, planejamentos, e faz com que haja uma demora para pegar no sono;
  • Ansiedade intermediária: Ocorre durante o sono, fazendo a pessoa acordar e não conseguindo voltar a dormir, ou tirando apenas cochilos. Ao tentar fazer alguma atividade para dormir, como mexer no celular ou assistir alguma série, acabam despertando mais devido à exposição à luz azul, prejudicando a produção de melatonina;
  • Ansiedade terminal: Faz a pessoa acordar perto do fim de seu sono, antes do horário normal, e não conseguindo voltar à dormir, prejudicando o desempenho durante o dia.

Os gatilhos podem ser os mais diversos. Preocupações ou trabalho excessivos, questões familiares, afetivas, ou até mesmo situações do passado que não foram resolvidas.

"Quando vem a noite, você põe a cabeça no travesseiro e começa a pensar em tudo o que não deu certo. Se aconteceram 97 coisas boas durante o dia e três ruins, a gente sempre acaba pensando só nessas que deram errado", alega Marina.

As psicólogas lembram que, nesse momento, é importante focar na respiração. Entre as opções para tentar diminuir a crise e conseguir voltar a dormir, elas elencam a leitura (fora do celular), áudios que auxiliem o relaxamento, meditação, e colocar em prática a higiene do sono, buscando não dormir tarde, evitar telas cerca de uma hora antes de deitar, dormir em um ambiente escuro e silencioso.

R7

O direito à imunização dos bebês começa antes mesmo do nascimento, com o calendário vacinal das gestantes, que protege mãe e filho contra difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Ao nascer, essa proteção deve receber um reforço imediato, que inclui uma das vacinas mais conhecidas pelos brasileiros: a BCG.

bcg

A indicação do Ministério da Saúde, por meio do PNI (Programa Nacional de Imunizações), que completa 50 anos em 2023, é que a BCG seja aplicada nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade, em bebês de pelo menos 2 quilos. Os menores que isso devem esperar atingir esse peso até receber a vacinação. Quando a vacina não é administrada na maternidade, ela deve ser aplicada na primeira visita ao serviço de saúde.

O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), explica que a recomendação de vacinar as crianças com a BCG ao nascer tem um motivo técnico, porque os riscos de adoecer são imediatos, e esse prazo não deve ser perdido pelos responsáveis.

"As vacinas são organizadas dentro de um calendário em função de riscos. Não colocamos uma vacina no calendário da criança contra uma doença que acomete adolescentes ou idosos. Você organiza o calendário de maneira a cobrir a fase de maior risco de adoecimento. É justamente no primeiro ano de vida, quando a criança tem imaturidade do sistema imune, em que essas doenças são mais frequentes e mais graves, como pneumonia, coqueluche, difteria, paralisia infantil, tétano, meningite. Essas vacinas incluídas nas primeiras doses são para oferecer à criança maior proteção logo após o nascimento."

Tuberculose grave A vacina previne contra formas graves da tuberculose, especialmente a tuberculose disseminada e a meningite tuberculosa. A doença é transmitida pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch, em referência ao cientista alemão que a descobriu no século 19. A tuberculose é uma das mais antigas ameaças de saúde pública identificadas pela ciência, já tendo sido chamada de tísica, temida como a peste branca e até romantizada como causa da morte de poetas, como Castro Alves e Noel Rosa, no caso do Brasil.

Apesar de a vacinação ter reduzido a letalidade da tuberculose, a doença permanece presente no contexto nacional, com 78 mil casos confirmados em 2022. Por isso, bebês não vacinados estão em risco de se contaminar e desenvolver formas graves da doença.

"Infelizmente, a tuberculose ainda é endêmica no Brasil, e precisamos oferecer uma vacina para as crianças o quanto antes, antes de se expor ao bacilo da tuberculose. Por isso, devem ser vacinadas imediatamente", reforça Kfouri.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a BCG previna mais de 40 mil casos anuais de meningite tuberculosa. Mesmo quando a vacina não consegue impedir que a criança tenha tuberculose, os casos registrados são mais brandos. Em 2022, o Brasil contabilizou 2,7 mil casos de tuberculose em menores de 15 anos, sendo que crianças de até 4 anos respondem por 37% dessas notificações.

Marquinha da BCG Entre outros motivos, a vacina ficou famosa por causar a "marquinha da BCG", que antigamente indicava que ela fez efeito. Essa recomendação mudou, e a vacinação não precisa ser refeita caso não ocorra a formação da cicatriz vacinal.

A Sociedade Brasileira de Imunizações explica que a formação dessa cicatriz demora cerca de três meses (12 semanas), podendo se prolongar por até seis meses (24 semanas). O processo começa com uma mancha vermelha elevada no local da aplicação, evolui para pequena úlcera, que produz secreção e cicatriza.

Eventos adversos considerados normais após a vacinação com BCG são úlceras com mais de 1 centímetro ou que demoram muito a cicatrizar, gânglios ou abscessos na pele e nas axilas, que chegam a 10% dos vacinados.

A meta de cobertura da BCG é a menor do Programa Nacional de Imunizações. Enquanto as doses contra a febre amarela devem chegar a 100% do público-alvo, e as demais, a 95%, a vacina contra as formas graves da tuberculose tem meta de 90% de cobertura nas crianças nascidas em cada ano.

Mesmo assim, essa cobertura não foi atingida nos anos de 2019, 2020 e 2021, o que pode ter criado um contingente de crianças desprotegidas contra as formas graves da tuberculose.

Em 2022, a cobertura voltou a subir e chegou à meta de 90%, mas o resultado nacional não foi homogêneo. Acre (80%), Roraima (85%), Pará (83%), Maranhão (83%), Bahia (86%), Espírito Santo (63%), Rio de Janeiro (76%), São Paulo (82%), Santa Catarina (85%), Mato Grosso do Sul (84%) e Goiás (79%) não atingiram a meta.

História de mais de um século A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) começou a ser desenvolvida em 1906, no Instituto Pasteur, em Paris, por Léon Charles Albert Calmette (1863–1933) e Jean-Marie Camille Guérin (1872–1961). A comprovação de que a vacina funcionava em humanos se deu apenas em 1921, 15 anos depois.

A chegada do imunizante ao Brasil foi em 1927, quando uma cepa da bactéria atenuada, a cepa Moreau, foi enviada pelo Pasteur. Aqui, a BCG começou a ser produzida pela Liga Brasileira contra a Tuberculose. Somente em 1941, porém, o recém-criado Serviço Nacional de Tuberculose (SNT) passou a recomendar a BCG a todos os governos estaduais.

Na época, a forma de imunização ainda era oral, por meio de gotinhas, e só em 1968 a vacina começou a ser substituída pela forma intradérmica, aplicada com seringa.

Presente no Brasil desde antes de o PNI ter sido criado, a BCG fez parte do primeiro calendário de vacinação infantil do país, definido em 1978. Além dela, estavam incluídas nessa primeira esquematização a proteção contra a varíola e as vacinas do primeiro ano de vida: poliomielite; sarampo; e difteria, tétano e coqueluche.

De lá para cá, houve mudanças no esquema vacinal da BCG, que alternou entre dose única e duas doses em diferentes períodos. A última mudança foi o retorno à dose única, em 2006.

Fabricação da vacina A vacina BCG é um imunizante de vírus vivo atenuado: isso significa que ela contém a própria bactéria causadora da tuberculose, porém bem enfraquecida, de modo que não possa causar a doença.

Herdeira da Liga Brasileira contra a Tuberculose, a FAP (Fundação Ataulfo de Paiva) é a única instituição que produz a vacina BCG no Brasil, desde que a amostra do bacilo atenuado chegou da França, há quase um século.

Entretanto, a fábrica da FAP, no bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio, segue parada há mais de um ano após interdição da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em consequência disso, o Ministério da Saúde vem importando o imunizante por meio do Fundo Rotatório da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).

Uma fábrica em Xerém, na cidade fluminense de Duque de Caxias, chegou a ser planejada, mas a obra nunca foi concluída. Sem a previsão de fábrica nova ou de liberação da planta antiga, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) assinou um termo de manutenção com a FAP, para que ela possa recuperar a capacidade e as condições de operação para a produção nacional da vacina BCG.

Com esse acordo, o IBMP (Instituto de Biologia Molecular do Paraná) e o Bio-Manguinhos/Fiocruz (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos) vão atuar em curto e médio prazo para adequar a fábrica antiga e concluir a nova. O IBMP também se tornará mantenedor da FAP (Fundação Ataulfo de Paiva), assumindo a responsabilidade por validar a composição da diretoria e dos conselhos deliberativo e fiscal.

Para garantir a oferta da vacina, a Fiocruz negocia com uma fábrica na cidade de Vigo, na Espanha, que teria condições imediatas para operar a produção da vacina BCG da FAP. A BCG produzida na FAP, ainda descendente da cepa vinda da França, é chamada de BCG Moreau Rio de Janeiro, com certificação da OMS e da Anvisa. Por meio do acordo, essa fábrica espanhola produziria essa mesma cepa, já certificada. Mesmo assim, será necessário que a Anvisa realize a inspeção do novo local de fabricação com vistas à obtenção da certificação de boas práticas. Caso todos os prazos e objetivos se concretizem, a expectativa seria poder voltar a entregar vacinas a partir do segundo semestre de 2024.

Agência Brasil

Foto: Freepik