Um grupo de cientistas brasileiros decidiu interromper os testes realizados com cloroquina para tratamento de pacientes com a covid-19. O cancelamento ocorre após 11 pessoas morreram depois de receberem doses elevadas do medicamento.
De acordo com o jornal norte-americano The New York TImes, o estudo brasileiro envolveu 81 pacientes hospitalizados na cidade de Manaus e foi patrocinado pelo Estado do Amazonas após autoridades recomendarem o uso da cloroquina no tratamento da covid-19.
Segundo a publicação, médicos e especialistas concluem que o estudo deu mais evidências de que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar danos significativos a alguns pacientes, especificamente o risco de arritmia cardíaca fatal, já que os pacientes analisados também receberam o antibiótico azitromicina, que apresenta o mesmo risco cardíaco.
Para os pesquisadores, o número limitado de pacientes até agora inscritos no estudo não permite estimar o benefício da cloroquina no tratamento da covid-19. "São urgentemente necessários mais estudos que iniciem o uso da cloroquina antes do início da fase grave da doença", avalia o documento.
Foi confirmada nesta segunda-feira, 13, pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), a 8ª morte por coronavírus no Piauí.
O idoso, de 63 anos, estava internado no Hospital Getúlio Vargas, no Centro de Teresina. Ele foi diagnosticado com a doença no dia 8 de abril depois de fazer um teste rápido.
A vítima, que não teve a identidade revelada, estava em São Paulo há pelo menos duas semanas e chegou a Piracuruca, onde morava, com sintomas gripais. Após testar positivo para doença, o idoso foi transferido para o HGV, mas não resistiu nesta segunda-feira.
De acordo com a Secretaria Municipal de Piracuruca, o idoso sofria de problemas cardíacos e apresentou sintomas gripais no dia 25 de março. Ele ficou em isolamento domiciliar até o dia 04 de abril, foi internado no hospital de Piracuruca e depois foi transferido para o HGV.
Essa é a terceira morte registrada por coronavírus na região Norte do Piauí. Além do idoso, também faleceram o prefeito de São José do Divino, Antônio Felícia (PT), e o empresário Oderman Bittencourt, de Parnaíba, litoral do Piauí.
-Esse vídeo é para você que queria saber porque nosso Boletim mudou! Segundo o Ministério da Saúde toda a população é suspeita de estar com Covid-19, assim não há mais a necessidade de divulgarmos os casos suspeitos.
A Secretaria de Saúde do Piauí trabalha com transparência para levar mais saúde para todos os piauienses.
Ainda não há um medicamento específico para o tratamento da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus - embora a hidroxicloroquina esteja sendo estudada para essa finalidade. Por isso, a pessoa doente depende unicamente da ação do sistema imunológico para se recuperar.
A transmissão do vírus acontece de pessoa para pessoa, pelo contato com gotículas contaminadas presentes na saliva, na tosse, no espirro e no catarro.
"Alguém que está com a doença espirra ou tosse. Então, saem gotículas contaminadas que se fixam em alguma superfície. Outra pessoa põe a mão ali e, em seguida, coloca na boca, no nariz ou nos olhos e se contamina", explica o pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O ataque às células
Após o contágio, o coronavírus entra nas células das vias respiratórias. Todo vírus é envolvido por uma capa de proteína e gordura. A capa do coronavírus tem o formato de uma coroa feita de espinhos - daí vem o nome "corona".
"Ele usa essa proteína da capa para se acoplar na receptor da célula, abrir a célula e entrar", esclarece o especialista.
Após a entrada, o RNA - material genético do coronavírus - vai até o núcleo da célula. "Ele usa o núcleo para fabricar outros vírus, é o que a gente chama de 'replicação'. A partir disso, ele sai desta célula e ataca outras", descreve.
A reação do organismo
A invasão faz com que o sistema de alerta do organismo seja ativado. Esse mecanismo identifica o agente estranho, no caso o coronavírus, e aciona os linfócitos T, conhecidos como glóbulos brancos - células de defesa do organismo.
Essas células verificam em suas 'memórias' se já possuem anticorpos para o invasor. "Nesse caso, elas não têm, porque esse é um vírus novo, então chamam os linfócitos B para fazer a produção", explica Fiss.
De acordo com ele, 80% das pessoas conseguem produzir anticorpos rapidamente e se recuperam. Entretanto, a outra parcela demora para realizar a produção e começa a ter uma reação inflamatória à ação do coronavírus. Essa situação desencadeia um efeito cascata.
"Um monte de substâncias são produzidas. Elas causam uma inflamação que ocorre nos brônquios, nos pulmões e nos alvéolos pulmonares", afirma.
Fiss explica que tais substâncias ocupam os espaços entre os alvéolos e o sangue. Por isso, o oxigênio não consegue passar e as pessoas sentem falta de ar.
A morte, como já se sabe, é a consequência mais grave de todo esse processo. "Acontece quando a infecção pelo vírus se dissemina para outros órgãos e causa a falência múltipla".
Uma possível sequela
Segundo o especialista, a sequela mais importante que pode acometer os sobreviventes é a fibrose pulmonar. "Se a reação inflamatória dura por muito tempo, causa danos no pulmão. Depois esse dano cicatriza e dá a fibrose", descreve.
"Mas ela acontece numa porcentagem muito pequena de pacientes internados. De todos os casos que eu vi até agora, nenhum evoluiu com fibrose", ressalta.