Pelo menos quatro presídios no Piauí tiveram a entrega de leite em pó suspensa após a suspeita de que visitantes estariam misturando o alimento com drogas para entregar aos detentos. Os casos teriam sido registrados nas Penitenciárias Irmão Guido, Ribamar Leite (a antiga Casa de Custódia), Cadeia Pública de Altos e Penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapina.
Até o momento não há informações sobre que tipo de droga estaria sendo misturada ao leite. Uma das hipóteses é que os alimentos eram adulterados com Rohypnol, medicamento usado para tratar ansiedade, convulsões e distúrbios do sono, bem como Rivotril, sedativo mais potente, conhecido por seus efeitos de indução do sono, amnésia e potencial de abuso.
O Cidadeverde.com apurou que a entrada ilícita estaria ocorrendo desde janeiro. No leite, possivelmente adulterado, foram observadas mudança da coloração e alimento "pedrado". A desconfiança aumentou após a interceptação de trocas de mensagens com familiares após visitação.
O QUE DIZIA O BILHETE
Um dos bilhetes "pipas" obtidos com exclusividade pelo Cidadeverde.com revela o pedido de um preso para a mãe. Na mensagem escrita a mão, o detento solicita o envio de uma caixa de "Rivotril" dentro de um dos sacolões e orienta que ela coloque o nome de outro interno. A mensagem escrita e enviada fora do alcance das câmeras foi interceptada em julho deste ano, na Penintenciária Irmão Guido.
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
Após a ingestão dos alimentos, os detentos apresentaram mudanças comportamentais recorrentes como estado de entorpecimento, alterações no ânimo e resistência aos procedimentos de rotina.
Diante da situação, a Secretaria de Justiça do Piauí (Sejus) abriu investigação interna para apurar os casos e suspendeu, de forma cautelar, a entrega de um sacolão extra aos detentos, além de excluir itens como leite em pó, chocolate e aveia.
"A Sejus considera também que a entrega do segundo sacolão aumenta consideravelmente o volume de materiais a serem inspecionados pela equipe de vistoria, sobrecarregando o efetivo reduzido disponível, comprometendo a eficiência das fiscalizações e ampliando os riscos de entrada de itens proibidos ou ilícitos que possam ser dissimulados nos kits", destacou uma das portarias da Sejus.
Durante a proibição de entrada dos itens, o alimento está sendo fornecido pela próprio Estado para complementar a dieta dos detentos.
Com informações do cidade verde