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Imagine acordar um dia e perceber que seus movimentos estão mais lentos, que suas pernas não respondem como antes, ou que sua visão começa a falhar. Para mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo que vivem com esclerose múltipla (EM), essa é uma realidade diária.

esclerose

Entre elas, estão aqueles que enfrentam a forma mais agressiva da doença: a esclerose múltipla primária progressiva (EMPP).

Sem períodos de remissão e com tratamentos limitados, a EMPP avança silenciosamente, roubando a independência e a qualidade de vida em questão de anos – ou até meses.

Mas e se houvesse uma maneira de frear essa progressão antes que os sintomas se tornem irreversíveis? E se pudéssemos entender exatamente como a doença ataca o sistema nervoso, mesmo em seus estágios mais iniciais?

Um estudo da Universidade de Michigan traz uma resposta promissora: um implante semelhante a uma esponja e nanopartículas inteligentes que, juntos, podem mudar o jogo no tratamento da EMPP.

Em camundongos, essa abordagem não apenas preveniu sintomas debilitantes como a paralisia, mas também reduziu a gravidade da doença pela metade quando administrada após o início dos sintomas.

Para pacientes e familiares que convivem com a incerteza da EMPP, essa descoberta não é apenas uma notícia científica – é um sopro de esperança.

O Desafio da Esclerose Múltipla Primária Progressiva A EMPP é uma das formas mais debilitantes da esclerose múltipla, causando incapacidade severa em média em 13 anos, mas podendo avançar rapidamente em apenas 2 anos.

Diferente das formas recorrentes da doença, a EMPP não tem períodos de remissão, e os tratamentos atuais são limitados. O único medicamento aprovado pela FDA para EMPP, o ocrelizumabe, apenas retarda a progressão da doença, mas não oferece cura ou remissão completa.

Além disso, por suprimir o sistema imunológico, ele expõe os pacientes a riscos de infecções.

O grande desafio para os pesquisadores tem sido entender como a doença ataca o sistema nervoso central (SNC) em seus estágios iniciais. Como o cérebro e a medula espinhal são de difícil acesso, não é possível realizar biópsias em pacientes vivos.

“Sem acesso ao tecido doente, é como tentar consertar um carro sem abrir o capô“, explica Aaron Morris, coautor do estudo e professor assistente da Universidade de Michigan.

A Inovação: Um Implante que “Engana” o Sistema Imunológico Para superar essa barreira, a equipe de pesquisa utilizou um implante biodegradável em forma de esponja, feito de poliéster e cheio de poros minúsculos. Esse dispositivo, com apenas 13 milímetros de diâmetro e 2 milímetros de altura, foi implantado sob a pele de camundongos, próximo às omoplatas.

O implante atrai células imunológicas, criando um “tecido substituto” que pode ser facilmente biopsiado e analisado.

Ao induzir uma condição semelhante à EMPP nos camundongos, os pesquisadores observaram como as células imunológicas se comportavam nos poros da esponja.

Usando sequenciamento de RNA de célula única, eles identificaram que um grupo de proteínas chamadas quimiocinas CC estava hiperativo no tecido doente.

Essas proteínas, que normalmente ajudam a combater infecções, estavam “chamando” células imunológicas de forma descontrolada, levando ao ataque à bainha de mielina – a camada protetora dos nervos.

Nanopartículas: A Chave para Interromper a Doença Com essa descoberta, a equipe desenvolveu nanopartículas injetáveis de 400 nanômetros de diâmetro, projetadas para bloquear as quimiocinas CC e interromper a inflamação desregulada.

Quando administradas precocemente, as nanopartículas impediram completamente o desenvolvimento de sintomas como paralisia. Já em camundongos que já apresentavam sintomas, o tratamento reduziu a gravidade dos sintomas pela metade.

“O implante nos dá uma janela sem precedentes para entender a dinâmica da doença, especialmente nos estágios iniciais. Terapias que visam esses mecanismos podem interromper a progressão antes que ocorram danos irreversíveis“, afirma Lonnie Shea, professor de Engenharia Biomédica e coautor do estudo.

O Que Isso Significa para os Pacientes? Embora os resultados sejam promissores, é importante ressaltar que o estudo foi realizado em camundongos, e são necessários mais testes antes que a abordagem possa ser aplicada em humanos. No entanto, essa descoberta representa um avanço significativo por duas razões principais:

Entendimento da Doença: O implante permite estudar a EMPP em seus estágios iniciais, algo que antes era impossível. Tratamento Direcionado: As nanopartículas oferecem uma terapia mais precisa, sem suprimir o sistema imunológico como um todo. Próximos Passos A equipe planeja expandir os estudos para modelos animais mais complexos e, eventualmente, iniciar ensaios clínicos em humanos. Se bem-sucedida, essa abordagem pode não apenas beneficiar pacientes com EMPP, mas também abrir portas para o tratamento de outras doenças autoimunes.

Enquanto aguardamos os próximos capítulos dessa pesquisa, uma coisa é clara: a ciência está cada vez mais próxima de desvendar os mistérios da esclerose múltipla e oferecer tratamentos mais eficazes. Para os milhões de pacientes ao redor do mundo, essa é uma luz no fim do túnel.

Saúde Lab

Foto: Canva PRO

O aumento nos níveis de açúcar no sangue, conhecido como hiperglicemia, é um dos principais indicativos de diabetes, uma condição que, se não tratada adequadamente, pode gerar complicações graves à saúde. Infelizmente, muitas vezes, esse aumento ocorre sem sintomas evidentes até atingir níveis muito elevados. Por isso, é importante estar atento aos sinais e buscar ajuda médica quando necessário.

Sinais comuns de açúcar elevado no sangue Os sintomas da hiperglicemia podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, existem alguns sinais mais comuns que podem indicar que os níveis de glicose estão elevados:

Sede excessiva A sensação de sede intensa é um sintoma clássico de hiperglicemia. O corpo tenta eliminar o excesso de glicose pela urina, resultando em desidratação. Micção frequente Com o aumento da produção de urina, causado pela tentativa do corpo de eliminar o excesso de glicose, a pessoa sente uma necessidade constante de urinar. Fome constante Mesmo após as refeições, a sensação de fome persistente pode ocorrer, devido à dificuldade do corpo em processar adequadamente o açúcar. Exames de rotina: prevenção é o melhor remédio Embora os sinais do corpo sejam importantes, exames laboratoriais são fundamentais para um diagnóstico preciso. Indivíduos com fatores de risco, como obesidade ou histórico familiar de diabetes, devem realizar exames regulares para monitorar os níveis de açúcar no sangue e prevenir complicações.

Como controlar o açúcar elevado no sangue A boa notícia é que é possível controlar os níveis elevados de glicose com algumas mudanças no estilo de vida. Aqui estão algumas dicas para manter o açúcar no sangue sob controle:

Adote uma alimentação balanceada

Optar por alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais e grãos integrais, pode ajudar a estabilizar os níveis de glicose.

Evite o consumo excessivo de açúcar refinado e alimentos processados.

Controle as porções

Evite exagerar no consumo de carboidratos, que se transformam em glicose.

Manter um equilíbrio nas porções ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue.

Pratique atividade física regularmente

Exercícios aumentam a sensibilidade das células à insulina, o que facilita o uso adequado da glicose pelo corpo.

Atividades como caminhada e natação são ótimas escolhas.

Hidratação adequada Manter-se hidratado é fundamental para o bom funcionamento dos rins e para a eliminação do excesso de glicose.

Atenção aos sintomas de diabetes: procure ajuda médica

Fique atento a sinais como sede excessiva, cansaço, visão embaçada, cicatrização lenta, perda de peso inexplicada e aumento na frequência urinária. Identificar esses sintomas de forma precoce pode evitar complicações graves, como doenças cardíacas e renais.

Controle de açúcar no sangue com legumes O controle de açúcar no sangue pode ser eficazmente auxiliado pelo consumo de legumes. Ricos em fibras e nutrientes, esses alimentos ajudam a regular os níveis glicêmicos. Incorporá-los à dieta diária pode ser uma estratégia simples e natural para prevenir picos de glicose e melhorar a saúde metabólica.

Catraca Livre

Beber café logo ao acordar pode trazer mais benefícios do que apenas aumentar a energia. Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que esse hábito está associado a uma menor probabilidade de morte por doenças cardiovasculares. Essa relação foi destacada em uma pesquisa recente publicada no European Heart Journal.

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Os efeitos do café da manhã na saúde do coração Pesquisadores analisaram os hábitos alimentares de mais de 40 mil pessoas ao longo de quase 20 anos e observaram que o consumo matinal de café está relacionado a um impacto positivo na saúde do coração. Os participantes que tinham esse costume apresentaram um risco 31% menor de morrer por doenças cardiovasculares, além de uma redução de 16% no risco de morte por qualquer causa.

De acordo com Lu Qi, professor da Escola de Saúde Pública de Harvard e um dos líderes da pesquisa, “nossas descobertas indicam que não é apenas a quantidade de café consumida que importa, mas também o horário em que a bebida é ingerida”.

Por que o horário do consumo faz diferença? Os pesquisadores sugerem que beber café mais tarde no dia pode prejudicar os ritmos circadianos, o chamado “relógio biológico” do corpo. Consumir cafeína no período da tarde ou noite pode interferir na produção de melatonina, hormônio essencial para a regulação do sono.

Quando o ciclo circadiano é alterado, existe um aumento na pressão arterial e nos níveis de inflamação, fatores que contribuem para doenças cardiovasculares. Já pela manhã, o corpo está naturalmente em estado de alerta devido à maior atividade do sistema nervoso simpático. Tomar café nesse horário potencializa seus efeitos positivos sem comprometer os ritmos biológicos.

Qual a quantidade ideal de café pela manhã? A pesquisa também revelou que a quantidade de café ingerida pela manhã influencia os benefícios observados. Os participantes que consumiam de duas a três xícaras diariamente apresentaram a maior redução nos riscos de mortalidade. Beber apenas uma xícara ou menos também mostrou efeitos positivos, mas em menor intensidade.

Por outro lado, ingerir mais de três xícaras não demonstrou impactos negativos claros, embora os especialistas reforcem que o consumo moderado é a melhor opção para garantir segurança e benefícios à saúde.

O café é indicado para todos? Apesar das vantagens para a saúde cardiovascular, o café pode não ser adequado para todas as pessoas. Indivíduos com gastrite, colesterol alto ou outras condições específicas devem ter cautela com a forma de preparo da bebida e evitar o consumo excessivo.

Consultar um profissional de saúde antes de aumentar a ingestão de café é fundamental para evitar complicações. Embora mais estudos sejam necessários para confirmar todas as descobertas, as evidências atuais sugerem que tomar café pela manhã pode ser um hábito benéfico para a saúde do coração. Mais um aliado para a saúde do coração Além do café matinal, outro alimento pode ajudar na saúde cardiovascular: a casca da banana. Segundo matéria da Catraca Livre, esse ingrediente, geralmente descartado, é rico em fibras e antioxidantes que contribuem para a redução do colesterol e da inflamação. Incorporar hábitos simples pode fazer a diferença para um coração mais saudável.

Catraca Livre

Foto: © iStock/manassanant pamai

Uma colaboração entre pesquisadores dos estados de São Paulo e do Ceará e da Universidade de Hong Kong resultou na descoberta de um novo coronavírus em morcegos, o primeiro na América do Sul intimamente relacionado ao causador da síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês).

morcego

O estudo foi publicado no Journal of Medical Virology.

“Ainda não podemos afirmar se ele tem a capacidade de infectar humanos. No entanto, encontramos partes da proteína spike do vírus [que se liga à célula de mamífero e inicia a infecção] que sugerem uma potencial interação com o receptor utilizado pelo MERS-CoV. Para saber mais, planejamos realizar experimentos em Hong Kong ainda este ano”, conta Bruna Stefanie Silvério, primeira autora do estudo.

Silvério realizou mestrado na EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo) com bolsa da Fapesp e atualmente faz doutorado na instituição.

No total, os pesquisadores identificaram sete coronavírus em amostras de cinco morcegos coletadas pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde do Ceará), em Fortaleza, destacando a grande diversidade genética de coronavírus encontrada. Os animais pertenciam a duas espécies diferentes (Molossus molossus e Artibeus lituratus), sendo uma insetívora e outra frugívora.

Em outro estudo realizado pelos grupos do Lacen-Fortaleza e da Unifesp, foram encontradas variantes de vírus da raiva de saguis em morcegos (leia mais em: agencia.fapesp.br/44897).

“Os morcegos são importantes reservatórios de vírus e, por isso, devem ser alvos de vigilância epidemiológica contínua. Esse monitoramento permite identificar os vírus em circulação, antecipar potenciais riscos de transmissão para outros animais e até mesmo para os humanos”, lembra Ricardo Durães-Carvalho, professor da EPM-Unifesp e orientador de Silvério.

O pesquisador coordena o projeto “Morcegos: vigilância epidemiológica, filodinâmica de alta resolução, busca e design de peptídeos de interesse biotecnológico em vírus emergentes e reemergentes”, apoiado pela Fapesp.

Mers-CoV O coronavírus causador da Mers foi identificado pela primeira vez em 2012, na Arábia Saudita, e provocou mais de 800 mortes, com casos registrados em 27 países.

Os pesquisadores brasileiros conseguiram identificar uma sequência genética com 71,9% de similaridade ao genoma do Mers-CoV. O gene que codifica a proteína spike apresentou 71,74% de identidade com a spike do Mers-CoV, isolado de humanos na Arábia Saudita em 2015.

Para verificar se ela pode se ligar às células humanas, será necessário fazer experimentos em laboratórios com alto nível de biossegurança. Esses testes estão programados para acontecer na Universidade de Hong Kong ainda este ano.

Silvério se prepara para um estágio na Escola de Saúde Pública da instituição, onde será orientada pelo pesquisador Leo L. M. Poon, coautor do trabalho publicado agora.

Outro vírus, mesmo morcego Em trabalho prévio, publicado na mesma revista, os pesquisadores identificaram um vírus emergente em humanos, o gemykibivirus, descoberto na mesma amostragem realizada no Lacen de Fortaleza.

Os pesquisadores encontraram grande semelhança com um gemykibivirus identificado em amostras do líquido cefalorraquidiano humano. O mesmo vírus também foi identificado em amostras de bancos de sangue, o que havia dado origem a um trabalho liderado por pesquisadores do Hemocentro de Ribeirão Preto e do Instituto Butantan apoiados pela FAPESP (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/41787).

Trabalhos anteriores já haviam relatado a presença do gemykibivirus em pacientes com HIV, sepse de origem desconhecida, pericardite recorrente e casos de diarreia e encefalite de causa inexplicada. É a primeira vez que se identifica esse vírus em morcegos.

O vírus encontrado exigiu o desenvolvimento de novos primers, pequenos trechos de DNA que se ligam a determinadas partes dos genomas que se quer conhecer. Neste caso, os primers foram desenvolvidos especificamente com base na sequência genética do gemykibivirus detectado em humanos.

“A falta de sequências virais disponíveis em bancos de dados impediu que pudéssemos analisar mais a fundo esses vírus. Ao mesmo tempo, o fato de identificarmos agentes virais tão pouco conhecidos torna nosso trabalho uma base para futuras investigações”, afirma Silvério.

Para Durães-Carvalho, “nossos estudos demonstram a importância de tornar esse tipo de análise mais sistemática, otimizada e integrada, com a participação de diversos setores, gerando dados em plataformas unificadas que possam ser utilizados pelos sistemas de saúde para monitorar e até prever novas epidemias e pandemias”, conclui.

Agência Fapesp

Foto: Larissa Leão Ferrer de Sousa