O mundo está envelhecendo – e rápido. Em cerca de 30 anos, o número de idosos será equivalente ao de crianças, conforme apontam projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS).

terceiraidade

No Brasil, essa revolução etária já começou: pela primeira vez, em 2022, os brasileiros com 60 anos ou mais superaram os jovens entre 15 e 24 anos.

Hoje, 15,8% da população pertence à chamada “melhor idade”, e a tendência é de crescimento: até 2042, quase um terço dos brasileiros será idoso. Essa transformação demográfica nos leva a um novo desafio: como garantir um envelhecimento saudável e repleto de qualidade de vida?

Para isso, alguns cuidados essenciais são indispensáveis. A seguir, confira 10 práticas fundamentais para viver bem na maturidade:

  1. Alimentação: O combustível para a longevidade Uma dieta equilibrada é um dos pilares para um envelhecimento saudável. A recomendação é priorizar alimentos in natura – verduras, legumes, grãos integrais, ovos e carnes – e evitar ao máximo os ultraprocessados. Além disso, o consumo adequado de proteínas é essencial para preservar a massa muscular. Pequenas mudanças na alimentação fazem uma grande diferença no bem-estar diário.
  2. Hidratação: O segredo para um corpo em pleno funcionamento A água é vital para o organismo, mas muitos idosos acabam ingerindo menos do que o necessário. A recomendação é consumir pelo menos dois litros por dia, evitando complicações como desidratação, infecções urinárias e confusão mental. Como o mecanismo da sede fica menos eficiente com a idade, a dica é criar lembretes para beber água ao longo do dia.
  3. Movimento: Exercite-se para uma vida ativa Manter-se ativo é uma das melhores formas de garantir vitalidade. A prática regular de exercícios – sejam eles aeróbicos, de resistência ou equilíbrio – fortalece músculos, melhora a coordenação motora, previne doenças crônicas e aumenta a autonomia. A recomendação da OMS é de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada.
  4. Prevenção de Quedas: Segurança em primeiro lugar Quedas são um dos maiores riscos para os idosos, podendo levar a fraturas e perda de independência. Medidas simples, como manter a casa livre de obstáculos, usar calçados adequados e fortalecer a musculatura com exercícios, fazem toda a diferença para garantir estabilidade e confiança ao caminhar.
  5. Check-ups médicos: A chave para a prevenção Cada organismo envelhece de forma única, por isso, a rotina de consultas e exames deve ser personalizada. O acompanhamento médico regular permite detectar precocemente problemas de saúde e adotar estratégias preventivas. A recomendação é, no mínimo, uma consulta anual para avaliar aspectos físicos, cognitivos e emocionais.
  6. Uso consciente de medicamentos Com o envelhecimento, é comum o uso de múltiplas medicações, o que pode aumentar o risco de interações e efeitos adversos. Um acompanhamento médico especializado ajuda a ajustar os remédios e evitar excessos desnecessários.
  7. Vida social ativa: O antídoto contra a solidão O contato social é essencial para o bem-estar emocional e a saúde mental. Participar de grupos, cultivar amizades e manter-se inserido em atividades comunitárias ajuda a fortalecer a autoestima e a manter a mente ativa.
  8. Saúde mental: cuidar do corpo e da mente Envelhecer não significa, necessariamente, perder memória ou lidar com transtornos como ansiedade e depressão. A saúde mental merece atenção especial, e sintomas como esquecimento frequente ou mudanças no humor não devem ser ignorados. Procurar apoio psicológico e manter-se cognitivamente ativo são práticas essenciais.
  9. Vacinação: proteção para viver mais e melhor O sistema imunológico se torna mais vulnerável com a idade, tornando a vacinação fundamental. Entre os imunizantes recomendados estão a vacina contra gripe, tétano, hepatite B e Covid-19. A prevenção reduz riscos e garante uma velhice mais segura.
  10. Saúde Bucal: Um sorriso saudável por toda a vida A higiene bucal impacta diretamente a saúde geral. Doenças periodontais podem estar ligadas a problemas cardíacos e diabetes. Visitas regulares ao dentista, higienização adequada e atenção à prótese dentária são fundamentais para manter o bem-estar e a qualidade de vida.

O envelhecimento ativo está em suas mãos A longevidade é uma conquista, mas para que ela venha acompanhada de bem-estar, alguns cuidados são indispensáveis. Com pequenas mudanças no dia a dia, é possível viver mais, melhor e com autonomia. Afinal, envelhecer bem é um privilégio – e cabe a cada um de nós tornar essa jornada mais leve e saudável.

Outras dicas de saúde na Catraca Livre Ser sociável fortalece a imunidade? Uma hipótese intrigante recente considera que, ao interagir mais com diferentes pessoas e ambientes, os extrovertidos acabam sendo expostos a uma variedade maior de microrganismos.

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A demência é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, impactando a memória, o raciocínio e a capacidade de realizar tarefas cotidianas. Um dos sintomas menos conhecidos, mas extremamente relevante, é o comprometimento da consciência visuoespacial ao subir escadas.

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O que é a consciência visuoespacial? A consciência visuoespacial é a capacidade do cérebro de interpretar informações visuais e espaçais para navegar pelo ambiente. Isso envolve habilidades como perceber distâncias, calcular profundidade e coordenar movimentos com base no que é visto. Problemas nessa função podem afetar a mobilidade e aumentar o risco de quedas.

Subir escadas é uma tarefa que exige integração entre visão, equilíbrio e coordenação motora. Para pessoas com comprometimento visuoespacial inicial, podem surgir dificuldades como:

Sinal precoce de demência ao subir escadas que muitos ignoram 10 destinos incríveis para fugir do turismo de massa Os efeitos do envelhecimento aos 60 anos e suas implicações para a saúde Musculação ajuda a reduzir sintomas de depressão em idosos Erro ao calcular o tamanho dos degraus – dificuldade em julgar a altura e a profundidade dos degraus pode resultar em tropeços ou pisadas erradas. Movimentos inseguros e hesitantes – pausas frequentes e necessidade de apoio excessivo no corrimão podem indicar que o cérebro está tendo dificuldade em processar a informação visual. Desorientação momentânea – confusão sobre a direção correta ou medo repentino de continuar subindo são sinais de alerta. Aumento do risco de quedas – tropeços frequentes e quedas ao subir ou descer escadas podem indicar um declínio cognitivo inicial. Por que esse sintoma está relacionado à demência? A região do cérebro que controla a percepção visuoespacial está ligada ao funcionamento de várias áreas cognitivas. Estudos mostram que danos no lobo parietal, uma das regiões afetadas nos primeiros estágios da demência, podem levar a dificuldades na interpretação do espaço ao redor.

Condições como a doença de Alzheimer e a demência por Corpos de Lewy frequentemente incluem sintomas de comprometimento visuoespacial, tornando esse tipo de dificuldade um possível prenúncio da doença.

Outros sinais visuoespaciais de alerta Se você ou um familiar apresenta dificuldades ao subir escadas, observe também outros sintomas relacionados:

Problemas para estacionar o carro ou calcular distâncias corretamente. Dificuldade para encontrar objetos em superfícies bagunçadas. Confusão ao navegar em espaços conhecidos. Maior dependência de gestos ou do tato para interagir com o ambiente. O que fazer se notar esses sinais? Caso perceba dificuldades frequentes ao subir escadas ou outros sintomas visuoespaciais, é importante buscar avaliação profissional. Um neurologista ou geriatra pode realizar testes específicos para avaliar a saúde cognitiva e indicar medidas preventivas.

Entre as estratégias que podem ajudar estão:

Exercícios cognitivos – jogos de memória, quebra-cabeças e outras atividades que estimulam a percepção visuoespacial. Fisioterapia e treinamento de equilíbrio – fortalecimento muscular e melhora da coordenação ajudam a reduzir riscos de quedas. Adaptações no ambiente – iluminação adequada e uso de corrimãos podem aumentar a segurança.

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A esclerodermia, também conhecida como esclerose sistêmica, é uma doença rara e complexa que causa o endurecimento da pele e, em alguns casos, pode afetar órgãos vitais como pulmões, rins e coração.

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Apesar de ser pouco conhecida, ela traz impactos significativos para a qualidade de vida de quem convive com ela. E um dado chama a atenção: as mulheres são quatro vezes mais propensas a desenvolver a doença do que os homens. Mas por quê?

Dois estudos recentes liderados por pesquisadores do Hospital for Special Surgery (HSS), nos Estados Unidos, trouxeram respostas surpreendentes e abriram caminho para novas possibilidades de tratamento.

O que é esclerodermia? A esclerodermia é uma doença autoimune, ou seja, ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente os tecidos do próprio corpo. Isso desencadeia um processo de fibrose, que é o espessamento e endurecimento da pele e, em casos mais graves, de órgãos internos.

A doença afeta cerca de 300 mil pessoas nos Estados Unidos, sendo que um terço delas desenvolve a forma sistêmica, que pode comprometer funções vitais. No Brasil, ainda faltam dados precisos, mas a realidade dos pacientes é igualmente desafiadora.

Por que as mulheres são mais afetadas? A resposta para essa pergunta está nos cromossomos. Os estudos publicados na Journal of Experimental Medicine revelaram que dois receptores genéticos, chamados TLR7 e TLR8, presentes no cromossomo X, desempenham um papel crucial no desenvolvimento da esclerodermia.

Esses receptores ativam células imunológicas conhecidas como células dendríticas plasmacitoides (pDCs), que estão diretamente ligadas ao processo de fibrose.

Aqui está o detalhe fascinante: as mulheres têm dois cromossomos X, enquanto os homens têm um X e um Y. Em células saudáveis, um dos cromossomos X das mulheres é desativado naturalmente, como uma forma de equilíbrio.

No entanto, nos pacientes com esclerodermia, esse mecanismo falha. Os receptores TLR7 e TLR8 “escapam” da desativação, resultando em uma superexpressão desses genes.

“Ficamos surpresos com a magnitude desse escape”, explica o Dr. Franck Barrat, PhD, líder dos estudos. Enquanto em pessoas saudáveis apenas 10% a 15% das células escapam da desativação, em pacientes com esclerodermia, esse número salta para mais de 35%.

Essa superativação das pDCs explica por que a doença é tão prevalente em mulheres.

O papel da inflamação crônica Além da descoberta sobre os cromossomos, os pesquisadores identificaram outro fator crucial: uma proteína chamada CXCL4, que desempenha um papel central na perpetuação da inflamação.

Em condições normais, quando há uma lesão na pele, o sistema imunológico entra em ação para promover a cicatrização e, em seguida, desliga o processo inflamatório. No entanto, em pacientes com esclerodermia, a CXCL4 impede que essa “pausa” aconteça, mantendo as pDCs em estado de ativação crônica e perpetuando o ciclo de fibrose.

“Basicamente, as pDCs são atraídas pela fibrose, mas, em vez de serem desativadas, a CXCL4 as mantém ativas, contribuindo para o agravamento da doença“, detalha o Dr. Barrat.

Novas esperanças no horizonte Apesar de ainda não haver cura para a esclerodermia, as descobertas abrem portas para tratamentos mais eficazes. Os pesquisadores acreditam que terapias direcionadas às pDCs podem ser a chave para interromper o ciclo de fibrose.

“Há medicamentos em desenvolvimento que já mostraram potencial em bloquear as pDCs, especialmente em pacientes com lúpus, e que podem ser testados para a esclerodermia“, afirma o Dr. Barrat.

Esses avanços são fruto de uma colaboração internacional, envolvendo cientistas e clínicos de instituições como a Universidade de Toulouse, na França, e o Centro de Excelência em Esclerodermia, Vasculite e Miosite do HSS.

A união de esforços tem sido fundamental para desvendar os mistérios dessa doença e oferecer novas esperanças aos pacientes.

O que isso significa para os pacientes? Para as milhares de mulheres que convivem com a esclerodermia, essas descobertas representam um passo importante em direção a tratamentos mais eficazes e personalizados.

A compreensão dos mecanismos biológicos por trás da doença não apenas explica a disparidade de gênero, mas também aponta caminhos para terapias inovadoras.

Enquanto a ciência avança, é essencial que os pacientes tenham acesso a informações confiáveis e a um acompanhamento médico especializado. A esclerodermia pode ser uma doença desafiadora, mas, com o suporte adequado e as novas descobertas, há motivos para acreditar em um futuro melhor.

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Um novo estudo indica que adultos mais velhos com níveis baixos de vitamina B12, ainda que dentro da faixa considerada normal, podem apresentar declínio cognitivo e danos cerebrais. A pesquisa, publicada no Annals of Neurology, foi conduzida por cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), e sugere que os critérios atuais para deficiência de B12 podem precisar de revisão.

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B12 e o funcionamento do cérebro A vitamina B12 é essencial para a produção de DNA, glóbulos vermelhos e para a saúde do tecido nervoso. No entanto, os pesquisadores descobriram que níveis mais baixos dessa vitamina estão associados a tempos de reação mais lentos e lesões na substância branca do cérebro — estrutura crucial para a comunicação entre diferentes regiões cerebrais.

O estudo analisou 231 participantes saudáveis, com idade média de 71 anos, sem sinais de demência ou comprometimento cognitivo leve. Mesmo com níveis médios de B12 acima do mínimo recomendado (414,8 pmol/L contra o mínimo de 148 pmol/L, nos EUA), aqueles com menor quantidade ativa da vitamina tiveram pior desempenho em testes de velocidade de processamento e resposta visual.

Lesões cerebrais e declínio cognitivo As ressonâncias magnéticas mostraram que os participantes com menos B12 ativa apresentavam um maior volume de lesões na substância branca, fator associado ao declínio cognitivo, demência e até ao risco de AVC (acidente vascular cerebral). Esse efeito foi mais acentuado entre os idosos, indicando que a insuficiência da vitamina pode amplificar os impactos do envelhecimento cerebral.

Revisão das diretrizes de B12 O autor sênior do estudo, Dr. Ari J. Green, enfatiza que as diretrizes atuais para deficiência de B12 podem precisar ser reavaliadas.

“Os estudos anteriores podem não ter identificado efeitos sutis da deficiência de B12, que impactam a cognição sem manifestar sintomas claros”, explica Green. “Redefinir a deficiência dessa vitamina pode permitir intervenções precoces e ajudar na prevenção do declínio cognitivo.”

A coautora Alexandra Beaudry-Richard acrescenta que a insuficiência de B12 pode estar afetando mais pessoas do que se imaginava. Segundo ela, médicos devem considerar a suplementação em pacientes idosos com sintomas neurológicos, mesmo que seus níveis de B12 estejam dentro dos parâmetros convencionais.

Importância da suplementação O estudo reforça a necessidade de mais pesquisas sobre a biologia da insuficiência de B12 e seus impactos no cérebro. Como uma possível causa evitável de declínio cognitivo, especialistas recomendam que a suplementação da vitamina seja analisada caso a caso, principalmente entre a população idosa.

Manter níveis adequados de vitamina B12 pode ser um fator chave para preservar a função cerebral e prevenir o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas ao longo do envelhecimento.

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