Secom O secretário de Saúde de Floriano, James Rodrigues, recebeu nesta quinta-feira, 11, representantes da Subcomissão de Saúde da OAB Floriano que é presidida pela advogada Dra. Ana Alice Andrade. O presidente da OAB Floriano, Dr. Pablo Alves esteve presente no encontro.
Na reunião, os advogados colocaram que a comissão pode ajudar a Secretaria de Saúde na melhoria da prestação de serviços, bem como na fiscalização de ações e programas desenvolvidos. “Nossa visita nesse primeiro momento é para entender o contexto real de funcionamento da SMS e quais os principais gargalos. Não estamos aqui para cobrar, mas para unir esforços”, explica a Dra. Ana Alice Andrade.
O presidente da OAB Floriano, Pablo Alves, também enfatizou a importância da saúde pública no contexto atual de pandemia e destacou que o sistema municipal de saúde teve grandes avanços nos últimos anos. “Muita coisa melhorou e precisamos manter esse padrão de qualidade, por isso, essa reunião é importante”, disse.
James Rodrigues agradeceu a visita e se colocou à disposição para fortalecer a saúde pública municipal. “Nós já temos uma parceria importante com o Ministério Público e agora com a vinda da subcomissão de saúde, tenho certeza que teremos grandes projetos para desenvolver no fortalecimento da SUS”, ressalta.
A Covid-19 pode afetar a fertilidade masculina. É o que aponta um estudo conduzido por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Rede Mater Dei, de Belo Horizonte, com pacientes que morreram vítimas da doença.
A pesquisa mostrou que 100% deles tiveram os testículos comprometidos e que o vírus ainda tinha a capacidade de infectar mesmo após bastante tempo de contaminação. "Um dos pacientes morreu 26 dias após o início dos sintomas e havia vírus infectante no testículo, o que não era esperado", diz o urologista e especialista em fertilidade masculinha Marcelo Horta Furtado, um dos coordenadores do estudo. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, também colaboraram com o trabalho.
A pesquisa foi submetida a uma revista científica internacional em fase de pré-print, quando ainda não foi revisada por outros cientistas, mas já recebeu comentários de pesquisadores de diversos países. Um estudo conduzido pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, encontrou resultados semelhantes em macacos.
Os pesquisadores mineiros estudaram, com autorização das famílias, os testículos de onze homens com idade entre 40 e 88 anos que tiveram a forma gravíssima da Covid-19. Todos ficaram internados em CTIs e faleceram em 2021. Foram retirados os dois testículos de cada paciente. Agora, eles querem saber se o vírus pode comprometer a fertilidade também de pacientes que tiveram a forma leve ou moderada da doença. Os estudos estão sendo feitos com dois grupos de homens que tiveram a doença — em um houve apenas isolamento domiciliar e no outro os pacientes foram internados em hospital.
No primeiro grupo as amostras de sêmen são colhidas entre 15 e 30 dias após os sintomas, três e seis meses depois. No segundo, a coleta é feita seis meses depois da alta. "Há indícios de que esse comprometimento possa ser transitório", diz Furtado. A pesquisa deve mostrar o grau de comprometimento e quanto tempo os efeitos duram. Os resultados devem ser conhecidos em até dois anos e serão importantes para casos de inseminação artificial, fertilização in vitro e tratamento de infertilidade.
O estudo partiu da constatação de que diversos vírus se alojam nos testículos e de artigos que mostravam que o Sars-Cov 1, vírus da mesma linhagem do novo coronavírus que causou uma epidemia na Ásia em 2006, também comprometia a fertilidade dos homens.
8° Boletim Epidemiológico, sobre os casos de dengue no estado do Piauí, registrou o primeiro óbito pela doença em 2022 no estado. O indivíduo que teve a morte confirmada em decorrência da dengue é da capital Teresina.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) já vem trabalhando ações para combater a proliferação do mosquito. O registro de morte pela doença acende um alerta ainda maior, tanto para os gestores municipais como a população, sobre a necessidade de fortaler as medidas de prevenção e enfretamento da doença.
O boletim aponta ainda que em referência ao mesmo período do ano passado, o estado apresentou em sua 8° semana epidemiológica um aumento de 236,9 % de possíveis casos de dengue.
O supervisor de Entomologia da Sesapi, Ocimar Alencar, chama a atenção para a situação e a necessidade da população fortalecer os cuidados para evitar água parada e impedir que o vetor da doença prolifere.“Ano passado nós não registramos nenhuma morte em decorrência da dengue aqui no Piauí, com o registro do primeiro óbito neste ano de 2022, estamos voltando a reforçar os cuidados que as pessoas devem ter em casa, uma vez que nossas pesquisas apontam que a grande maioria dos criadouros de mosquito são encontrados em ambientes domiciliares”, ressalta o supervisor.
O documento aponta ainda que Curimatá; São Pedro do Piauí; Avelino Lopes; Agricolândia e Antônio Almeida são os cinco municípios com o maior nível de incidência do estado. Em 2021 até a 8° semana epidemiológica 190 municípios piauienses não notificaram casos suspeitos de dengue, já em 2022 durante o mesmo período a quantidade de municípios que não notificaram casos suspeitos reduziu para 176.
O secretario de Estado da Saúde, Florentino Neto, destaca que as equipes da Sesapi estão vigilantes e mantendo contato com os municípios, para que juntos a Sesapi possa auxiliar o enfrentamento a dengue no estado.
“Nossas equipes seguem vigilantes e acompanhando a situação de todo o estado, mantemos contato diretamente com os municípios que identificamos ter uma necessidade maior de atenção e traçamos estratégias de prevenção e enfrentamento a dengue”, lembra o gestor.
O Boletim ainda apresenta os números referentes a Febre Chikungunya o estado apresentou um aumento de 86,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O estado não apresenta óbitos pela doença desde 2018.
Com base em dados de 3.587 adolescentes entre 12 e 19 anos que participaram do inquérito nacional de saúde e nutrição dos Estados Unidos, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) calcularam o quanto o consumo de alimentos ultraprocessados impacta no risco de obesidade.
No estudo, os jovens foram divididos em três grupos de acordo com a quantidade ingerida desses produtos. Ao comparar os que mais comiam ultraprocessados (em média 64% do total de gramas da dieta) com aqueles que comiam menos (18,5% em média), observou-se que os do primeiro grupo tinham 45% mais chance de obesidade, 52% mais chance de obesidade abdominal (gordura localizada na barriga) e – o dado mais preocupante – 63% mais chance de obesidade visceral (acúmulo de gordura entre os órgãos), que está altamente relacionada com o desenvolvimento de hipertensão, doença arterial coronariana, diabetes tipo 2, dislipidemia e aumento do risco de mortalidade. Os resultados completos da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.
“A evidência científica tornou-se bastante sólida em relação ao papel negativo dos alimentos ultraprocessados na pandemia de obesidade. Isso está muito bem demonstrado para os adultos. Entre os jovens já havíamos constatado que o consumo desses produtos é elevado – representando cerca de dois terços da dieta dos adolescentes norte-americanos –, mas os resultados referentes à associação entre padrões alimentares baseados em ultraprocessados e desfechos de saúde, entre eles a obesidade, eram escassos e inconsistentes”, explica Daniela Neri, primeira autora do artigo e integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Contexto Coordenada pelo professor Carlos Augusto Monteiro, a equipe do Nupens foi pioneira em associar as mudanças no processamento industrial de alimentos com a pandemia de obesidade, que teve início nos Estados Unidos nos anos 1980 e, no século 21, atingiu a maioria dos países do mundo.
Com base nessa hipótese, o grupo desenvolveu uma classificação para os alimentos, denominada NOVA, baseada no nível de processamento industrial. O trabalho embasou as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira lançado em 2014, que recomenda priorizar as preparações culinárias com alimentos in natura ou minimamente processados e evitar os ultraprocessados – categoria que pode incluir desde refrigerantes, bolachas recheadas e salgadinhos de pacote até mesmo um aparentemente inocente pão de forma integral.
“De modo geral, os alimentos e bebidas ultraprocessados contêm aditivos químicos – como corantes, aromatizantes, emulsificantes e espessantes – que buscam melhorar as características sensoriais do produto. Muitos deles têm alta densidade energética e teores elevados de açúcar e gordura, o que contribui diretamente para o ganho de peso. Mas mesmo aqueles com baixas calorias, como o refrigerante diet, podem favorecer o desenvolvimento de obesidade de formas que vão além da composição nutricional. Por exemplo, interferindo na sinalização de saciedade do organismo ou modificando a microbiota do intestino”, explica Neri. Metodologia
Na pesquisa recém-publicada, a dieta dos adolescentes foi avaliada por meio de uma metodologia conhecida como Recordatório Alimentar de 24 horas, que consiste na obtenção de informações sobre os tipos e as quantidades de todos os alimentos e bebidas ingeridos no dia que antecede a entrevista, bem como os horários e os locais de consumo das refeições. A maioria dos participantes incluídos na análise (86%) passou por duas entrevistas do tipo, com um intervalo de duas semanas entre elas.
Com base nesse recordatório, os jovens foram divididos em três grupos. No primeiro estavam os que consumiam até 29% dos gramas totais da dieta em ultraprocessados. No segundo, aqueles para os quais esse percentual variou entre 29% e 47% e, no último tercil, ficaram aqueles com valores acima de 48%.
Também foram avaliados os dados antropométricos dos participantes, entre eles peso, altura e circunferência da cintura. Esses índices foram avaliados para idade e sexo, de acordo com o padrão de crescimento do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
“O risco de obesidade total foi estimado com base no IMC, que é calculado dividindo o peso [em quilos] pela altura ao quadrado [em metros]. Já para avaliar a obesidade abdominal nos baseamos na medida da circunferência abdominal. E um parâmetro menos conhecido, que é o diâmetro abdominal sagital, foi usado como proxy [valor representativo] da obesidade visceral”, conta Neri.
Como explica a pesquisadora, o diâmetro abdominal sagital é uma forma indireta e não invasiva de mensurar a quantidade de gordura entre os órgãos. “O indivíduo deita na maca e, com uma espécie de régua [paquímetro], é aferida a distância entre a parte inferior das costas até a região do umbigo, de modo que a gordura subcutânea mais mole caia para os lados e a gordura visceral, mais rígida, permaneça no local. Desse modo, evitam-se eventuais erros de medição que poderiam ser causados por dobras na região da cintura.”
Todos os dados avaliados na pesquisa da USP foram extraídos do National Health and Nutrition Examination Survey (Nhanes) – o inquérito nacional de saúde e nutrição realizado continuamente nos Estados Unidos. Trata-se de um banco público de dados que abrange uma amostra nacionalmente representativa da população dos Estados Unidos. No estudo, foram usadas informações coletadas entre 2011 e 2016. Segundo Neri, as conclusões podem ser extrapoladas para os jovens brasileiros, que também estão expostos desde cedo aos alimentos ultraprocessados, ainda que em menor proporção.
“No Brasil não há nenhum levantamento que forneça, ao mesmo tempo, informações sobre consumo alimentar de adolescentes e dados antropométricos coletados em avaliações presenciais. Esse tipo de inquério nutricional tem alto custo e requer financiamento contínuo. No país há algumas iniciativas similares, porém, mais simples”, comenta Neri.
No Vigitel, que é o inquérito nacional conduzido anualmente pelo Ministério da Saúde para monitorar fatores de risco e proteção para doenças crônicas, por exemplo, a coleta de dados é feita por telefone e somente com pessoas acima de 18 anos. Os dados mais recentes desse levantamento, divulgados em janeiro deste ano pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), apontam que a taxa de obesidade na população adulta do Brasil passou de 11,8% em 2006 para 21,5% em 2020, ou seja, praticamente dobrou.
Já a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz dados sobre o consumo alimentar de adolescentes e adultos no país, mas não contém informações sobre o estado de saúde dos pesquisados.
Segundo a edição mais recente da POF, feita entre 2017 e 2018, mais da metade (53,4%) das calorias consumidas pelos brasileiros vêm dos alimentos in natura (verduras, frutas, carnes, leite etc.) ou minimamente processados (grãos e farinhas, por exemplo), 15,6% de ingredientes culinários processados (como sal, açúcar e azeite), 11,3% de alimentos processados (queijos, pães artesanais, frutas e legumes em conserva) e 19,7% de alimentos ultraprocessados. Entre os adolescentes analisados na POF a proporção de ultraprocessados representa 27% do total de calorias diárias, enquanto entre adultos com 60 anos ou mais esse percentual é de 15,1%.
Comparações
Em outro estudo conduzido no Nupens e divulgado na revista Obesity Reviews, os pesquisadores compararam os dados sobre o padrão alimentar dos adolescentes da POF 2017-2018 com informações similares de outros sete países: Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, México, Estados Unidos e Reino Unido.
A participação dos ultraprocessados na dieta dos jovens variou bastante entre as nações – sendo menor na Colômbia (19% das calorias da dieta) e no Brasil (27%) e mais alta entre os britânicos (68%) e norte-americanos (66%). Apesar da discrepância no consumo, o impacto na qualidade da dieta foi muito parecido em todas as populações avaliadas, conta Neri à Agência FAPESP.
“Nesse estudo os jovens também foram divididos em grupos de acordo com o consumo de ultraprocessados. E observamos que, à medida que aumenta a participação desses produtos, há uma piora na qualidade da dieta, ou seja, cresce a densidade energética e os teores de açúcar. Por outro lado, ocorre redução de fibras. O efeito negativo é muito parecido em todos os países, independentemente da proporção de ultraprocessados, da região ou da cultura.”
Embora o arroz com feijão ainda seja a base da alimentação brasileira, ressalta a pesquisadora, um levantamento divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde revelou que o consumo de ultraprocessados é frequente no país até mesmo entre crianças com menos de 5 anos: mais de 80% dos indivíduos nessa faixa etária fazem uso regular.
“A ingestão desses produtos tira o espaço do alimento in natura ou minimamente processado em uma fase em que os hábitos alimentares estão sendo formados”, alerta Neri. “Essa exposição de crianças e adolescentes a esses alimentos obesogênicos representa uma verdadeira programação para problemas futuros de saúde. É realmente preocupante.”
Para a pesquisadora, controlar essa exposição é algo que está além da capacidade das famílias, uma vez que seria necessário remodelar todo o sistema alimentar atual.
“Além de conscientizar os consumidores, é preciso agir em várias frentes por meio de políticas públicas. Há diferentes estratégias possíveis, como restringir a publicidade, principalmente para crianças, e aumentar a tributação desses produtos, ao mesmo tempo em que se amplia o acesso aos alimentos in natura. Outra medida fundamental diz respeito aos rótulos, que devem trazer informações mais claras para guiar as escolhas alimentares dos consumidores”, avalia Neri.