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doençasilwnciosaO grande aumento de casos de obesidade, do consumo de álcool e da automedicação durante a pandemia de covid-19 fizeram disparar o número de doenças silenciosas, como aquelas que afetam o fígado, maior glândula e maior órgão maciço do corpo humano, e cujo impacto na saúde dos brasileiros agora e também durante a próxima década preocupa especialistas.

O presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (IBRAFIG), Paulo Bitencourt, afirmou em entrevista à Agência Efe que as hepatites virais, alcóolicas e medicamentosas, além da esteatose (gordura no fígado), as principais doenças que acometem este órgão do sistema digestivo, evoluem sem apresentar sintomas, até o desenvolvimento de cirrose e câncer.

Por isso, é preciso estar atento às condições associadas ao maior risco de desenvolver esses quadros, muitas delas agravadas durante a pandemia, como o sedentarismo e a obesidade, segundo o especialista, que relatou um "crescimento muito grande dos casos de hepatite medicamentosa" relacionados à automedicação de fármacos ou suplementos com o objetivo de tratar precocemente ou prevenir a covid-19.

O médico também alertou para o aumento da frequência, em unidades de terapia intensiva (UTIs), de casos de hepatite alcoólica aguda, que pode levar à insuficiência hepática em poucas semanas devido ao consumo abusivo de álcool, e que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 50%.

Além disso, o especialista alertou para aumentos do consumo de alimentos industrializados e multiprocessados na pandemia e dos casos de ganho de peso, que devem se refletir muito, no Brasil, no número de pessoas com excesso de gordura no fígado, que já é a maior causa de transplantes em alguns estados dos Estados Unidos.

Obesidade e sedentarismo na covid-19

De acordo com a coordenadora do departamento de doenças do fígado da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Claudia Oliveira, a esteatose acomete entre 20% e 30% da população mundial e brasileira, e tem como principais fatores de risco para gordura no fígado aumento de peso, diabetes, colesterol e triglicerídios altos e sedentarismo. Por esse motivo, o aumento do peso é altamente preocupante no Brasil, onde 60% da população tem sobrepeso, e a obesidade já afeta 20% dela.

A gordura no fígado não é uma doença tão benigna assim, ela pode evoluir para formas mais graves, incluindo cirrose e câncer de fígado, e o acúmulo de gordura pode ocorrer em semanas ou meses, mas a fibrose e a inflamação demoram de sete a 10 anos", estimou a especialista.

Mesmo assim, Oliveira alertou que essa evolução é silenciosa e pode levar a uma esteato-hepatite, que se dá quando, além da gordura, o paciente apresenta uma inflamação no fígado e até fibrose (depósito de colágeno), quadro que vem crescendo muito na pandemia e que, como ela alertou, "já é quase a segunda causa de transplantes no Brasil".

"A esteatose já era a principal doença ambulatorial de fígado, mas, na pandemia, com o aumento da obesidade, da ansiedade e da compulsão alimentar e piora de estilos de vida que já não eram muito bons devido ao isolamento social, vimos um aumento de casos de gordura no fígado durante esse período", disse.

"O aumento de consumo do álcool também preocupa, porque ele aumenta a gordura no fígado por si só, então quando você junta sedentarismo, má alimentação, obesidade e ainda uma ingestão maior de álcool, esse é um trio bastante ruim para esses pacientes, e na pandemia isso se exacerbou", acrescentou.

Oliveira explicou que, nas primeiras fases da doença, quando há mais gordura e pouca fibrose, o tratamento é perda de peso, redução de calorias, do consumo de açúcar, de frutose, e aumento da prática de exercícios, tanto atividades aeróbicas quanto de resistência. "Em todas as fases essa mudança de estilo de vida é preconizada.

Então, por mais que haja a necessidade de um remédio para a fibrose, por exemplo, o ideal é que o paciente adote essas medidas, senão, só o medicamento não será suficiente. Então, ele tem que se conscientizar.

Quando o indivíduo perde 10% do peso, ele já tem uma melhora na esteatose, na inflamação e até na fibrose", ressaltou. A médica lembrou também que, no início da pandemia, consultas médicas foram suspensas devido ao risco de contrair a covid-19, o que foi mais um agravante para o aumento de doenças hepáticas, devido à falta de acompanhamento e também de diagnóstico. "Qualquer pessoa acima de 45 anos, até para afastar hepatites virais, deve fazer sorologia para hepatites virais, enzima hepática, ultrassonografia", disse.

Crescimento da automedicação e a pandemia "fake news"

Outra consequência da disseminação da covid-19 e do isolamento social foi o crescimento da automedicação, um problema de saúde pública no Brasil e que, segundo o especialista Raymundo Paraná, se deve a uma questão cultural no Brasil e também à dificuldade de acesso a atendimento médico e saúde.

Esta prática representa um grande risco não só para o fígado, mas também para a saúde do indivíduo, seja por prescindir de um tratamento adequado comprovado cientificamente, por consumir substâncias tóxicas ou por realizar combinações entre componentes que acabam sendo nocivas para o organismo.

"A automedicação com alopáticos continua hoje, embora mais restrita por conta de políticas públicas. Mas a questão do consumo de ervas, folhas, suplementos, fitoterápicos, ficou livre e foi rapidamente captada em um contexto muito comercial nas redes sociais, nas mídias e até mesmo por profissionais de saúde", disse Paraná, que alertou para os perigos do "cházinho da vovó" ou de "medicações tradicionais indígenas" não testadas em contexto científico, que podem até mesmo levar à morte.

Para Paraná, a facilidade de acesso à informação fez com que as pessoas se contentem com informações superficiais que não confiram a a fonte, o que aumenta a exposição do público a notícias falsas que podem ser extremamente prejudiciais à saúde, como foi o caso da popularização do uso de medicamentos como cloroquina ou ivermectina para um suposto tratamento precoce contra a covid-19 ou o uso de multivitamínicos para se proteger da doença. "O que se fala rapidamente ganha espaço e se transforma em uma verdade, esse é o mal que as fake news fazem.

A situação é gravíssima, e durante a pandemia o terreno ficou mais fértil para essas sementes malignas e maliciosas. Elas proliferaram muito, muitas informações equivocadas", lamentou o especialista em hepatologia.

Nesse sentido, o professor titular de Gastro-Hepatologia da UFBA lembrou que "não existe alternativa à ciência, e atribui esse fato também à falta de honestidade e transparência de alguns profissionais da área da saúde. Por outro lado, Paraná também criticou a dicotomização entre o que é sintético e o que é natural, que considerou como "uma jogada perversa e desonesta de marketing". "

O que é natural é santificado, e o que é sintético é demonizado. Não é assim, só um profissional que não tem nenhum cuidado com a honestidade e a ética pode passar uma informação tão pouco verdadeira como essa, já que vários medicamentos alopáticos tem origem natural", defendeu.

Álcool, um vilão do isolamento social

Segundo dados da pesquisa ConVid, da Fundação Oswaldo Cruz e realizada em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas (2020), 17,6% dos mais de 40.000 entrevistados (18,1% entre homens e 17,1% entre mulheres) afirmaram ter ingerido mais bebidas alcoólicas nesse período.

O maior avanço, 24,6%, foi registrado na faixa etária de 30 a 39 anos de idade, e o menor entre idosos (11,2%). O estudo indicou, ainda, que quanto maior a frequência dos sentimentos de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas alcoólicas, atingindo 24% das pessoas que têm se sentido dessa forma durante a pandemia.

No total, 40% da população se sentiu triste/deprimida e 53% se sentiu ansiosa/nervosa frequentemente (muitas vezes ou sempre). Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais subiram para 54% e 70%, respectivamente. "O consumo abusivo de álcool e o Beber Pesado Episódico, ou seja, o consumo de mais de cinco doses por ocasião para homens e quatro para mulheres, geralmente em um intervalo de duas horas, estão muito associados com as alterações de saúde mental que ocorreram durante a pandemia da covid-19, que a gente sabe que teve um impacto muito grande na saúde mental", destacou o presidente do IBRAFIG, instituto vinculado à Sociedade Brasileira de Hepatologia.

"Essa elevação de consumo do álcool pode elevar a frequência de doenças hepáticas, principalmente cirrose hepática a longo prazo, e o álcool é uma substância que causa dependência, então o que começou durante a pandemia pode ser que não desapareça.

Pode ser um hábito que veio para ficar e que pode levar a um incremento importante das doenças do fígado", acrescentou. Bitencourt lembrou, ainda, que, 48% das causas de cirrose no mundo são atribuídas ao consumo de álcool, fator importante também no Brasil, onde cerca de 41% da população consome álcool, tendo como bebida preferida a cerveja.

O especialista também ressaltou que, apesar de o consumo ser mais abusivo entre homens com alto poder aquisitivo, o aumento no consumo entre mulheres nos últimos anos vem chamando a atenção, principalmente porque elas têm uma predisposição maior para desenvolver doença alcoólica do fígado.

Um estudo retrospectivo divulgado pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em abril de 2021, também apontou que o consumo do álcool contribui para mais de 300 mil mortes nas Américas, e que quase 65% delas correspondem a pessoas com menos de 60 anos de idade e 64% ocorreram por doença hepática. Além disso, os números indicam que cerca de 80% das mortes atribuíveis ao álcool aconteceram em três países: Estados Unidos, Brasil (quase 25% do total) e México.

EFE

Foto: Pixabay

Com a variante delta, muito mais contagiosa que a cepa original, parece ilusório alcançar a imunidade coletiva apenas com as vacinas anticovid-19, embora os imunizantes continuem sendo cruciais para conter a pandemia - destacam especialistas ouvidos pela AFP.

Há vários meses, a imunidade coletiva - ou seja, o nível de pessoas imunizadas a partir do qual a epidemia é controlada - é considerada o "santo graal" para uma saída da crise sanitária mundial. Mas, assim como graal, não se trata de uma quimera? Tudo depende da definição adotada, respondem os cientistas.

"Se a pergunta é 'apenas as vacinas permitirão o retrocesso e o controle da epidemia?', a resposta é não", disse à AFP o epidemiologista Mircea Sofonea.

De fato, "há dois parâmetros: a contagiosidade intrínseca do vírus e a eficácia da vacina contra a infecção. E não são suficientes", acrescenta.

Por quê? A variante delta, agora dominante, é considerada 60% mais transmissível que a precedente (alfa), e duas vezes mais, que a cepa original. E, quanto mais contagioso é um vírus, mais elevado é o nível necessário para alcançar a imunidade coletiva, obtida por meio das vacinas, ou da infecção natural.

AFP

coronavaccUm estudo feito por pesquisadores da Universidade Médica de Chongqing, na China, mostrou que a CoronaVac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac contra a covid-19, fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, é capaz de dobrar, em quem já teve a doença, a quantidade de anticorpos neutralizantes e multiplicar em 4,4 vezes o nível de imunoglobulina IgG.

Anticorpos neutralizantes são responsáveis por combater uma eventual reinfecção pelo SARS-CoV-2). Já o IgG está ligado ao processo de defesa do organismo no qual atuam as imunoglobulinas encontradas na corrente sanguínea, e também desempenha papel fundamental na prevenção de reinfecção viral. Os resultados preliminares da pesquisa, feita com 85 pacientes recuperados da covid-19, foram divulgados na Cell Discovery, publicação que faz parte do grupo britânico Nature. Os participantes do estudo tinham entre 3 e 84 anos e tinham contraído a doença, em sua maioria, no início de 2020.

De acordo com os resultados da pesquisa, o nível de anticorpos neutralizantes entre as pessoas que tiveram covid-19, que era de 36 um dia antes da primeira dose, foi subindo até atingir 108 duas semanas após a segunda dose. No grupo de controle, esse indicador alcançou 56 – ou seja, a quantidade de anticorpos neutralizantes gerados pela vacina em quem já havia se contaminado com covid-19 foi o dobro na comparação com quem não havia tido a doença.

Entre os convalescentes, o nível da imunoglobulina IgG, que era de 3,68 um dia antes da vacina, subiu para 47,74 duas semanas após a segunda dose de CoronaVac. É uma quantidade 4,4 vezes superior ao nível de 10,81 detectado no grupo controle.

No entanto, ao longo dos 12 meses de acompanhamento dos 85 pacientes analisados, os níveis dos anticorpos neutralizantes diminuíram de 631, no fim do primeiro mês, para 84 no último mês. No caso da imunoglobulina IgG, o indicador caiu de 28,6 para 7,2 no mesmo período.

Agência Brasil

Foto: SEDAT SUNA/EFE/EPA

Uma nova vacina contra covid-19 desenvolvida por laboratórios dos Estados Unidos e da Índia, em parceria com o Senai Cimatec (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) da Bahia, obteve autorização de testes em humanos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta quinta-feira (26).

O estudo é de fase 1 e será feito com 90 voluntários adultos saudáveis, com idades entre 18 e 55 anos. O trabalho será conduzido no Hospital da Bahia, em Salvador.

Este é o 13º ensaio clínico de uma vacina anticovid autorizado no Brasil pela Anvisa.

Nos Estados Unidos, outros 78 voluntários vão participar desta fase de teste, que verifica a segurança e o regime de dose.

"A vacina será avaliada em um cronograma de dose única e duas doses com intervalos diferentes. O primeiro grupo receberá duas doses com intervalo de 29 dias. Já o segundo grupo receberá duas doses com intervalo de 57 dias. O terceiro grupo de voluntários receberá uma dose única da vacina. Serão avaliados três níveis de dose (1 μg, 5 μg ou 25 μg) no ensaio clínico aprovado", acrescenta a agência reguladora em nota.

A vacina é baseada em uma tecnologia de RNA replicon (repRNA) auto amplificante, capaz de codificar a proteína spike do coronavírus causador da covid-19.

Induzir resposta imune a esta proteína é o alvo da maioria das vacinas anticovid, já que a spike é responsável pela ligação do vírus com receptores nas células humanas.

O projeto da vacina é da empresa norte-americana HDT Bio Corp. da indiana Gennova Biopharmaceuticals e tem apoio do MCTI (Ministério de Ciência e Tecnologia) brasileiro, por meio do Senai Cimatec da Bahia.

R7