• prefeutura-de-barao.jpg
  • roma.png
  • SITE_BANNER.png
  • vamol.jpg

O número de internações no Brasil por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) teve um aumento muito acima da média a partir de fevereiro, antes da declaração de pandemia do novo coronavírus (covid-19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e antes dos governos estaduais adotarem medidas de contenção para evitar o contágio em massa, como a determinação de quarentena nas cidades e o cancelamento de eventos públicos, tomadas a partir de segunda semana de março.

Os dados estão no sistema InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As informações mais recentes se referem à semana epidemiológica 12, que vai de 15 a 21 de março, quando as notificações já estavam na zona de risco do gráfico e a atividade semanal considerada muito alta. Os dados mostram a estimativa de 2.251 casos notificados na semana, sendo a maior incidência, com 503 casos, em maiores de 60 anos, ou 22,3% do total.

Desde o começo do ano as internações já estavam acima dos níveis de segurança, com cerca de 300 casos por semana, quando o número dentro da normalidade seria na faixa de 100. Na sétima semana epidemiológica, de 9 a 15 de fevereiro, os casos aumentam para 437 notificações, sendo a maioria em bebês, com 120 casos (27,5%), enquanto a notificação de idosos somou 74 casos, 16,9% do total.

Registros no país

Até o momento, foram registrados 6.883 casos no país. Na distribuição por faixa etária, os menores de 2 anos e os maiores de 60 são sempre os principais grupos afetados, ou seja, são os grupos mais vulneráveis à síndrome respiratória. Porém, nos anos anteriores, a proporção de bebês sempre é maior que a de idosos nas primeiras semanas epidemiológicas.

Na comparação com outros anos, nota-se o aumento da proporção de idosos entre os internados com SRAG, bem como a evolução durante o ano de 2020. No ano passado, por exemplo, foram 432 casos reportados na semana 7, com 191 bebês, ou 44,2% do total. Na semana 12 de 2019 foram 934 casos, com 508 menores de 2 anos, ou 54,4%.

Em 2017, considerado pela Fiocruz como um ano de temporada regular para as internações por SRAG, a semana 7 teve 312 casos, sendo 94 bebês, ou 30,1% do total. Na semana 12 daquele ano foram registrados 575 casos, sendo 227 em bebês abaixo de 2 anos, o que corresponde a 39,5%.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, pesquisador em saúde pública no Programa de Computação Científica da Fiocruz, lembra que outras doenças, além da covid-19, causam a síndrome respiratória, como influenza e pneumonia. Porém, os dados mostram elevação abrupta coincidente com a chegada do coronavírus no país.

“Os dados indicam que a infraestrutura de atendimento hospitalar já está observando uma carga de ocupação em função de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) extremamente elevada, acima da média. Já vinha acima do esperado e com tendência de alta. Porém, nas duas últimas semanas disparou”.

Covid-19

Gomes esclareceu que nem todos os casos reportados de SRAG são da covid-19, mas, por orientação do Ministério da Saúde, todos passaram a ser considerados suspeitos do novo coronavírus.

“Desde a nova portaria do Ministério, todos os casos de SRAG passam a ser suspeitos de covid-19. Certamente nem todos os casos levantados pelo relatório são casos de covid-19, mas não sabemos ainda qual o percentual foi em decorrência de qual vírus respiratório”.

O pesquisador lembrou que apenas os exames laboratoriais podem dar a certeza sobre que doença levou os pacientes à internação.

"A mudança brusca de comportamento sugere que há algo diferente acontecendo, e isso pode ser justamente o novo coronavírus. Seriam necessários exames laboratoriais para saber qual agente infeccioso está causando estas internações, saber quantos casos são influenza e quantos são do novo coronavírus”.

O Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional foi decretado pelo Ministério da Saúde no dia 3 de fevereiro, após a OMS declarar a Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional em 30 de janeiro. No dia 11 de março a OMS declarou a pandemia do novo coronavírus e o Congresso Nacional reconheceu no dia 20 de março o Estado de Calamidade Pública, com validade até 31 de dezembro deste ano.

Evolução no ano

Segundo os dados do InfoGripe, os níveis de segurança para a semana epidemiológica 12 de cada ano seriam na faixa de 300 casos de internação por SRAG no país. O gráfico das internações costuma subir a partir da última semana de abril, com pico em junho, quando o nível de segurança chega a 600 casos, voltando a cair a partir da última semana de julho.

Neste ano, desde a semana epidemiológica 8, de 16 a 22 de fevereiro, portanto antes da primeira confirmação da covid-19 no Brasil, ocorrida no dia 26 de fevereiro, a evolução das internações por SARG no país ocorreu da seguinte forma, com a diminuição da proporção de bebês e o aumento dos casos entre idosos.

- Semana 8: 580 casos, com 150 abaixo de 2 anos (25,86%) e 69 acima de 60 (11,89%);

- Semana 9: 662 casos, com 149 abaixo de 2 anos (22,50%) e 96 acima de 60 (14,50%);

- Semana 10: 851 casos, com 188 abaixo de 2 anos (22,09%) e 145 acima de 60 (17,03%);

- Semana 11: 1.626 casos, com 230 abaixo de 2 anos (14,14%) e 340 acima de 60 (20,91%);

- Semana 12: 2.251casos, com 186 abaixo de 2 anos (8,26%) e 503 acima de 60 (22,34%).

O sistema InfoGripe foi criado em 2009 como uma resposta à pandemia de influenza H1N1 e traz a análise contínua de situação epidemiológica no país, a partir das notificações oficiais de casos de SRAG no Sistema de Informação de Agravos de Notificações (Sinan), do Ministério da Saúde.

 

Agência Brasil

 

vaccovidEmpresas e centros de pesquisas anunciam que estão preparando testes experimentais de vacinas contra a Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

Até esta segunda-feira (30), ao menos 35 mil pessoas haviam morrido da doença em todo o mundo. A Covid-19 ainda não tem tratamento ou medicação específica para conter a doença – por isso, o avanço das pesquisas é tão importante para imunizar a população mundial.

Nesta segunda-feira, a Universidade de Oxford, na Inglaterra, anunciou a convocação de voluntários para testar uma vacina; e a empresa Johnson & Johnson divulgou que começará testes em humanos até setembro deste ano – e afirmou que quer colocar 1 bilhão de doses no mercado no início de 2021 (leia mais abaixo).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até agora ao menos 54 pesquisas de vacinas estão em andamento em todo o mundo – 52 em fase pré-clínica e 2 em fase clínica.

OMS diz que desenvolvimento de vacina contra coronavírus deve demorar mais de 18 meses
Sem chance de vacina rápida, OMS usa plataforma para reunir estudos com medicamentos contra o coronavírus
Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas. Entre elas está a pesquisa básica – que é o levantamento do tipo de vacina que pode ser feita. Depois, passam para os testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais, para demonstrar a segurança do produto; e depois para os ensaios clínicos, que podem se desdobrar em outras quatro fases:

Fase 1: feita em seres humanos, para verificar a segurança da vacina nestes organismos
Fase 2: onde se estabelece qual a resposta imunológica do organismo (imunogenicidade)
Fase 3: última fase de estudo, para obter o registro sanitário
Fase 4: distribuição para a população


Na China, pesquisadores tiveram o aval de desenvolver testes em humanos para uma vacina experimental contra a Covid-19.

Nos Estados Unidos, voluntários de Seattle, um dos estados mais afetados pela doença, também começaram a receber doses da vacina experimental. Segundo o Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH) o teste faz parte de um estudo que vai acompanhar 45 voluntários adultos saudáveis, com idades entre 18 e 55 anos, e deve durar ao menos seis semanas.

Universidade de Oxford convoca voluntários
Nesta segunda-feira (30), a Universidade Britânica de Oxford anunciou que está convocando 510 voluntários para receber doses de uma vacina experimental contra a Covid-19. A instituição procura pessoas saudáveis, de 18 a 55 anos, para participar do estudo.

Empresa quer entregar 1 bilhão de doses até 2021
A empresa Johnson & Johnson anunciou nesta segunda-feira (30) que irá testar até setembro deste ano uma vacina experimental contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Os testes serão feitos em humanos. O objetivo é fornecer mais de 1 bilhão de doses até o início de 2021.

Empresa afirmou que irá destinar mais de US$ 1 bilhão para financiar a pesquisa de vacinas, ao lado da agência norte-americana Biomedical Advanced Research and Development Authority (Barda).

 

G1

Foto: CDC/Unsplash

florentinoFlorentino Neto, secretário de Saúde, informa que o estado deve receber 10 mil kits para a realização de testes rápidos, em pacientes com suspeita de coronavírus. O Governo determinou a aquisição do material, já que os kits enviados pelo Ministério da Saúde, nunca chegaram. Questões de logística estariam dificultando a distribuição dos kits.

Florentino afirma que os kits devem chegar em dois dias. O secretário lembra que as testagens serão feitas em pacientes com suspeita da covid-19 e em profissionais de saúde.

“O Piauí tem condições de fazer a testagem mediante a orientação do Ministério da Saúde. A orientação é testar os casos que apresentem sintomas. O ministro da saúde já expôs isso em rede nacional, que o ministério não tem as condições de enviar para os estados testes para testagem de toda a população.  Por isso, contratamos a aquisição de 10 mil kits rápidos. Já estamos com uma solicitação de uma quantidade maior ainda. A empresa nos informou que já estão no porto e devem chegar em dois ou três dias. Com isso, teremos a capacidade de ampliar os testes. Mas sempre testar os sintomáticos e os profissionais de saúde.”, disse.

Sobre a denúncia de profissionais de saúde, da possibilidade de faltar equipamentos de proteção Individual (ETIs), Florentino nega e diz que o estoque está garantido.

“O Ministério da Saúde se comprometeu a mandar os EPIs para os profissionais de saúde para o Piauí. No entanto, entendemos que poderíamos ter problemas. Correria o risco dos EPIs, comprados pelo Ministério da Saúde, não chegarem a tempo. Diante disso, tivemos uma grande aquisição de EPIs.  Já distribuímos para os hospitais estaduais quatro remessas de EPIS, não temos ausências de EPIS nos hospitais estaduais. Fomos solicitados pelo Hospital Universitário (HU), que vai integrar todo esse enfrentamento, EPIs. Já fizemos a primeira entrega para o Hospital da Universidade. Já fizemos duas entregas no sentido da solidariedade e da cooperação, para  o Hospital do Monte Castelo e a Maternidade do Promorar”, destacou.

 

cv

A Itália foi a principal origem dos primeiros viajantes infectados pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2, que chegaram ao Brasil entre fevereiro e o início de março deste ano – período que marca o começo da epidemia de covid-19 no país. A constatação foi feita por pesquisadores brasileiros, em colaboração com colegas do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.

“Ao contrário da China e de outros países, onde o surto de covid-19 começou devagar, com um número pequeno de casos inicialmente, no Brasil mais de 300 pessoas começaram a epidemia, em sua maioria vindas da Itália. Isso resultou em uma disseminação muito rápida do vírus”, diz Ester Sabino, diretora do IMT (Instituto de Medicina Tropical) da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e uma das autoras do estudo.

Como o principal destino desses passageiros vindos do país europeu foi São Paulo, a capital paulista acabou registrando os primeiros casos da doença no Brasil. Mas, além da cidade, esses viajantes também seguiram para outras nove capitais brasileiras – Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Vitória e Florianópolis –, deflagrando a epidemia da covid-19 no país.

Os resultados do estudo, apoiado pela Fapesp no âmbito do CADDE (Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus), foram descritos em um artigo publicado no Journal of Travel Medicine.

As estimativas indicaram que 54,8% de todos os casos importados de covid-19 para o Brasil até o dia 5 de março foram de viajantes infectados na Itália, seguidos por passageiros vindos da China (9,3%) e da França (8,3%).

A rota Itália-São Paulo representou 24,9% do total de viajantes infectados que chegaram ao Brasil durante esse período e o país europeu foi a origem de cinco das 10 principais rotas de importação da covid-19 ao Brasil – China, França, Suíça, Coreia do Sul e Espanha –, aponta o estudo.

Para identificar as rotas mais importantes de importação da covid-19 para o Brasil, os pesquisadores analisaram o histórico de viagens aéreas entre fevereiro e março de 2020 de 29 países com casos confirmados da doença, que tinham como destino final alguma cidade brasileira.

Já com base no número total de passageiros que chegaram aos aeroportos no Brasil nesse período vindos desses países, além do tamanho da população e o número de casos da doença registrados nessas nações entre fevereiro e março de 2020, foi estimada a proporção de viajantes potencialmente infectados que desembarcaram nas capitais brasileiras.

As estimativas são corroboradas pelos dados oficiais de registros de casos da doença no Brasil, tabulados pelo Ministério da Saúde, que apontaram que 14 dos 29 primeiros pacientes diagnosticados com covid-19 no Brasil tinham histórico de viagens à Itália. Desse total de casos, 6 (23,1%) foram registrados em São Paulo, ressaltam os pesquisadores.

“Era muito claro que São Paulo seria o epicentro da epidemia de covid-19 no Brasil porque é a cidade que recebeu o maior número de infectados, vindos principalmente da Itália”, afirma Sabino.

Foco na mobilidade interna
Na avaliação da pesquisadora, que liderou o sequenciamento do genoma do coronavírus isolado dos dois primeiros casos confirmados de covid-19 no Brasil, a fim de conter a disseminação da doença pelo Brasil, o foco, agora, deve ser na restrição da mobilidade interna no país, uma vez que a transmissão passou a ser sustentada ou comunitária.

Uma ação importante nesse sentido seria restringir a circulação de moradores de São Paulo, onde está concentrado o maior número de casos de infecção pelo novo coronavírus, aponta Sabino.

“São Paulo e Rio de Janeiro, em menor proporção, serão os centros de distribuição do coronavírus para o Brasil. Por isso, é preciso restringir a saída de pessoas dessas localidades”, avalia.

Continuidade dos sequenciamentos
O grupo de pesquisadores coordenado por Sabino continua fazendo sequenciamento de coronavírus isolados de pacientes brasileiros diagnosticados com a doença.

O trabalho, porém, teve que ser interrompido em razão da suspeita de que pesquisadores do próprio grupo também poderiam ter sido infectados pelo novo coronavírus.

“Tivemos que paralisar o laboratório e estamos retornando agora. Vamos analisar se podemos sequenciar um número maior de genomas do vírus”, diz Sabino.

A velocidade de transmissão do novo coronavírus no país também acabou atropelando o cronograma e os planos dos pesquisadores.

“A transmissão do vírus está indo tão rápido que os dados de sequenciamento não conseguem ajudar a entender como está progredindo a epidemia como planejávamos”, pondera Sabino.

A expectativa dos pesquisadores era que à medida que fossem surgindo casos esporádicos da doença iriam sequenciando para acompanhar a trajetória de transmissão, a fim de gerar estratégias de controle. Eles acabaram se deparando, contudo, com muitos casos para sequenciamento que chegaram ao laboratório ao mesmo tempo.

“Não será possível conseguir controlar o surto só com as sequências. A epidemia está progredindo muito rápido e não é possível mais seguir os casos”, diz Sabino.

Até o momento, já foram feitos quase 800 sequenciamentos de genomas de coronavírus isolados de pacientes infectados em todo o mundo.

Esse conjunto de sequenciamentos, disponibilizados em bases de dados públicas, permitirá a realização de estudos de resistência primária de antivirais promissores para combater o novo coronavírus, aponta Sabino.

“Quando surgir algum medicamento candidato, seguramente esse banco de dados de sequenciamento do genoma do vírus será útil para essa finalidade”, afirma.

 

Agência Fapesp