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nervosUma técnica de neuromodulação recém-chegada ao Brasil traz esperança para os pacientes com um dos tipos de dor crônica mais difíceis de tratar: a neuropática. Esse tipo de desconforto ocorre quando a lesão está nos nervos, medula ou no próprio cérebro.

A nova técnica, chamada de estimulação dos gânglios da raiz dorsal, é indicada para casos de dor neuropática em nervos periféricos.

Por meio dela, o cirurgião implanta um eletrodo ligado a uma bateria que gera estímulos para uma parte do nervo espinhal responsável por "repassar a mensagem" de dor para o cérebro. É como se essa região fosse bloqueada e deixasse de mandar esses sinais.
A primeira cirurgia do tipo a ser realizada no Brasil deverá ocorrer nas próximas semanas, no Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, e será conduzida pelo neurocirurgião Guilherme Lepski médico da instituição e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP. Ele já realiza a técnica na Alemanha, onde também é docente na Universidade de Tubingen. O paciente brasileiro que será operado no HCor sofre de dor neuropática causada por uma lesão no nervo ciático que gera dor e queimação na perna inteira.

"Fora do País, faço essa técnica há cerca de cinco anos. Fizemos uma pesquisa com 62 pacientes na Alemanha em que observamos superioridade dela em comparação com outras existentes", conta ele.

Novas técnicas para a dor crônica

Problema que afeta cerca de 60 milhões de brasileiros e crescente por causa do envelhecimento da população, a dor crônica passa a ser alvo de novas abordagens terapêuticas que fogem dos tratamentos convencionais feitos com medicamentos e reabilitação. Para o grupo de pacientes que não melhoram com as terapias padrão, médicos e cientistas têm oferecido e estudado técnicas que incluem desde a estimulação elétrica do sistema nervoso para aliviar a dor até a aplicação de células-tronco do próprio paciente na região lesionada em busca de regeneração.

Nem todas as novas abordagens são regulamentadas no Brasil, mas, mesmo assim, a chamada Medicina Intervencionista em Dor já é tratada como subespecialidade médica no País, com mais de 300 membros na sociedade criada para este fim.

"Podemos dizer que temos dois grandes grupos de técnicas nessa área: a neuromodulação, que utiliza correntes elétricas ou bombas de infusão para bloquear a parte do sistema nervoso que sinaliza a dor; e a medicina regenerativa, na qual são usadas substâncias ou células do próprio paciente para provocar uma reação no tecido lesionado e, assim, sua consequente regeneração", explica Fabrício Dias Assis, médico do Singular Centro de Controle da Dor e membro da diretoria executiva do Instituto Mundial da Dor.

No rol de alternativas, as técnicas de neuromodulação são as mais avançadas, com muitas delas já regulamentadas e praticadas no Brasil. Já as de medicina regenerativa ainda são, em sua maioria, consideradas experimentais pelo Conselho Federal de Medicina.

Na última semana, Assis presidiu o Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor (Sobramid), realizado em Campinas e que teve como foco discutir justamente os avanços dos estudos em medicina regenerativa.

"O mecanismo de todas as terapias regenerativas é parecido: injetamos células-tronco mesenquimais (que dão origem aos ossos e às cartilagens) de algum tecido para estimular a produção de um novo tecido saudável", diz Assis. Entre os compostos utilizados nessas terapias estão o plasma rico em plaquetas (PRP), que vem do sangue; o aspirado concentrado de medula óssea e células adiposas tiradas da própria gordura corporal.

No geral, as técnicas são indicadas para pacientes com dor crônica provenientes de doenças degenerativas dos ossos e das articulações, como artrose.

Escala

Médica especialista no tratamento da dor do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Roberta Risso destaca que essas terapias ainda não são usadas em larga escala porque, embora tenham demonstrado ótimos resultados em laboratório, aguardam estudos mais robustos em humanos. "Esses tratamentos são muito promissores. No futuro, acreditamos que eles podem tratar uma artrose sem a necessidade de colocação de próteses, por exemplo, mas, por enquanto, os estudos não conseguiram fazer as células se regenerarem da forma necessária como observamos nos experimentos in vitro", disse a especialista.

E para que essas terapias sejam aprovadas, seria necessária, além de mais estudos, uma regulamentação específica também para o processamento dessas células. Depois de retiradas, elas precisam passar por processos de centrifugação ou purificação antes de serem reinseridas no corpo, o que pede um rigoroso controle de qualidade e regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Neuromodulação

Enquanto a medicina regenerativa segue em estudos, as terapias de neuromodulação, já com mais evidências científicas, têm sido usadas como alternativa para pacientes que não respondem a analgésicos e fisioterapia.

"A neuromodulação inclui desde procedimentos como implantes de bombas de infusão de medicamentos ou de eletrodos até procedimentos cirúrgico em que raízes de nervos são destruídas para anular a sensação de dor", explica o neurocirurgião Guilherme Lepski, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade de Tubingen, na Alemanha.

Os especialistas explicam que, embora essas técnicas já tenham sido tema de vários estudos que comprovaram seus benefícios, a oferta delas ainda é restrita a clínicas privadas ou centros públicos de excelência por falta de capacitação. "O problema é que tem de ser uma mão de obra especializada. Não é qualquer médico que faz esses procedimentos", diz Roberta.

"A ideia de um congresso brasileiro com esse tema é justamente trazer palestrantes internacionais e nacionais que tenham experiência no assunto para formar mais profissionais com esse olhar", destaca Assis.

Busca

Foram dois anos procurando médicos e todo tipo de profissional que tivesse alguma técnica nova para o seu problema. A dor na coluna, que havia começado apenas com um incômodo, começava a tirar a autonomia do engenheiro químico aposentado Hermelindo de Oliveira, de 79 anos.

"No começo, eu só sentia um desconforto quando ficava muito tempo em pé. Depois de alguns meses, eu já estava com dificuldades para levantar da cama sozinho, não conseguia mais dirigir", conta.

Os remédios analgésicos e as sessões de fisioterapia aliviavam o quadro, mas não traziam uma melhora significativa. "Fui a ortopedista, fisiatra, fisioterapeuta, acupunturista. Fui numa porção de gente. Peguei uma pasta e fui colecionando os papéis de todos os profissionais. Depois de dois anos, já eram 17, e eu ainda estava com dor", relata. Oliveira, que morava em um sobrado, teve de mudar de casa por causa das dificuldades que tinha para subir escadas.

Foi então que o idoso decidiu buscar um médico intervencionista em dor e tentar terapias de neuromodulação e medicina regenerativa para tratar a dor na coluna. Ele passou por uma técnica que utiliza a radiofrequência para destruir parte do nervo que traz a sensação de dor.

Além disso, foi submetido a uma proloterapia - técnica na qual é aplicada uma solução de glicose na região lesionada, causando irritação na área, o que leva o próprio corpo a responder ao processo inflamatório, regenerando, assim, o tecido.

"Tive um período de recuperação depois desses procedimentos e agora não tenho mais dor. Faço minhas coisas, pinto meus quadros. Agora, finalmente fiquei bem", conta.

 

Agência Estado

Pixabay

hpvPesquisa mostra persistente estigma em torno da doença, que pode ter consequências mais sérias do que o próprio papilomavírus humano.

Altos níveis de vergonha e desconhecimento estão associados ao HPV, que é sexualmente transmitido e afeta a maioria da população. É o que mostra uma pesquisa recente, realizada pelo Jo's Cervical Cancer Trust, entidade de apoio a quem tem câncer do colo do útero no Reino Unido.
Apesar de ser a infecção sexualmente transmissível mais comum, o estudo revela que ainda existe um estigma em torno da doença — que pode ter consequências mais sérias do que o próprio papilomavírus humano (HPV).

Uma das conclusões mais preocupantes é que muitas mulheres não realizam o papanicolau, exame ginecológico para diagnosticar a doença, justamente por conta desse estigma.

Das 2 mil participantes da pesquisa, metade disse que se sentia envergonhada e perdeu o interesse pelo sexo por ter contraído o vírus.

Além disso, 35% das entrevistadas responderam que não tinham ideia sobre o que era HPV, enquanto cerca de 60% afirmaram acreditar que era equivalente ao câncer.

No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou em 2017 dados preliminares do Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV, mostrando que a prevalência do vírus na população brasileira é de 54,6% — sendo que 38,4% apresentaram HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer.

"Quando recebi a carta com o diagnóstico de HPV, eu não sabia o que era, então procurei na internet e descobri que era uma doença sexualmente transmissível. Pensei imediatamente então que meu parceiro tinha me traído", disse Laura Flaherty, de 31 anos, cuja história é muito parecida com a de muitas entrevistadas.

"Eu não sabia nada sobre o assunto. Me senti suja. Levei um tempo para entender que o vírus pode ficar inativo por muito tempo e que é bastante comum. Ninguém próximo a mim sabia disso", acrescentou Flaherty, que foi diagnosticada com câncer do colo do útero em 2016.

O estudo mostrou que há uma necessidade urgente de disseminar mais informações sobre o HPV, uma vez que o conhecimento é capaz de salvar vidas.

Derrubando os mitos sobre HPV

Mito 1: 'HPV é transmitido apenas sexualmente'

Fato: a transmissão do HPV acontece geralmente por meio de relações sexuais sem proteção, mas também pode ocorrer pelo contato com a pele ou mucosas infectadas.

Mito 2: 'HPV é um sinal de promiscuidade'

Fato: estimados 80% dos seres humanos vão contrair o vírus em algum momento da vida. É muito fácil ser contaminado e passar adiante — e você pode ser contagiado na primeira vez que tiver qualquer tipo de relação sexual.

Mito 3: 'HPV significa que tenho câncer'

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Fato: existem pelo menos 200 tipos de HPV. Cerca de 40 deles afetam a área genital, o que significa apenas que eles residem nessa área. Alguns causam sensações incômodas, mas inofensivas, como verrugas genitais. Cerca de 13 tipos são considerados de alto risco e podem causar câncer do colo do útero, além de outros cânceres genitais, assim como câncer de boca e garganta — mas é mais raro.

Mito 4: 'Se você tem HPV, vai saber'

Fato: o HPV não apresenta sintomas e, na maioria dos casos, o sistema imunológico libera o corpo da infecção. O exame de papanicolau identifica quaisquer células anormais.

Um dos objetivos é mudar a mentalidade das pessoas sobre o HPV. E, acima de tudo, como a fundação Jo sugere, incentivar que as mulheres falem mais sobre o tema.

"Fazer exame preventivo, para ver se você tem HPV, é a maneira mais eficaz de identificar se você corre risco de desenvolver câncer do colo do útero", diz Robert Music, presidente da Jo's Cervical Cancer Trust.

"No entanto, o HPV pode ser confuso, por isso temos que encontrar uma maneira de normalizar o conceito, para que as pessoas não se sintam envergonhadas em dizer que têm o vírus."

Incidência

O HPV é responsável por 99% dos casos câncer de colo de útero, o terceiro mais frequente entre as mulheres no Brasil, o quarto que mais mata — e um dos poucos que pode ser prevenido com vacina.

Desde 2008, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a vacina contra o HPV, houve um rápido declínio no contágio e na incidência da doença em algumas partes do mundo.

Segundo a OMS, a vacina reduz em 70% as chances de desenvolver câncer do colo do útero se for aplicada em jovens entre 12 e 26 anos, antes do primeiro relacionamento sexual.

E, em algumas áreas onde as vacinas foram administradas, o benefício é evidente.

Por exemplo, um estudo do Royal Women's Hospital, na Austrália, constatou uma redução de 86% nas infecções por HPV em jovens de 18 a 24 anos que receberam três doses da vacina, e de 76% entre aqueles que tomaram apenas uma dose.

No Reino Unido, os números são semelhantes. As infecções diminuíram entre adolescentes de 12 a 18 anos.

Já na América Latina, o cenário é diferente. Apesar da rápida implementação da vacina em seus primeiros anos, a cobertura foi reduzida devido a algumas anomalias que foram atribuídas à sua aplicação.

No Brasil, desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vacina contra o HPV para crianças e pré-adolescentes de 9 a 14 anos, seguindo recomendação da OMS. Mas, até hoje, apenas 48,7% das meninas nesta faixa etária foram imunizadas.

 

BBC News hpvBrasil

Laura Flaherty/BBC NEWS BRASIL

Nos perfis das redes sociais, em páginas de revistas ou nas telas da TV o corpo magro é endeusado como o ideal, seja de beleza ou saúde. Essa imposição de um padrão corpóreo não só anula a diversidade, como reforça uma série de preconceitos e agressões, como a gordofobia. Ressignificar termos, como a palavra gorda, que antes eram usados de forma pejorativa é um dos caminhos da luta antigordofobia, que tem como principal objetivo promover a autoaceitação de pessoas com sobrepeso.

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“Ser gorda na sociedade em que vivemos infelizmente ainda é visto como algo errado ou um fracasso por não ter conseguido atender a um padrão. Mas, pra mim, ser gorda é ter resistência. Gorda é apenas uma característica assim como ser alta, baixa”, comenta a cantora baiana Aila Menezes, que ganhou projeção nacional quando participou do Programa The Voice Brasil, da Rede Globo, em 2013. Mesmo demonstrando ser uma pessoa resolvida com seu corpo recentemente sofreu um ataque gordofóbico em suas redes sociais. “Sofro isso desde que engordei. Abro minhas caixas de mensagem e recebo agressões desse tipo todos os dias”, diz ela.

Para Aila, o processo de autoaceitação foi crucial para que hoje ela lide com esse tipo de problema. Ela conta que o começo do seu autoamor foi em 2015, quando decidiu em conjunto com sua psicóloga deixar de tomar remédios para depressão. “Eu resolvi parar com essas medicações porque elas já tinham me trazido alguns danos. Ganhei muito peso, mas descobri que o remédio que eu precisava era o amor próprio”, conta.

Gorda e saudável

Um dos sinais da gordofobia, aponta Aila, é associar o corpo gordo como não saudável. “Uma das desculpas para a pessoa gordofóbica é falar 'ah, mas eu estou preocupado com a sua saúde, pára de comer um pouco para ver se melhora. Mas, você ser magro não significa necessariamente saúde'. Claro que a gente não pode esquecer que a obesidade pode trazer consequências para a saúde. Mas ela vai te trazer problemas se você não se cuidar em diversos aspectos”, reflete.

Um estudo realizado por Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP mostrou que a redução do peso não está necessariamente atrelada a melhorias na condição física e na qualidade de vida de mulheres obesas. De acordo com a pesquisa, intervenções tradicionais, como as dietas, podem não levar a resultados satisfatórios, causando prejuízos à saúde como depressão, insatisfação corporal e transtornos alimentares.

O estudo acompanhou 58 mulheres diagnosticadas com obesidade durante sete meses e propôs a realização de exercícios físicos prazerosos, sem a prescrição de dietas. Ao final, as mulheres apresentaram melhorias na capacidade aeróbica e muscular, além de terem diminuído a ingestão de alimentos ultraprocessados. O experimento tomou como base a abordagem norte-americana HAES (Health at Every Size ou Saúde em Todos os Tamanhos, em português). “Nós partimos da perspectiva de referenciais teóricos que falam que pessoas obesas podem ter saúde independente do seu peso corporal”, explica Mariana Dimitrov Ulian, uma das realizadoras do estudo, em entrevista ao jornal da Universidade de São Paulo (USP).  

No entanto, a ideia de corpo gordo saudável não é uma convenção entre os profissionais da nutrição, que se apoiam em estudos favoráveis e contrários. Para a nutricionista Ana Paula Goulart, com especialização em Nutrição Esportiva e Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde, o indivíduo obeso e saudável, mesmo que esteja com os índices metabólico adequados, é um mito. “Estudos já comprovaram que pessoas nessas condições são mais suscetíveis a desenvolver insuficiência ou doenças cardíacas e derrames em relação àqueles com peso normal. Além disso, estar acima do peso já uma condição de risco”, considera.

Roberto Paim – Educa Mais Brasil

Um dos grandes mistérios da psicologia - e da vida adulta moderna - é entender como um trabalho que se restringe a passar horas sentado na frente de uma tela pode ser tão cansativo.

E sim, grande parte das pessoas que passam o dia mexendo pequenos músculos dos dedos e digitando em frente ao computador chegam em casa exaustas, simplesmente desejando ser engolidas pelo sofá.

Mas o que causa a fadigamental? Apesar de não ter uma resposta exata para essa pergunta, o nosso corpo é capaz de mandar alguns sinais - e é importante que saibamos captá-los.

A fadiga mental é um processo de desgaste. Esse processo ocorre em função do estresse e do excesso de informações que o nosso cérebro recebe, principalmente. Em tempos de redes sociais, notificações e multi-telas, o ser humano vive soterrado de informações que invadem os sentidos diariamente, e nem sempre são informações imprescindíveis.

"Mesmo que não sejam importantes, essas informações desgastam a nossa atenção porque temos que lidar com vários estímulos diários. Então, é notório o aumento de casos de estresse e transtornos de ansiedade em função do modo de vida que o ser humano está tendo, sempre sobrecarregado", explica a Luciana Tisser, psicóloga e especialista em neurociência, em entrevista ao HuffPost Brasil.

Uma hipótese é a de que esse processo de desgaste está ligado, sobretudo, ao nosso estoque de energia mental. Ao longo do dia, nos baseamos em um limite de recursos que nos fazem ter o que chamamos de "força de vontade" e "autocontrole". Ou seja, disponibilizamos determinada energia para realizar nossas tarefas e metas. Quando esgotamos esse recurso, nos sentimos cansados.

Mas, de acordo com pesquisas, os psicólogo não estão tão seguros de que esse esgotamento de energia mental está somente ligado ao nosso autocontrole.

Por exemplo, o resultado de um estudo revelou que um cérebro focado e trabalhando para resolver um problema de matemática gasta praticamente o mesmo nível de energia que o cérebro em repouso. É um contigente muito menor do que o que gastamos para manter o nosso coração e outros órgãos em funcionamento.

Se temos energia disponível para realizarmos as tarefas, porque nos sentimos tão exaustos no fim do dia? A resposta pode estar na tensão que é criada quando perdemos interesse ou não estamos motivados o suficiente para realizar as atividades.

Em agosto, pesquisadores ingleses publicaram o artigoPor que o trabalho causa fadiga? Uma investigação em tempo real da fadiga e determinantes da fadiga em enfermeiros que trabalham em turnos de 12 horas (em tradução livre) em que analisaram a rotina de mais de 100 enfermeiras.

O principal ponto do estudo foi: o cansaço físico nem sempre era visto como um problema para as profissionais, mas, as enfermeiras que estavam menos propensas a se sentirem cansada também eram aquelas que se sentiam mais sob controle e recompensadas pelas tarefas. Ou seja, o fator motivação impactou nas percepção delas sobre o cansaço.

O que sentimos quando estamos mentalmente exaustos?

"É como se o nosso cérebro tivesse um limite e esse limite não estivesse sendo respeitado", explica Luciana Tisser.

E aqui entra outro fator importante: a regulação do nosso sistema nervoso central é feita através do nosso sono. Nossos hormônios, inclusive o cortisol, que é o hormônio do estresse, são controlados enquanto nós dormimos. Mas o ser humano está cada vez com menos horas de sono e mais tarefas, e parece que não respeitamos nem mesmo o relógio biológico.

"A gente tem o ritmo cicardiano, que é a pré-orientação do nosso corpo para cumprir os horários, como o adormecer. Quando começa a escurecer, o nosso corpo produz melatonina e vamos entrando em um processo de relaxamento para dormir. Mas o que a gente faz? Trabalhamos até tarde, no computador e no celular, e a luminosidade dessas telas é extremamente nociva, porque vai de encontro com o que o corpo está pedindo", argumenta a psicóloga.

A especialista explica que é extremamente importante respeitar a fadiga mental e os sinais de estresse que o corpo oferece.

Esses sinais podem ser percebidos em 3 etapas: o nível de alerta, o de manutenção/resistência e o de exaustão. No nível de alerta é como se o corpo dissesse: "opa, alguma coisa não está bem". O estado de resistência é exatamente quando a gente ignora esses sinais e diz que precisamos continuar em alerta a qualquer custo. A exaustão é quando a gente simplesmente entrega os pontos porque realmente a gente não dá mais conta.

"O corpo mostrou os sinais, mas o indivíduo não deu atenção. Inclusive, nesses processos a depressão pode ser desencadeada. E é uma depressão leve e silenciosa, mas que é tão nociva quanto outras depressões. É um processo em que a gente só se cobra e acha que não está rendendo tanto, que não vamos conseguir e que a gente percebe que existe um custo alto em conseguir dar conta de nossa rotina diária. As pessoas costumam negligenciar isso e é nesse sentido que os processos psicopatológicos vão aparecendo, quase sempre em decorrência desses primeiros sinais", explica Tisser.

Entender sobre o que acaba com a nossa energia mental importa, pois quando estamos mentalmente exaustos, tendemos a estar mais dispersos e descuidados. Ainda, quanto mais aprendermos sobre a fadiga, mais chances temos de construir uma rotina equilibrada e prazerosa - inclusive no trabalho.

 

msn