Um ano após o início da vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), a procura pelo imunizante no país está bem abaixo do esperado. De fevereiro de 2024 a janeiro de 2025, 6.370.966 doses foram distribuídas. A Rede Nacional de Dados em Saúde, entretanto, indica que apenas 3.205.625 foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo-alvo definido pela pasta.

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A faixa etária, de acordo com o ministério, concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois de pessoas idosas, grupo para o qual o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O esquema vacinal utilizado pela pasta é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.

Entenda Em janeiro de 2024, 521 municípios foram inicialmente selecionados para iniciar a imunização contra a dengue na rede pública já em fevereiro. As cidades compunham 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a doença e atendiam a três critérios: municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e maior predominância do sorotipo 2.

Atualmente, todas unidades federativas recebem doses contra a dengue. Os critérios de distribuição, definidos pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), seguem recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Foram selecionadas regiões de saúde com municípios de grande porte, alta transmissão nos últimos 10 anos e/ou altas taxas de infecção nos últimos meses.

A definição de um público-alvo e de regiões prioritárias, segundo o ministério, se fez necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo fabricante. A primeira remessa, por exemplo, chegou ao Brasil em janeiro do ano passado e contava com apenas cerca de 757 mil doses. A pasta adquiriu todo o quantitativo disponibilizado pelo fabricante para 2024 – 5,2 milhões de doses e contratou 9 milhões de doses para 2025.

Prioridade para o SUS Em comunicado divulgado no ano passado, a Takeda informou a decisão de priorizar o atendimento de pedidos feitos pelo ministério para o fornecimento de doses da Qdenga. De acordo com a nota, o laboratório suspendeu a assinatura de contratos diretos com estados e municípios e limitou o fornecimento da vacina na rede privada, suprindo apenas o quantitativo necessário para que pessoas que tomaram a primeira dose completassem o esquema vacinal com a segunda dose.

"Em linha com o princípio da equidade na saúde, a Takeda está comprometida em apoiar as autoridades de saúde, portanto, seus esforços estão voltados para atender a demanda do Ministério da Saúde, conforme a estratégia vacinal definida pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações que considera faixa etária e regiões para receberem a vacina. Conforme já anunciado, temos garantida a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para o ano de 2025.”

Vacina A vacina Qdenga teve o registro aprovado pela Anvisa em março de 2023. Na prática, o processo permite a comercialização do produto no Brasil, desde que mantidas as condições aprovadas. Em dezembro do mesmo ano, o ministério anunciou a incorporação do imunizante ao SUS.

Em 2024, o imunizante também foi pré-qualificado pela OMS. A entidade define a Qdenga como uma vacina viva atenuada que contém versões enfraquecidas dos quatro sorotipos do vírus causador da dengue e recomenda que a dose seja aplicada em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em locais com alta transmissão da doença.

“A pré-qualificação é um passo importante na expansão do acesso global a vacinas contra a dengue, uma vez que torna a dose elegível para aquisição por parte de agências da ONU [Organização das Nações Unidas], incluindo o Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância] e a Opas [Organização Pan-Americana da Saúde]”, avalis, à época, o diretor de regulação e Pré-qualificação da OMS, Rogerio Gaspar.

“Com apenas duas vacinas contra a dengue pré-qualificadas até o momento, esperamos que mais desenvolvedores de vacinas se apresentem para avaliação, para que possamos garantir que as doses cheguem a todas as comunidades que necessitam delas”, completou. A outra dose pré-qualificada é a da Sanofi Pasteur.

Alerta No mês passado, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta sobre a baixa procura pela vacina contra a dengue. A entidade destacou que o imunizante está disponível, atualmente, para um grupo restrito de pessoas em 1,9 mil cidades nas quais a doença é mais frequente e que apenas metade das doses distribuídas pelo ministério para estados e municípios foi aplicada.

O alerta acompanha ações recentes de prevenção e monitoramento do Ministério da Saúde e chega em um momento de preocupação por conta da detecção do sorotipo 3 da dengue em diversas localidades. O sorotipo, de acordo com o ministério, não circula no país de forma predominante desde 2008 e, portanto, grande parte da população está suscetível à infecção.

Procurada pela Agência Brasil, a pasta informou que a baixa disponibilidade para aquisição da Qdenga faz com que a vacinação não seja a principal estratégia do governo contra a doença. O ministério destacou ainda o lançamento do Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses, que prevê a intensificação do controle vetorial do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.

No início de janeiro de 2025, o ministério voltou a instalar o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE), com o objetivo de ampliar o monitoramento de arboviroses no Brasil.

Números Em 2024, o país registrou a pior epidemia de dengue, com 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes por causa do vírus. Em 2025, o Painel de Monitoramento das Arboviroses já registra 230.191 casos prováveis da doença e 67 mortes confirmadas, além de 278 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência, neste momento, é de 108 casos para cada 100 mil habitantes.

Agência Brasil

Foto: © Rovena Rosa/Agência Brasil

 

Nos últimos anos, o uso de cannabis tem se tornado cada vez mais comum, especialmente com a legalização e a liberalização em vários países, incluindo o Canadá.

Embora os benefícios terapêuticos da planta sejam amplamente discutidos, um estudo recente trouxe à tona um aspecto preocupante desse aumento: a relação crescente entre o uso frequente de cannabis e o diagnóstico de esquizofrenia.

Pesquisadores do ICES, do Hospital de Ottawa, da Universidade de Ottawa e do Bruyère Health Research Institute realizaram um estudo abrangente, publicado na JAMA Network Open, para analisar as mudanças nos casos de esquizofrenia no Canadá, mais especificamente em Ontário.

O estudo focou na possível ligação entre o uso problemático de cannabis e o aumento dos diagnósticos dessa doença mental grave.

Um Olhar sobre os Dados A pesquisa usou informações detalhadas dos registros de saúde de todos os moradores de Ontário, o que inclui mais de 13 milhões de pessoas, para acompanhar como a legalização da cannabis impactou os números de casos de esquizofrenia.

Eles analisaram três períodos distintos: antes da liberalização da cannabis medicinal em 2015, após essa liberalização e, por fim, após a legalização da cannabis recreativa em 2018.

Os resultados foram alarmantes. Antes da legalização, cerca de 4% dos novos casos de esquizofrenia estavam associados ao uso problemático de cannabis. Contudo, após a legalização, esse número saltou para 10%, um aumento significativo que traz à tona questões importantes sobre os efeitos do uso frequente da substância.

A Relação entre Cannabis e Esquizofrenia O estudo revelou que o uso regular de cannabis está fortemente associado ao aumento do risco de desenvolver esquizofrenia.

Para o Dr. Daniel Myran, coordenador da pesquisa e especialista da Universidade de Ottawa, essa relação se torna ainda mais preocupante à medida que o uso da substância se torna mais prevalente e, muitas vezes, desregulado.

“O uso frequente de cannabis pode agravar sintomas e até acelerar o desenvolvimento da esquizofrenia em pessoas vulneráveis”, alerta ele.

A esquizofrenia é uma doença mental grave que afeta a percepção da realidade, causando alucinações, delírios e outros sintomas debilitantes.

Embora ainda exista debate sobre se o uso de cannabis pode causar diretamente a esquizofrenia, o consenso entre os especialistas é que ele pode piorar os sintomas em pessoas que já estão predispostas à doença.

O Crescimento dos Casos de Uso Problemático de Cannabis O estudo também mostrou um aumento significativo na quantidade de pessoas que procuraram ajuda hospitalar devido a distúrbios relacionados ao uso de cannabis. O número de internações relacionadas a esses distúrbios cresceu 270% desde a legalização da cannabis recreativa em Ontário.

Esse aumento nas internações e atendimentos de emergência reflete o crescente problema do uso excessivo da substância, que tem levado a complicações de saúde mental mais graves.

Jovens e o Risco Aumentado Um dos achados mais notáveis da pesquisa foi a faixa etária mais afetada: jovens entre 14 e 24 anos. Neste grupo, a porcentagem de casos novos de esquizofrenia relacionados ao uso problemático de cannabis saltou para impressionantes 18%.

Essa faixa etária é particularmente vulnerável, pois o cérebro ainda está em desenvolvimento e pode ser mais suscetível aos efeitos adversos da substância.

A equipe de pesquisa estima que, se esses jovens não tivessem desenvolvido um transtorno de uso de cannabis severo, uma porcentagem significativa de casos novos de esquizofrenia poderia ter sido evitada.

Em números, cerca de 10% dos novos casos poderiam ter sido prevenidos, e esse número sobe para 18% entre os homens mais jovens.

Desafios para a Saúde Pública Com o aumento no uso de cannabis e a crescente preocupação com os transtornos mentais associados, o estudo destaca um desafio crescente para a saúde pública.

O uso de cannabis tem se tornado mais acessível, especialmente entre os jovens, e com isso surgem questões sobre os impactos a longo prazo dessa substância na saúde mental.

O Dr. Myran enfatiza que a combinação de cannabis de alta potência e o aumento do uso regular pode representar um risco ainda maior para a saúde mental da população.

O Futuro do Debate sobre Cannabis e Saúde Mental Embora a pesquisa não tenha fechado a questão sobre se o uso de cannabis causa diretamente a esquizofrenia, os dados são claros: o uso frequente da substância pode agravar sintomas em indivíduos vulneráveis.

As autoridades de saúde pública precisam estar atentas a essas tendências e continuar promovendo campanhas educativas sobre os riscos do uso excessivo de cannabis, especialmente entre os jovens.

Em um cenário onde a cannabis se torna cada vez mais parte da vida cotidiana, é essencial que os cidadãos, os profissionais de saúde e os legisladores discutam as consequências dessa mudança, garantindo que a saúde mental seja adequadamente protegida.

O estudo sobre o aumento dos casos de esquizofrenia associados ao uso de cannabis traz à tona uma reflexão importante: enquanto os benefícios terapêuticos da cannabis são discutidos e reconhecidos, também precisamos estar cientes dos potenciais riscos, especialmente para aqueles que fazem uso regular da substância.

Em tempos de legalização e liberalização, é crucial manter um equilíbrio entre os benefícios e os perigos, sempre priorizando o bem-estar da população.

Saúde Lab

Para muita gente, o intestino é uma espécie de caixa-preta. A comida entra, os resíduos saem, e raramente falamos sobre o que ocorre no meio do caminho – ou nem sequer tentamos entender. “Não falamos o suficiente sobre a saúde do intestino. Não parece apropriado falar sobre digestão, gases ou hábitos intestinais”, observou Morgan Sendzischew Shane, gastroenterologista da Escola de Medicina Miller da Universidade de Miami, acrescentando que as pessoas podem sentir vergonha ao abordar certos temas com o médico, o que permite que velhos mitos sobre a saúde gastrointestinal persistam e que novas fontes de desinformação se espalhem.

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Perguntamos a dez especialistas em gastroenterologia e microbioma quais mitos eles gostariam de explicar. Aqui está o que eles nos disseram.

Mito 1:

Você precisa evacuar diariamente As pessoas costumam achar que, se não evacuam diariamente, algo deve estar errado, disse Folasade P. May, gastroenterologista da Escola de Medicina David Geffen, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Mas ela informou que pode ser normal evacuar entre três vezes por dia e três vezes por semana, e que o mais importante é a regularidade das evacuações, o aspecto das fezes (não devem ser muito duras, com grumos, ou líquidas) e a sensação ao evacuar (não muito difícil ou dolorosa).

Se com frequência você precisa fazer muito esforço, sente dor, demora mais de dez minutos no vaso sanitário ou tem a sensação de não conseguir evacuar o intestino por completo, talvez seja necessário procurar um médico. Isso é ainda mais importante se houver sangue nas fezes, mudanças repentinas na frequência ou na aparência das evacuações, ou uma perda de peso sem explicação. Esses podem ser sinais de condições graves, como uma doença inflamatória intestinal, doença celíaca ou câncer colorretal, ensinou ela.

Mito 2:

Dietas restritivas podem ajudar a curar sintomas gastrointestinais Tamara Duker Freuman é nutricionista da Associação de Gastroenterologia de Nova York. Quando atende pacientes com inchaço ou constipação, normalmente eles acham que a restrição de certos tipos de alimentos – como os grãos, as leguminosas, os laticínios, o ovo e a soja – ajuda a reduzir a inflamação e curar o intestino. Mas não há nada nesses alimentos que seja, por si só, inflamatório, disse Freuman. Além disso, as dietas restritivas podem até prejudicar a saúde intestinal, que geralmente se beneficia mais da diversidade de alimentos de origem vegetal, como os cereais integrais, as frutas, as verduras e as leguminosas. Ela advertiu que as restrições alimentares também podem levar a deficiências nutricionais ou a distúrbios alimentares.

Se você tem problemas intestinais frequentes, um médico pode ajudar a identificar a causa. Pode ser necessário evitar certos alimentos – por exemplo, no caso da doença celíaca, que exige a exclusão do glúten –, mas não eliminar grupos inteiros da sua dieta.

Mito 3:

É possível diagnosticar sensibilidades alimentares com um teste simples Diversas empresas vendem testes caseiros ou laboratoriais, chamados de testes de sensibilidade alimentar, que prometem, mediante a análise do sangue ou de alguns fios de cabelo, identificar alimentos que podem estar causando inchaço, dor abdominal e má digestão.

Kate Mintz, nutricionista especializada em saúde intestinal da Ucla Health, sistema de saúde da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, afirmou que pode ser “tentador” fazer um teste rápido na esperança de obter respostas objetivas. Mas esses testes, sejam os caseiros, sejam os aplicados por profissionais de medicina alternativa, não passaram por uma avaliação rigorosa, explicou Mintz, acrescentando que os resultados costumam sugerir que a pessoa evite uma lista longa de alimentos – às vezes, até aqueles que nunca causaram problemas –, o que pode ser confuso ou levar a dietas restritivas desnecessárias.

Em vez disso, procure um nutricionista que possa ajudar a identificar os alimentos responsáveis pelos sintomas, se houver algum. Segundo Mintz, esse processo pode levar tempo, mas tende a oferecer resultados melhores.

Mito 4:

Estresse pode causar úlceras Antigamente, os médicos acreditavam que as úlceras pépticas – feridas abertas no revestimento do estômago ou na primeira parte do intestino delgado – eram causadas pelo estresse ou por fatores como o consumo de alimentos apimentados. Essa ideia mudou nos anos 1980, quando cientistas descobriram que a bactéria Helicobacter pylori, que perfura a camada protetora do estômago, era a principal causa de muitas úlceras pépticas, disse William D. Chey, chefe de gastroenterologia do sistema de saúde da Universidade do Michigan. O uso frequente de anti-inflamatórios não esteroides, como a aspirina, o ibuprofeno e o naproxeno, também pode provocar úlceras.

Não tratar a “causa principal” das úlceras – seja com antibióticos, no caso de H. pylori, seja reduzindo o consumo de anti-inflamatórios, se forem a causa – pode fazer com que as lesões retornem, informou Chey. As úlceras recorrentes podem aumentar o risco de hemorragia, obstrução ou perfuração no estômago ou no intestino delgado. Infecções por H. pylori não tratadas também podem elevar o risco de câncer de estômago.

Mito 5:

Sucos detox e jejum podem curar o intestino A ideia é popular: fazer um suco com vários ingredientes – laranja, abacaxi, limão, pepino, gengibre, cúrcuma – e consumi-lo diariamente para melhorar a digestão, reduzir o inchaço e ter um intestino mais saudável. “Se você gosta de preparar ou de comprar essas bebidas, não há problema em consumi-las com moderação. Mas alguns sucos podem conter um alto teor de açúcar e, de fato, não ajudam a limpar nada”, ressaltou Shane.

Na verdade, ao extrair o suco das frutas e dos vegetais, as fibras são removidas – e estas são responsáveis por alimentar as bactérias benéficas do intestino e manter os movimentos intestinais regulares. O ideal é bater os ingredientes como um smoothie, preservando a fibra, ou preparar uma salada, ensinou Shane.

A versão mais extrema desse mito é a limpeza por meio de sucos, em que a pessoa consome apenas líquidos durante vários dias. Isso não traz benefícios nem é sustentável, acrescentou Shane, além de reforçar a ideia perigosa de que “o corpo precisa ser privado de alimentos para estar limpo e saudável”.

Mito 6:

Câncer colorretal afeta principalmente as pessoas mais velhas Na faculdade de medicina, no início dos anos 2000, May aprendeu que o câncer colorretal era uma doença de idosos. Mas sua taxa aumentou entre os mais jovens, tornando-se a principal causa de morte por câncer entre os homens com menos de 50 anos e a segunda mais comum entre as mulheres dessa faixa etária.

Hoje, May ensina aos estudantes de medicina que, quando os adultos apresentam alterações nos hábitos intestinais, perda de peso sem explicação ou sangue nas fezes, o câncer colorretal não deve ser descartado. Como os estágios iniciais da doença costumam ser assintomáticos, todos devem fazer exames preventivos – uma colonoscopia ou um teste de fezes em casa – a partir dos 45 anos, ou antes, se houver fatores de risco específicos.

Mito 7:

Comer oleaginosas e pipoca pode causar diverticulite A diverticulite ocorre quando pequenas bolsas na parede do cólon inflamam, provocando dor abdominal, náusea, vômito, prisão de ventre, cólicas ou febre. Nitin K. Ahuja, gastroenterologista da Universidade da Pensilvânia, disse que os médicos costumavam recomendar que as pessoas propensas à condição evitassem as oleaginosas, as sementes e a pipoca, porque esses alimentos poderiam ficar presos na parede do cólon, causando inflamação.

Mas isso se mostrou incorreto, explicou Ahuja. Na verdade, algumas pesquisas sugerem que quem consome oleaginosas ou pipoca tem menos probabilidade de desenvolver diverticulite do que quem não o faz. Esses alimentos contêm fibras, associadas a um menor risco de diverticulite.

Mito 8:

Comer feijão e outros alimentos que contêm lectinas pode deixar o intestino ‘permeável’ Alguns influenciadores afirmam que certos alimentos que contêm compostos chamados lectinas – incluindo o feijão, outros grãos e alguns vegetais – causam inflamação e tornam o revestimento intestinal “mais permeável”, permitindo que micróbios e toxinas passem do intestino para outras partes do corpo.

Todas as plantas contêm lectinas, e sua concentração é particularmente alta no feijão. Por isso, consumi-lo cru ou malcozido pode causar desconforto gastrointestinal. Só que, como a maioria das lectinas é destruída no cozimento, não há motivo para preocupação em relação aos níveis presentes no feijão, em outros grãos ou em alimentos cozidos, explicou Justin Sonnenburg, professor de microbiologia e imunologia da Universidade Stanford.

Embora alguns vegetais crus – como o tomate, o pimentão e a vagem – tenham lectinas, elas estão presentes em concentrações muito menores do que no feijão seco e não são associadas a sintomas digestivos.

Segundo Sonnenburg, evitar os alimentos vegetais que contêm lectinas por causa desse mito não trará benefícios ao sistema digestivo. Na verdade, pode ser prejudicial. Não consumir esses alimentos pode privar os micróbios intestinais benéficos de fibras suficientes, disse ele. Quando isso ocorre, eles podem começar a consumir o revestimento mucoso protetor do intestino, o que, de fato, pode levar a um intestino permeável e à inflamação, acrescentou.

Mito 9:

Síndrome do intestino irritável ‘é psicológica’ Dor abdominal, inchaço, diarreia, prisão de ventre: os sintomas da síndrome do intestino irritável (SII) são reais e podem ser debilitantes. Mas, historicamente, esse distúrbio tem sido cercado por estigmas, em parte porque não há um exame específico para diagnosticá-lo, sua causa não é totalmente compreendida e certos transtornos mentais, como a ansiedade e a depressão, podem agravá-lo.

Até hoje, alguns profissionais de saúde podem não levar a condição a sério, fazendo com que muitos pacientes se sintam rotulados como “loucos”, comentou Baha Moshiree, gastroenterologista da instituição de saúde Atrium Health Wake Forest, em Charlotte, na Carolina do Norte. Ela explicou que a SII é um distúrbio da comunicação entre o intestino e o cérebro. Alguns nervos intestinais – como os responsáveis pela percepção da dor – podem ser excessivamente sensíveis, tornando dolorosas até as funções digestivas normais.

A saúde mental pode influenciar a SII, mas isso não a torna menos real nem diminui a importância de seu tratamento, acrescentou Moshiree.

Mito 10:

Todo mundo deve tomar probióticos para a saúde intestinal Embora algumas pessoas possam se beneficiar do uso de suplementos probióticos, há poucas provas de qualidade que indiquem que a maioria precisa deles, disse Brian Lacy, gastroenterologista e professor de medicina da Clínica Mayo, em Jacksonville, na Flórida. Ele explicou que, como o intestino abriga milhares de espécies microbianas, é improvável que uma cápsula contendo apenas uma ou poucas cepas vivas tenha um impacto significativo.

E, para alguns indivíduos, os probióticos podem até piorar os sintomas. Quem tem prisão de ventre, por exemplo, pode sentir mais gases, inchaço e náusea depois de tomá-los, observou Kayla Hopkins, nutricionista do Departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Atrium Health, em Charlotte, na Carolina do Norte. Ela recomendou, em vez disso, o consumo de alimentos fermentados, como o iogurte, o kefir, o kimchi ou o chucrute, além de uma variedade de alimentos vegetais. “Um intestino saudável não começa com um monte de pílulas e fórmulas milagrosas, se você puder evitá-las. Começa com uma alimentação equilibrada e variada.”

(Alice Callahan é repórter do “Times” e cobre as matérias de nutrição e saúde. É doutora em nutrição pela Universidade da Califórnia, em Davis.)

c. 2025 The New York Times Company

o The New York Times

Foto: criada por IA/artguru

A sinusite é uma inflamação que afeta as mucosas dos seios nasais, localizados no crânio. Essa condição costuma provocar dores de cabeça persistentes, sensação de peso no rosto e corrimento nasal, podendo se manifestar de duas formas: aguda ou crônica. Sua origem, muitas vezes, está relacionada a infecções ou reações alérgicas.

Mas e se eu te dissesse que um aliado poderoso contra esses incômodos está bem aí, na sua cozinha? O sal de cozinha, aquele mesmo que você usa para temperar alimentos, pode ser a chave para aliviar os sintomas da sinusite.

O sal: alimento inesperado contra a sinusite Além de temperar pratos, o sal também ajuda a descongestionar o nariz e melhorar a respiração. Quando utilizado de forma correta em soluções caseiras, ele atua diretamente na limpeza das vias nasais, reduzindo inflamações e expulsando agentes irritantes como vírus, bactérias, poluentes e alérgenos.

O sal: alimento inesperado contra a sinusite Além de temperar pratos, o sal também ajuda a descongestionar o nariz e melhorar a respiração. Quando utilizado de forma correta em soluções caseiras, ele atua diretamente na limpeza das vias nasais, reduzindo inflamações e expulsando agentes irritantes como vírus, bactérias, poluentes e alérgenos.

Apesar de não ter aprovação da Anvisa como tratamento oficial, o uso do sal para lavagem nasal é amplamente reconhecido como seguro. No entanto, é importante lembrar: essa prática não substitui a orientação médica e deve ser usada como complemento ao tratamento indicado.

Como preparar sua solução caseira de sal? Se você quer experimentar essa técnica em casa, siga este passo a passo:

Dissolva uma colher de chá de sal em um copo de água filtrada e morna. Com uma seringa, aplique um jato da solução em uma das narinas enquanto mantém a boca aberta para respirar. Incline a cabeça para permitir que a água escorra pela outra narina.Ao final do processo, sinta o alívio! Só não assoe o nariz imediatamente. Dicas extras para cuidar da sinusite Para quem está enfrentando gripes, resfriados ou alergias, condições que favorecem a sinusite, beber bastante água ao longo do dia é essencial. Além disso, inalações com solução salina, soro fisiológico ou até mesmo vapor de água quente podem complementar o alívio dos sintomas.

Com um pouco de cuidado e o auxílio de ingredientes simples, você pode enfrentar a sinusite de forma mais leve e eficaz!

Outras dicas de Saúde na Catraca Livre Dezembro chegou, e com ele a temporada mais aguardada pelos brasileiros, repleta de comidas típicas. As mesas das ceias de Natal e Ano Novo costumam estar recheadas de pratos que fazem qualquer um salivar: chester, farofa, rabanada, salpicão, arroz com passas, além de deliciosos doces como panetone.

Catraca Livre