Um estudo publicado na revista científica Jama Ophtamology, liderado pelo oftalmologista Ping Wu, do Yichang Central People's Hospital, em Hubei, na China, aponta que o novo coronavírus pode estar presente na lágrima de pacientes infectados pela covid-19.
Os pesquisadores analisaram 38 pessoas internadas em um centro hospitalar na província de Hubei. Em 28 (73,7%) pacientes, foi detectado o novo coronavírus nas amostras nasofaríngeas e, em dois destes (5,2%), foi detectado o mesmo vírus tanto na conjuntiva (membrana mucosa que forra o globo do olho e o une as pálpebras), quanto nas amostras nasofaríngeas.
Ainda não existem evidências científicas que expliquem por que alguns pacientes apresentaram o vírus na lágrima e outros, não.
egundo o estudo, a carga viral, isto é, a quantidade de vírus, detectada na lágrima de ambos os pacientes foi baixa, mas suficiente para ser uma via de transmissão.
Outra conclusão do estudo foi a de que 12 dos 38 pacientes manifestaram sintomas oftalmológicos, entre eles a conjuntivite. Deles, seis apresentavam quadro crítico, quatro apresentavam quadro moderado e dois apresentavam quadro severo.
A pesquisa ainda afirma que pacientes com quadros mais graves de covid-19 têm mais chances de manifestar sintomas oftalmológicos do que pacientes com quadros leves ou moderados. A explicação para tal, no entanto, ainda não foi esclarecida.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), por meio do Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos), trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Segundo a instituição, os estudos estão ainda em "fase pré-clínica", momento em que são analisados aspectos de segurança por meio de testes laboratoriais e em animais.
A vacina experimental contém "pequenas partes de proteínas do vírus Sar-Cov-2 capazes de induzir a produção de anticorpos específicos no processo de defesa do organismo." O instituto responsável por conduzir as pesquisas afirma que essas biomoléculas foram idenfificadas por meio de modelo computacional e reproduzidas em laboratório (in vitro).
Na próxima fase, de acordo com a Fiocruz, serão realizadas "formulações vacinais" para avaliação. "A partir dos resultados dos estudos pré-clínicos, parte-se para a fase dos estudos clínicos de fases I, II e III (testes com seres humanos)", explica a fundação por meio de nota.
O projeto, no entanto, só deve entrar em processo de registro a partir de 2022. Nesse momento, quando a pesquisa alcança essa etapa, os resultados dos estudos clínicos são apresentados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que vai avalizar os dados e, a partir daí, decidir se autoriza ou não a inclusão do produto no mercado.
De acordo com Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos da Anvisa, qualquer medicamento ou vacina passa por quatro etapas fundamentais: Desenvolvimento exploratório, pesquisa pré-clínica, pequisa clínica (uso em humanos) e registro (autorização para ser comercializada). Após o registro, no entanto, a vacina ainda é monitorada no pós-mercado.
Pré-clínica ou não clínico
O objetivo é verificar os parâmetros básicos de ação da molécula utlizada e, assim, estabelecer doses seguras. "Esses ensaios devem ser realizados para se conhecer o mecanismo de ação de uma molécula, determinar sua toxicidade e as doses consideradas seguras para o início dos testes em seres humanos. Esses testes são realizados em laboratórios e em animais de experimentação."
Ensaios clínicos (estudos em seres humanos)
De acordo com órgão, para a realização de qualquer pesquisa clínica envolvendo seres humanos, os laboratórios precisam, necessariamente, de autorização dos CEPs (Comitês de Ética em Pesquisa) ou da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
"Antes de ser iniciada, a pesquisa clínica deve passar por aprovação de instâncias éticas e técnicas, para que se tenha a garantia de que os estudos serão conduzidos de maneira correta e segura, garantindo que os voluntários envolvidos obtenham o máximo de benefício e o mínimo de riscos e danos."
Veja: Governo estuda diagnóstico de covid-19 sem realização de teste
Dentro desse ensaio, existem três fases (I, II, III), "onde são investigadas informações sobre atividade, funcionamento e segurança para que o produto possa ser liberado ao mercado e ser usado em pacientes."
Registro
Nesse momento, os resultados dos estudos clínicos são apresentados ao órgão, que vai avalizar os dados e, a partir daí, decidir se autoriza ou não a inclusão do produto no mercado.
O uso generalizado de máscaras faciais poderia manter a transmissão da covid-19 em níveis controláveis de epidemias nacionais e poderia prevenir ondas futuras da doença pandêmica se combinadas com lockdowns, de acordo com um estudo britânico publicado nesta quarta-feira.
A pesquisa, liderada por cientistas nas Universidade de Cambridge e de Greenwich, sugere que os lockdowns apenas não irão impedir o ressurgimento do novo coronavírus SARS-CoV-2, mas que até mesmo as máscaras caseiras podem reduzir dramaticamente as taxas de transmissão se um número suficiente de pessoas as utilizarem em público.
"Nossas análises apoiam a adoção imediata e universal de máscaras faciais por toda a população", disse Richard Stutt, que co-liderou o estudo em Cambridge.
Ele diz que as conclusões mostram que, se o uso generalizado de máscara for combinado com o distanciamento social e algumas medidas de lockdown, isso poderia ser uma maneira aceitável de administrar a pandemia e a reabertura das atividades econômicas" muito antes do desenvolvido e da disponibilização de uma vacina contra a covid-19, a doença respiratória causada pelo coronavírus.
Os achados do estudo foram publicados na revista científica "Procedimentos da Sociedade Real A".
A Organização Mundial da Saúde atualizou sua orientação na última sexta-feira para recomendar que os governos peçam que todos utilizem máscaras faciais de tecido em áreas públicas onde existam riscos para assim reduzir a propagação da doença.
O estado inflamatório que a infecção pelo novo coronavírus provoca no organismo coloca pessoas com problemas cardiovasculares no grupo de risco da covid-19, o que significa que elas estão mais suscetíveis a ter complicações por causa da doença.
Mas não só isso: esse processo, por si só, também aumenta o risco de desenvolver doenças relacionadas ao sistema cardiovascular, o que ajudaria a explicar por que o AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode ser a primeira manifestação da covid-19, segundo a neurologista Sheila Martins, presidente da Rede brasil AVC e vice-presidente da Organização Mundial de AVC.
Essa inflamação estimula a formação de pequenos coágulos "que podem levar ao AVC, infarto e tromboses venosas", afirma.
A especialista destaca que existem casos de pessoas saudáveis que tiveram AVC e, depois, receberam o diagnóstico de covid-19. Esse fato, inclusive, gerou uma mudança no protocolo de atendimento de hospitais de Nova York, por exemplo, onde pacientes que têm sintomas de AVC fazem testes para a covid-19.
"Por esse motivo, a gente queria mudar [o protocolo] aqui no Brasil, mas não conseguimos por vários motivos, inclusive de logística", explica a médica.
Um estudo realizado na China e publicado na revista científica JAMA Neurology, da Associação Médica Americana, trouxe, pela primeira vez, evidências de que a covid-19 provoca alterações neurológicas, dentre elas o AVC.
Cabe ressaltar, no entanto, que a pesquisa analisou um grupo restrito de 214 pacientes com diagnóstico confirmado e que estavam em hospitais de referência para a doença na cidade de Wuhan, na China, onde se originou a pandemia.
Pessoas deixam de ir ao hospital na pandemia O medo de contágio pelo novo coronavírus também gerou outro impasse: o número de pessoas que procuram atendimento médico por causa de doenças cardiovasculares diminuiu 50% no país, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.
"Nós vemos pacientes chegando 2, 3 dias depois [nos hospitais] porque têm medo de sair, ir para a emergência e se contaminar", relata Sheila.
A especialista ressalta que não há motivo para ter medo de contágio pelo novo coronavírus, pois a assistência aos pacientes com problemas cardíacos e feita em alas separadas dos que são diagnosticados com covid-19.
Essa situação é grave porque o tempo é crucial para evitar sequelas e mortes de pacientes que sofreram AVC ou infarto. "Quando entope a circulação, imediatamente aquela região [do corpo] fica sem sangue e, com o passar do tempo, toda a área irrigada por aquele vaso morre", explica a neurologista.
"Cada minuto que a circulação fica fechada, o órgão está sofrendo e morrendo, no caso do AVC isso acontece com o cérebro", completa.
O ideal é que um paciente vítima de AVC seja tratado nos primeiros 90 minutos após o início dos sintomas, de acordo com a médica. Já no caso de infarto, as consequências são mais graves depois de 3 horas.
A recomedação para quem tiver sintomas é chamar ajuda imediatamente por meio do 192, número do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).