A pastilha feita com tijolo de cerâmica desenvolvida no Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é mais uma forma de combate ao Aedes aegypti e foi criada para atender uma demanda da própria universidade, já que foi constatado que no campus Saúde boa parte das larvas do mosquito se proliferam dentro de bueiros.
Tudo foi desenvolvido no próprio laboratório da UFMG. A tecnologia já funcionava só que para água limpa. A diferença da nova pastilha para o outro dispositivo é que ela é eficaz em lugares sujos. "Quando nos deparamos com o problema no campus Saúde, tivemos que desenvolver uma nova tecnologia para funcionar em bueiros que não tem luz e a água também não é potável", explica o pesquisador Jadson Belchior
Tudo começou em 2018 e segundo estudiosos já foi possível reduzir o problema no campus Saúde da UFMG. "Estamos testando o material e tem demonstrado bastante eficiência, em torno de 80%", afirma Jadson Belchior.
Uma das vantagens do material é o custo. Cada sachê com 5 pastilhas custa apenas R$ 1. O sachê faz uma liberação controlada do larvicida e dura entre 5 e 6 semanas. "A larva cresce em torno de 7 a 9 dias. Então, se a gente colocar um produto lá que acabe em dois dias não seria eficiente para combater a larva", observa o pesquisador.
O Ministério da Saúde defendeu o resultado da avaliação de uma equipe de médicos da Universidade de São Paulo (USP) sobre o caso de reações adversas a vacinas contra HPV em jovens no Acre. Segundo os profissionais, os pacientes tiveram uma crise “psicogênica”, e não um problema em decorrência da substância aplicada na imunização.
A apresentação ocorreu nessa semana, em Rio Branco, e contou com a presença de representantes da Secretaria de Saúde, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa do estado. Mais de 80 jovens apresentaram diversos sintomas após tomar a vacina, dando origem a suspeitas disseminadas em redes sociais.
A equipe de médicos da USP selecionou 12 jovens e observou-os para avaliar a condição médica. O diagnóstico não indicou qualquer reação à substância, mas o que definiram como “crise não-epilética psicogênica”. Os sintomas teriam emergido em razão de um conjunto de fatores, desde o receio em relação à própria vacina até condições socioeconômicas. A crise se espraiou entre as pessoas da região.
Estresse emocional “Esta doença ocorre em razão de um conjunto de problemas psicossociais. O fator estressante emocional é a vacinação. Não apenas o ato da vacinação, mas a crença compartilhada por aquele grupo de que a vacina pode ser perigosa. Essa apreensão provoca nas pessoas que já são vulneráveis o surgimento dos sintomas, que são agravados por estímulos que vão reforçando a ocorrência das crises”, disse o médico da USP Renato Luiz Marchetti.
Segundo ele, essa reação já foi verificado em relação a outros tipos de vacina, como as para o vírus H1N1, malária e tétano. Nesses casos, houve também um espraiamento “a partir da crença compartilhado de que tem algo acontecendo”.
Marchetti disse ainda que se a vacina não foi a causadora, tampouco os pacientes fingiu a doença. Ele citou como elementos potencializadores da difusão das crises tanto o tratamento equivocado na rede de saúde como a difusão de conteúdos nas redes sociais.
“Alguns pacientes não tiveram problemas acolhidos adequadamente, receberam tratamentos incorretos. E houve o papel da rede social. Essas crises são suscetível à sugestionabilidade. As mães postaram as crises e divulgaram na Internet, expondo a outras crianças. E isso provoca o agravamento”, avalio.
A consultora da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) Maria Teresa da Costa ressaltou que mais de US$ 300 milhões foram gastos em todo o mundo para examinar a eficácia da vacina contra o HPV, que atestaram o caráter seguro dela. Os eventos que ela pode produzir, acrescentou, são locais e de resolução espontânea, como dores, febre e mal estar localizados.
Costa destacou a importância da vacinação para prevenir a ocorrência do câncer de colo de útero. “Este câncer está matando mulheres e essa vacina protege em 100% para os tipos existentes. De concreto temos que o câncer mata e esta vacina previne e é importante ser imunizado jovem pois melhora a resposta”, defendeu a consultora.
Esclarecimento O representante do Ministério da Saúde no evento, Júlio Groda, reforçou a análise da equipe médica e criticou a suspeição sobre o diagnóstico. Ele lembrou que o órgão possui um canal para fornecer esclarecimentos sobre notícias falsas acerca de temas sobre saúde. O canal pode ser acessado tanto pelo site da pasta (http://www.saude.gov.br/fakenews) quanto pelo Whatsapp, no número (61)99289-4640
Falta menos de um mês para o Natal, época do ano em costumamos comer mais (e em lugares incomuns). Por isso, devemos estar atentos às alergias que alguns tipos de alimentos podem causar.
Nozes, frutas e frutos do mar são as principais causas de alergias alimentares entre adultos, enquanto leite, ovos e peixes são os alimentos que criam mais problemas entre crianças de 0 a 2 anos
"É importante saber que a reação alérgica não depende da quantidade ingerida, mas da sensibilidade do paciente a esse alimento", sublinham especialistas do Departamento de Alergologia da Clínica da Universidade de Navarra.
“Alergia alimentar é mais comum em pessoas de famílias com alergias, embora possam ser outros tipos de alergias (eczema, asma, rinite). Também é mais comum em crianças do que em adultos ”, diz a Fundação Espanhola do Sistema Digestivo.
Quando mudamos nossos hábitos em decorrência de celebrações e reuniões, podemos ter algum problema e, sem saber, sofrer algum tipo de alergia alimentar. As pessoas que sofrem de alergias alimentares apresentam sintomas ao ingerir certos alimentos, porque seu corpo desenvolveu um tipo de anticorpos chamado imunoglobulina E (IgE) contra qualquer proteína que esses produtos contenham.
“Para que a IgE seja produzida contra alimentos, a pessoa deve ter ingerido [o causador da alergia] em alguma ocasião anterior (fase de sensibilização), embora isso nem sempre seja lembrado”, destacam os especialistas da Fead (Fundação Espanhola do Sistema Digestivo).
Em crianças pequenas, a alergia a um alimento pode desaparecer com o tempo e permitir que elas o ingiram novamente. Isso ocorre, acima de tudo, com leite e ovo. Porém, após 5 anos, as chances de tolerar um alimento para o qual a criança é sensibilizada diminuem, afirmam os especialistas do Departamento de Alergologia da Clínica da Universidade de Navarra, na Espanha.
É possível, segundo os especialistas, “ter sintomas com quantidades muito pequenas de alimentos (vestígios) que podem ser encontrados inesperadamente, mesmo como contaminantes”.
Sintomas múltiplos Quando uma pessoa é sensibilizada, ou seja, produziu IgE contra um alimento, ela apresenta sintomas toda vez que o digere.
Esses sintomas podem ser muito variados. “Os mais frequentes são: prurido na boca, inchaço dos lábios ou língua, náusea, vômito ou diarreia, prurido ou urticária generalizada, inchaço das pálpebras, rinite (prurido, espirros, congestão nasal), asma (tosse, asfixia e pitos ou chiado no peito), tontura, queda de tensão e perda de consciência ”, descrevem os especialistas da Fundação Espanhola do Sistema Digestivo.
“Quando os sintomas aparecem na pele e nas mucosas, juntamente com rinite, asma ou sintomas digestivos, a reação é considerada generalizada e é chamada de anafilaxia. Além disso, se houver uma queda na pressão arterial, isso é chamado de choque ou choque anafilático. Essa reação é séria e, embora seja extremamente rara, há casos de morte ”, dizem eles.
Diagnóstico Para diagnosticar uma alergia alimentar, o médico alergista faz um histórico detalhado que inclui o tipo de sintoma, o tempo decorrido entre a ingestão e o aparecimento destes, a quantidade de alimentos consumidos e sua preparação culinária, além de outros fatores associados — por exemplo, prática de exercício físico ou uso de medicamentos.
Primeiro, o médico fará ao paciente perguntas diferentes sobre os sintomas, a frequência das reações e outros problemas.
Em seguida, são feitos certos testes, como um exame de sangue ou um teste de picada.
"O teste de picada, ou teste intraepidérmico, consiste na aplicação na superfície cutânea de uma pequena quantidade de extrato alergênico (geralmente uma gota) na qual uma punção leve é realizada com uma lanceta de ponta curta", detalha a Sociedade Espanhola de Alergologia e Imunologia Clínica.
O objetivo é observar se ocorre ou não uma reação cutânea e se é especialmente significativa ou leve.
Mas se os resultados do exame de sangue ou picada não forem decisivos, o alergista pode decidir fazer um teste de exposição ou provocação, que consiste em administrar o alimento suspeito e observar o paciente.
"É o último recurso no diagnóstico alergológico e geralmente é um procedimento necessário para esclarecer um diagnóstico de suspeita", diz a Sociedade Espanhola de Alergologia e Imunologia Clínica.
Como as alergias alimentares podem desencadear reações graves, esse teste deve ser realizado "sempre sob supervisão médica e em um hospital", diz a Fundação Espanhola do Sistema Digestivo.
"É importante que, em caso de suspeita de alergia alimentar, o alergista seja consultado para fazer um diagnóstico preciso que evite dietas excessivamente restritivas e garanta a detecção de todas as alergias relevantes", destaca essa entidade.
O medo de tomar uma vacina pode causar febre, dor generalizada, desmaios e até convulsões. Esses são sintomas da doença psicogênica diagnosticada em um estudo feito pelo IPq (Instituto de Psiquiatria) do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP). Os casos aconteceram em crianças e adolescentes que tomaram a vacina contra o vírus HPV no Acre.
A análise foi feita com 74 pessoas no começo de 2019 a pedido do Ministério da Saúde. Após uma triagem, os médicos escolheram 16 casos considerados mais graves pela ocorrência de convulsão. Destes, 12 já foram avaliados: dez meninas e dois meninos com idade média de 13 e 14 anos
Com a realização de exames, foi constatado que as dez meninas não tinham nenhuma doença neurológica causada por lesão ou alteração no sistema nervoso central.
“A crise psicogênica é uma doença funcional. O sistema nervoso central reage de maneira abrupta a uma situação de grande estresse psicológico ou ameaça compartilhada”, explica José Gallucci, coordenador da Unidade de Videoeletroencefalografia do IPq.
“Nesse caso, a crise se originou pelo medo de vacinar, e não pelo ato em si. A vacina é totalmente segura”, garante.
Ainda de acordo com o especialista, vários motivos podem levar uma pessoa com estresse a ter crise psicogênica. Em relação ao surto no Acre, além do receio sobre a vacina, as pessoas tinham algumas características em comum.
“Elas vêm de famílias simples, com problemas como desemprego e para se relacionar internamente”.
Além disso, uma hipótese é que o movimento antivacina tenha ajudado a amplificar o fenômeno.
“Muitas famílias começaram a compartilhar vídeos nas redes sociais das crianças tendo convulsão. E algumas crises ocorreram depois de assistirem a essas cenas”, afirma o psiquiatra.
Dois irmãos, por sua vez, foram diagnosticados com epilepsia de origem genética.
“Nesse caso, a vacina pode ter sido um gatilho para a crise epilética. Mas ela se manifestaria em algum momento da vida, independente da vacinação”, ressalta o psiquiatra.
Os escolhidos passaram por avaliação no Hospital das Clínicas de São Paulo com uma equipe que reuniu 17 profissionais de diferentes áreas da medicina. Eles ficaram 15 dias internados no serviço de videoeletroencefalografia do IPq.
“Durante o exame, a atividade cerebral do paciente é monitorada por eletrodos. Assim, dá para registrar a convulsão e a sua correlação com lesões ou comportamentos do paciente”, descreve Gallucci. Ao todo, foram 300 horas de monitoramento.
O tratamento de doenças psicogênicas é feito com uma técnica chamada terapia comportamental cognitiva, sem o uso de remédios. Por meio dele, é possível controlar crises e reduzir danos, diz Gallucci.
Essa técnica é capaz de reeducar o sistema nervoso sobre como reagir a situações de estresse e, assim, promove uma mudança de comportamento”, explica. “Inclusive, a gente se dispôs a treinar os médicos do Acre para tratar as meninas”, acrescenta.
O especialista ressalta que doenças psicogênicas por medo de vacina já aconteceram outras vezes. “Por exemplo, em casos de imunização contra cólera, H1N1 e até pela vacinação com gotinhas”, lembra. “Mas, com certeza, o movimento antivacina fez isso piorar”, pondera.