As Nações Unidas e a Cruz Vermelha conclamaram nesta quarta-feira (3) os governos e o setor privado a se unirem para oferecer uma vacina contra a covid-19 que seja acessível a qualquer pessoa, principalmente as mais vulneráveis.
Em um comunicado conjunto, as duas organizações defenderam que à medida que os esforços para desenvolver ferramentas contra o vírus SARS-CoV-2 sejam acelerados, a solidariedade global deve prevalecer. "Ninguém deve ser deixado para trás", pediram.
As organizações lembraram que a doença está tendo um impacto global, mas vem afetando grupos e indivíduos vulneráveis de forma desproporcional.
"Uma vacina de base deve proteger os ricos nas cidades e os pobres nas comunidades rurais, os idosos nos asilos e os jovens nos campos de refugiados. Um contrato social para uma vacina popular contra a Covid-19 é um imperativo moral", disseram.
Além disso, a ONU e a Cruz Vermelha destacaram que o compromisso de desenvolver a vacina deve ser acompanhado de mais colaboração para sustentar a imunização contra outras doenças. A pandemia tem atingido com muita força campanhas contra sarampo, poliomielite e difteria em vários países.
Enquanto é aguardada uma vacina contra o coronavírus, as organizações pediram também para que sejam mantidos os trabalhos de conscientização para que todas as comunidades saibam como evitar o contágio.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, há quase 6,5 milhões de casos confirmados de infecção pelo SARS-CoV-2 e mais de 382 mil mortes por Covid-19 em todo o mundo.
O CT Vacinas, núcleo formado por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), desenvolveu um teste para diagnosticar a covid-19, que diminui as chances de o resultado ser de falso negativo ou falso positivo.
Trata-se de um teste Elisa, nome que deriva da abreviação de "ensaio de imunoabsorção enzimática" (em inglês, enzyme-linked immunosorbent assay), em referência à técnica usada. Pelo mundo, o método consolidou-se, há anos, como ferramenta de detecção do HIV.
Além de rápido, o teste concebido pelo CT Vacinas tem a vantagem de ser mais barato que outra opção existente, o RT-PCR (do inglês reverse-transcriptase polymerase chain reaction), cujo custo varia de R$ 280 a R$ 470 na capital paulista, conforme apurou a Agência Brasil, após contatar três redes de laboratórios.
Como os testes rápidos, o Elisa também é sorológico (feito a partir da procura por anticorpos no sangue), com a diferença de que pode ser realizado somente em laboratórios, ainda que o equipamento necessário seja relativamente simples. Após as validações iniciais, a próxima etapa é obter a certificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"No caso do Elisa, de metodologia completamente diferente [em relação aos testes rápidos], tira-se uma amostra de sangue maior, precisa-se de 1 mililitro, pelo menos. Então, é necessária uma agulha para coletar o sangue. O processo de detecção da presença do anticorpo é muito mais sensível", diz a coordenadora do CT Vacinas, Santuza Ribeiro.
"Por isso, mesmo que a pessoa tenha baixas quantidades de anticorpo, não se detecta naquele teste rápido, mas pode-se detectar no Elisa. Não se consegue fazer o Elisa em um balcão de farmácia, por exemplo. Por outro lado, há uma sensibilidade muito maior. Outra vantagem é que, com o Elisa, consegue-se uma redução não só de falso negativo, mas de falso positivo, que é quando se tem uma reação que parece positiva, e, na verdade, é um anticorpo contra outro vírus, que não o Sars-CoV-2, como o de gripe comum", explica Suzana.
Com o Elisa desenvolvido pelos pequisadores do CT Vacinas, consegue-se mostrar que, em pessoas que têm anticorpos contra outras viroses, como dengue, não se detecta positivo. "O teste rápido não é capaz de diferenciar as outras infecções", acrescenta.
Na prática, o que se faz é fixar o antígeno em uma placa de poliestireno e ligá-lo a um anticorpo com marcador enzimático. Caso haja reação de defesa do organismo contra o agente patogênico – no caso, o novo coronavírus –, na forma de anticorpos, o material depositado sobre a placa muda de cor.
Em virtude da estrutura exigida para aplicação do teste, a equipe agora busca o apoio de órgãos federais, como o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e outros entes públicos e também de empresas, para possibilitar a produção em larga escala e a disponibilização a uma parcela significativa da população. Duas pontes que estão sendo negociadas envolvem a Fundação Ezequiel Dias (Funed), do governo de Minas Gerais, e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fiocruz.
Santuza destaca, ainda, que o teste Elisa para covid-19 surgiu do aprimoramento de um saber que já circulava no núcleo, sinalizando para a importância do investimento estável em ciência. "No CT Vacinas, a gente já havia desenvolvido um teste muito semelhante, para outras doenças, inclusive não virais, para leishmaniose, doença de Chagas e malária. A mudança que foi feita consistiu em colocar como componente do teste uma molécula capaz de detectar o anticorpo contra o covid-19."
"Testamos três opções e encontramos o antígeno N, componente da partícula viral, como a melhor molécula para detectar o anticorpo contra covid-19. Isso foi uma demanda específica que tivemos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), com financiamento da fundação, inicialmente, e depois recebemos recursos do governo federal, por meio da Rede Virus, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações". De acordo com a coordenadora do CT Vacinas, trata-se de uma molécula distinta da que está sendo usada no desenvolvimento de vacinas.
A proposta foi apresentada pela Fapemig no início de março, diz Santuza, ao destacar o sucesso da equipe, que completoo o desafio em três meses: "A gente ficou muito feliz, porque não sabia se teria capacidade de realizar em um tempo tão curto."
Uma equipe da Clínica Universitária de Charité, em Berlim, em parceria com o Instituto Francis Crick, de Londres, detectou diferenças no sangue de pacientes com casos leves e graves de covid-19. Esta alteração pode agravar quadros de doenças por patógenos no futuro.
O estudo, publicado na revista especializada Cell Systems contou com a análise de sangue de 31 pacientes nos quais foram verificadas 27 proteínas, que se apresentavam em quantidades diferentes e oscilavam de acordo com a gravidade do contág
Estss proteínas foram consideradas marcadores biológicos para que os cientistas pudessem definir se um paciente de covid-19 desenvolveria um quadro mais grave da doença.
“Isso pode potencialmente salvar vida. A pesquisa pode avisar os médicos quais pacientes potencialmente podem desenvolver um quadro mais grave da doença e, assim, considerar as opções de tratamento mais cedo”, explica o diretor do instituto de bioquímica de Charité, Markus Ralser.
Outro ponto é que o uso dessa tecnologia “daria claridade sobre as condições físicas do paciente, independentemente do que ele descreve”, continua.
Em determinadas circunstâncias, o corpo pode não apresentar sintomas físicos do vírus que carrega. Mas a avaliação por estes marcadores biológicos indicaria se o pacientes está contaminado ou não.
Sabendo disso, os pesquisadores, liderados por Markus Ralser, criaram uma forma rápida de medir essas proteínas no sangue. O resultado foi simples: quanto mais grave o caso de covid-19, menos concentração tinham dessas proteínas no sangue.
Dentre as 27 proteínas encontradas como marcadores, algumas ainda não haviam sido relacionadas a uma resposta imunitária ao covid-19.
O próximo passo para a pesquisa é realizar testes em grupos maiores de pacientes, assim como as testagens de pares, procedimentos padrões para criar uma tese científica.
Quem mais sofre com a solidão? De acordo com uma pesquisa realizada em 237 países e territórios, com mais de 46 mil participantes, não são os idosos que estão em primeiro lugar nesse ranking. Pelas respostas dos entrevistados, cujas idades variavam entre 16 e 99 anos, os grupos mais atingidos são os jovens, homens e pessoas de sociedades muito individualistas. Na verdade, os resultados mostraram que o sentimento pode até diminuir com o passar do tempo.
As universidades de Exeter, Manchester e Brunel são parceiras da BBC no trabalho, divulgado no fim de maio, que mostra que os mais jovens têm relatos de grande solidão. “Ao contrário do que as pessoas tendem a acreditar, este sentimento não é uma prerrogativa dos idosos. Como a solidão deriva da avaliação de que as conexões sociais de um indivíduo não são boas como ele gostaria, a leitura passa por diferentes expectativas, que variam conforme a idade”, explicou a professora Manuela Barreto, de Exeter.
Pamela Qualter, de Manchester, afirmou que, para os homens, admitir que estão se sentindo sós pode se transformar num estigma. No cenário da Covid-19, as pesquisadoras enfatizaram que os jovens precisam de atenção e apoio, porque podem ser bastante afetados pelas mudanças: “embora seja verdade que eles dominam a tecnologia, esta serve como extensão para seus relacionamentos presenciais, e não como um substituto”, complementou Manuela Barreto.
Já está claro para todos que o impacto da pandemia na saúde mental do planeta tem e terá consequência profundas, com o risco de um aumento superlativo dos casos de ansiedade e depressão. Medir a extensão do fenômeno e criar ações para mitigar o problema tornou-se uma necessidade imperiosa: afinal, a maioria vem enfrentando um enorme grau de incerteza. A rotina que todos conheciam foi substituída pelo medo de ficar doente, perder entes queridos e não ter recursos para sobreviver. Por isso, uma outra pesquisa global, essa em curso e que reúne outras três instituições britânicas – a London School of Economics e as universidades de Surrey e Nottingham Trent – está ouvindo pessoas acima de 18 anos com o objetivo de ajudar na formulação de políticas públicas.
À frente do projeto está YingFei Héliot, professor da Surrey Business School, e os resultados deverão estar disponíveis até o fim do ano. “Estudos anteriores já mostraram que muitos indivíduos desenvolvem respostas negativas, como estresse pós-traumático, durante ou após eventos severos. Portanto, mesmo depois da pandemia, ainda teremos que lidar com essas questões”, disse.
As perguntas estão divididas em três grupos. O primeiro se refere às iniciativas que estão sendo implementadas no país do entrevistado para combater a pandemia: como a liderança da nação vem conduzindo o processo? As pessoas confiam nas medidas que estão sendo tomadas? A segunda seção é sobre como nos relacionamos com as regras em vigor: se concordamos com o isolamento, se estocamos alimentos de forma diferente do normal, como nos mantemos informados. Por último, a parte sobre saúde e bem-estar quer saber como o participante está lidando com a situação, se está se sentindo só ou tem amigos a quem recorrer. Infelizmente, o português não está entre as línguas disponíveis para o questionário. Haverá duas rodadas suplementares nos próximos meses e as informações são confidenciais.