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Um consórcio internacional de cientistas revelou que anéis de DNA que ficam fora dos cromossomos — conhecidos como DNA extracromossômico (ecDNA) — podem estar entre os primeiros motores do crescimento do glioblastoma, o tipo mais comum e agressivo de câncer cerebral em adultos.

cerebrocancer

O estudo, publicado nesta segunda-feira (8) na revista Cancer Discovery, indica que esses fragmentos de DNA “fora do lugar” aparecem já nas fases iniciais da doença e, em alguns casos, até antes da formação completa do tumor. A descoberta abre a possibilidade de desenvolver métodos de diagnóstico precoce e estratégias terapêuticas mais eficazes para um câncer que, hoje, tem sobrevida média de apenas 14 meses após o diagnóstico.

Câncer difícil de tratar O glioblastoma é um dos maiores desafios da oncologia: cresce rapidamente, é altamente resistente a tratamentos e, apesar de décadas de pesquisa, pouco avançou em termos de cura ou aumento significativo da sobrevida dos pacientes.

Os anéis de ecDNA já vinham sendo associados a diversos tipos de câncer, mas seu papel exato ainda era um mistério. Por isso, em 2022, o Cancer Grand Challenges — iniciativa financiada pelo Cancer Research UK e pelo National Cancer Institute dos Estados Unidos — investiu R$ 130 milhões (US$ 25 milhões) no grupo internacional eDyNAmiC, que reúne especialistas em biologia do câncer, medicina, matemática e ciência da computação.

'Escavação' do tumor Na nova pesquisa, a equipe analisou amostras de tumores de pacientes com glioblastoma combinando técnicas de sequenciamento genético, imagens avançadas e modelos computacionais de evolução celular.

“Estudamos os tumores como um arqueólogo: em vez de olhar para uma única amostra, investigamos diferentes áreas e simulamos milhões de cenários para entender como esses anéis de DNA surgem e se espalham”, explica Benjamin Werner, do Barts Cancer Institute, instituição da Queen Mary University de Londres. O resultado mostrou que a maioria dos ecDNAs carregava o gene EGFR, um dos principais motores do câncer. Esse gene, quando presente nesses anéis, surgia muito cedo na evolução do tumor e, em seguida, acumulava mutações adicionais que o tornavam ainda mais agressivo e resistente a tratamentos.

Janela de oportunidade Para os cientistas, esse momento inicial pode ser crucial.

“Há uma janela de oportunidade entre o surgimento do ecDNA com EGFR e o aparecimento das variantes mais agressivas”, diz Magnus Haughey, pesquisador da Queen Mary e um dos autores do artigo.

Isso significa que, se houver um exame capaz de detectar esses anéis no sangue ou em outro fluido corporal, seria possível intervir antes que o glioblastoma atinja sua forma mais letal.

O estudo também mostrou que os anéis de ecDNA podem carregar mais de um gene cancerígeno ao mesmo tempo, influenciando de diferentes formas a evolução da doença e a resposta aos tratamentos. Isso reforça a ideia de terapias personalizadas, adaptadas ao perfil genético de cada tumor.

Próximos passos A equipe pretende investigar agora como diferentes tratamentos afetam a quantidade e o tipo de ecDNA nos tumores, além de ampliar o estudo para outros tipos de câncer.

Segundo Charlie Swanton, do Francis Crick Institute, os resultados sugerem que o ecDNA não é apenas um “passageiro”, mas um condutor poderoso da doença.

“Entender quando e como esses anéis aparecem pode abrir caminho para um diagnóstico muito mais precoce e para intervenções antes que o câncer se torne resistente”, afirma. Para Paul Mischel, professor de Patologia em Stanford, a descoberta pode mudar a forma de abordar o glioblastoma: “Se conseguirmos identificar esses anéis cedo, talvez seja possível tratar o tumor antes que ele se torne intratável.”

Diretor do programa Cancer Grand Challenges, David Scott destaca o caráter pioneiro do trabalho: “Essa é a ciência de fronteira que mostra o poder da colaboração internacional para enfrentar os maiores enigmas do câncer.”

G1 Saude

Foto: Adobestock

O LSD reduziu os sintomas de ansiedade em um estudo de fase intermediária publicado nesta quinta-feira (4), abrindo caminho para testes adicionais e uma possível aprovação médica de uma droga psicodélica proibida nos Estados Unidos há mais de meio século.

Os resultados da farmacêutica Mindmed testaram várias doses de LSD em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, de moderado a grave, com benefícios que duraram até três meses. A empresa planeja realizar estudos de acompanhamento para confirmar os resultados e, em seguida, solicitar a aprovação da Food and Drug Administration (FDA).

A partir da década de 1950, pesquisadores publicaram uma série de artigos explorando os usos terapêuticos do LSD, embora a maioria deles não atenda aos padrões modernos.

“Vejo este artigo como um passo claro na direção de reviver essa pesquisa antiga, aplicando nossos padrões modernos e determinando quais são os reais custos e benefícios desses compostos”, disse Frederick Barrett, que dirige o centro psicodélico da Universidade Johns Hopkins e não esteve envolvido na pesquisa.

A pesquisa psicodélica está se recuperando Os psicodélicos estão passando por um retorno popular e científico, com conferências, documentários, livros e periódicos médicos explorando seu potencial para condições como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). A FDA designou a psilocibina, o MDMA e agora o LSD como potenciais terapias "inovadoras" com base em resultados iniciais.

Ainda assim, os medicamentos não tiveram um caminho fácil para o mercado.

No ano passado, a FDA rejeitou o MDMA — também conhecido como ecstasy — como tratamento para TEPT, citando métodos de estudo falhos, potencial viés de pesquisa e outras questões.

O novo estudo sobre o LSD, publicado pelo Journal of the American Medical Association, aborda alguns desses problemas.

O MDMA, como muitos outros psicodélicos, foi testado em combinação com horas de terapia por profissionais de saúde treinados. Essa abordagem se mostrou problemática para os revisores da FDA, que disseram ser difícil separar os benefícios do medicamento dos benefícios da terapia.

O estudo sobre LSD adotou uma abordagem mais simples: os pacientes receberam uma única dose de LSD — sob supervisão profissional, mas sem terapia — e foram acompanhados por cerca de três meses.

O artigo não detalha como os pacientes foram preparados para a experiência ou que tipo de acompanhamento receberam, o que é crucial para a compreensão da pesquisa, observou Barrett.

“Em muitos casos, as pessoas podem ter experiências tão intensas e subjetivas que podem precisar conversar com um terapeuta para ajudá-las a entendê-las”, disse ele.

Ansiedade diminuiu, mas ainda há dúvidas Para o estudo, os pesquisadores mediram os sintomas de ansiedade em quase 200 pacientes que receberam aleatoriamente uma de quatro doses de LSD ou um placebo. O objetivo principal era encontrar a dose ideal da droga, que pode causar alucinações visuais intensas e, ocasionalmente, sentimentos de pânico ou paranoia.

Em quatro semanas, os pacientes que receberam as duas doses mais altas apresentaram escores de ansiedade significativamente mais baixos do que aqueles que receberam placebo ou doses menores. Após 12 semanas, 65% dos pacientes que tomaram a dose mais eficaz de LSD — 100 miligramas — continuaram a apresentar benefícios e quase 50% foram considerados em remissão. Os efeitos colaterais mais comuns incluíram alucinações, náuseas e dores de cabeça.

Os pacientes que receberam pílulas falsas também apresentaram melhora — um fenômeno comum em estudos psicodélicos e psiquiátricos —, mas suas alterações foram menos da metade daquelas observadas em estudos com a droga real.

A pesquisa não foi imune a problemas observados em estudos semelhantes.

A maioria dos pacientes conseguiu adivinhar corretamente se havia recebido LSD ou uma pílula falsa, contrariando a abordagem "cega" considerada crucial para estabelecer objetivamente os benefícios de um novo medicamento. Além disso, uma parcela significativa de pacientes, tanto no grupo placebo quanto no grupo de tratamento, abandonou o tratamento precocemente, reduzindo o conjunto final de dados.

Também não estava claro por quanto tempo os pacientes poderiam continuar se beneficiando.

A Mindmed está conduzindo dois grandes ensaios clínicos em estágio avançado que acompanharão os pacientes por um período mais longo e, se bem-sucedidos, serão submetidos à aprovação da FDA. “É possível que algumas pessoas precisem de retratamento”, disse o Dr. Maurizio Fava, do Hospital Mass General Brigham, principal autor do estudo e consultor da Mindmed. “Ainda não sabemos quantos retratamentos serão necessários, mas o efeito duradouro é bastante significativo.”

Interesse do governo Trump O secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., e outros funcionários do governo expressaram interesse na terapia psicodélica, sugerindo que ela poderia receber uma revisão rápida para veteranos e outras pessoas que sofrem de traumas psicológicos.

O transtorno de ansiedade generalizada está entre os transtornos mentais mais comuns, afetando quase 3% dos adultos nos EUA, de acordo com os Institutos Nacionais de Saúde. Os tratamentos atuais incluem psicoterapia, antidepressivos e ansiolíticos, como benzodiazepínicos.

A possibilidade de usar LSD como tratamento médico não é nova.

Nas décadas de 1950 e 1960, mais de 1.000 artigos foram publicados documentando o uso de LSD no tratamento de dependência de álcool, depressão e outras condições. Mas uma reação negativa federal estava a todo vapor no final da década de 1960, quando os psicodélicos foram associados a figuras da contracultura como Timothy Leary, o ex-professor de Harvard que ficou famoso por promover as drogas como um meio de "ligar, sintonizar e largar".

Uma lei de 1970 que classificava o LSD e outros psicodélicos como drogas da Lista 1 — sem qualquer uso medicinal e com alto potencial de abuso — basicamente interrompeu as pesquisas nos EUA. Quando algumas organizações sem fins lucrativos começaram a reavaliar as drogas nas décadas de 1980 e 1990, concentraram-se em alucinógenos menos conhecidos, como o MDMA e a psilocibina, o principal ingrediente dos cogumelos mágicos, para evitar as controvérsias históricas em torno do LSD.

“O LSD estava ali, na frente de todos, mas a Mindmed foi a primeira empresa que realmente decidiu avaliá-lo”, disse Fava.

O Departamento de Saúde e Ciência da Associated Press recebe apoio do Departamento de Educação Científica do Instituto Médico Howard Hughes e da Fundação Robert Wood Johnson. A AP é a única responsável por todo o conteúdo.

Por Matthew Perrone

G1

O câncer de fígado é muitas vezes traiçoeiro: seus sintomas podem demorar a aparecer e, quando surgem, geralmente indicam que a doença já se encontra em estágio mais avançado. Um dos sinais mais comuns é a dor no lado superior direito do abdômen — região onde o fígado está localizado. No entanto, essa dor pode ser sutil ou confundida com outros problemas digestivos.

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Esse tipo de câncer se desenvolve quando uma célula hepática sofre uma mutação genética, passando a se multiplicar de forma descontrolada. Existem dois tipos principais de câncer de fígado: o carcinoma hepatocelular (CHC), mais frequente e geralmente associado a doenças hepáticas crônicas, como cirrose e hepatites B ou C; e o colangiocarcinoma, que afeta os ductos biliares e costuma ser menos comum.

Sintomas que merecem atenção Além da dor abdominal, outros sinais podem indicar a presença do câncer de fígado:

Perda de peso sem explicação aparente Cansaço excessivo e fraqueza constante Redução do apetite Inchaço abdominal, muitas vezes causado por acúmulo de líquido (ascite) Icterícia (pele e olhos amarelados) Náuseas e vômitos Urina escura e fezes esbranquiçadasVale lembrar que esses sintomas também podem estar relacionados a outras condições. Por isso, é fundamental procurar um médico ao notar qualquer alteração incomum no organismo. O que pode causar o câncer de fígado? O desenvolvimento do câncer de fígado envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Os principais fatores de risco incluem:

Hepatite B ou C crônica Cirrose hepática (de qualquer origem) Consumo abusivo de álcool Doença hepática gordurosa não alcoólica (EHNA) Diabetes tipo 2 Obesidade Exposição a aflatoxinas (toxinas de fungos presentes em grãos contaminados) Histórico familiar da doençaA prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais. Exames de imagem e acompanhamento médico regular em pacientes de risco aumentam as chances de sucesso no tratamento.

Consumo de bebida alcoólica eleva risco de câncer de fígado Estudos recentes apontam que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas aumenta significativamente o risco de câncer de fígado. Especialistas alertam sobre os danos cumulativos do álcool ao órgão, reforçando a importância de hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular para prevenção da doença.

Catraca Livre

Foto: © iStock/magicmine

Um estudo inédito conduzido por cientistas da Universidade de Copenhague (Dinamarca) mostrou que nem todas as calorias são iguais. Homens jovens que seguiram uma dieta rica em alimentos ultraprocessados ganharam mais gordura corporal e tiveram alterações hormonais, mesmo quando ingeriam a mesma quantidade de calorias que em uma dieta à base de alimentos minimamente processados.

Os resultados foram publicados na revista científica Cell Metabolism.

O experimento Os pesquisadores recrutaram 43 homens entre 20 e 35 anos. Cada voluntário passou três semanas em uma dieta de ultraprocessados e outras três em uma dieta com alimentos in natura, com intervalo de três meses entre as fases.

As duas dietas tinham a mesma composição de calorias, proteínas, carboidratos e gorduras. Em parte do grupo, os cientistas acrescentaram 500 calorias extras por dia; na outra, a quantidade foi ajustada ao perfil de cada participante.

Ainda assim, o efeito foi claro: em média, os homens ganharam 1 quilo a mais de gordura corporal na dieta ultraprocessada em comparação com a natural. Além disso, indicadores de saúde cardiovascular também pioraram.

Substâncias químicas e hormônios Outro achado preocupante foi o aumento do nível do composto cxMINP, um tipo de ftalato (substância usada em plásticos) associado à desregulação hormonal.

Os ftalatos pertencem a um grupo de poluentes chamados disruptores endócrinos, porque conseguem interferir no funcionamento dos hormônios humanos. Esses compostos podem “imitar” ou bloquear a ação hormonal, afetando processos como crescimento, metabolismo e reprodução.

No estudo, os homens que consumiram a dieta ultraprocessada apresentaram níveis significativamente maiores de cxMINP na urina. Esse aumento veio acompanhado de uma queda na testosterona e no hormônio folículo-estimulante (FSH), ambos essenciais para a produção de espermatozoides.

Pesquisas anteriores já relacionaram a exposição a ftalatos à redução da qualidade do sêmen, alterações na fertilidade, maior risco de obesidade e problemas cardiovasculares. A novidade é que agora esse efeito foi demonstrado em um estudo controlado com dieta humana, reforçando que os ultraprocessados podem ser uma via importante de contaminação.

Durante a fase de ultraprocessados, os homens apresentaram queda nos níveis de testosterona e do hormônio folículo-estimulante — ambos essenciais para a produção de espermatozoides.

“Ficamos surpresos com a quantidade de funções do corpo que foram afetadas por esses alimentos, mesmo em homens jovens e saudáveis. As implicações de longo prazo são alarmantes e indicam a necessidade de revisar as diretrizes nutricionais”, afirma Romain Barrès, autor sênior do estudo. Implicações para a saúde De acordo com os pesquisadores, o estudo reforça que os danos dos ultraprocessados não se limitam ao excesso de calorias. O próprio processo industrial de fabricação — que inclui aditivos, embalagens plásticas e transformações químicas — pode ter impacto negativo no organismo.

“Nossos resultados provam que os ultraprocessados prejudicam a saúde metabólica e reprodutiva, mesmo quando não são consumidos em excesso”, diz Jessica Preston, autora principal do trabalho.

G1saude