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O Brasil recebeu neste domingo, 2, dois novos lotes de vacinas de Oxford-Astrazeneca como parte do acordo fechado com o consórcio Covax Facility, liderado pela Organização Mundial da Saúde. No total, 3,7 milhões de doses chegaram ao país neste domingo, das quais 1.735.200 doses chegaram nesta madrugada e outras 2.025.600 doses de vacinas desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, por volta das 16h20, em uma aeronave proveniente de Amsterdã, na Holanda.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Gross, estiveram no local para receber o novo lote. No sábado, 1º de maio, o Brasil já havia recebido 220.800 doses. Com esses últimos desembarques, completam-se os 4 milhões de doses previstos para maio, anunciados pelo Ministério da Saúde. De Guarulhos, essas doses serão distribuídas aos estados e municípios por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Como parte do consórcio, o Brasil tem direito, neste semestre, a 10,5 milhões de doses da vacina de Oxford-AstraZeneca produzidas pela empresa multinacional Catalent, na Coreia do Sul. Em março, o governo brasileiro já havia recebido 1.022.400 doses da Covax Facility. De acordo com o Ministério da Saúde, são esperadas outras 842,4 mil doses da vacina da Pfizer-BioNTech neste primeiro trimestre pro meio do consórcio.

O Covax Facility é uma aliança internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a covid-19 e garantir acesso igualitário à imunização.

Com Agência Brasil

O Instituto Gamaleya e o Fundo de Investimento Direto da Rússia, responsáveis pela produção da vacina Sputnik V, responderam, nessa quinta-feira (29/04), os trinta pontos questionados na decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao negar a importação de doses do imunizante, tomada na segunda-feira (26/04).

O documento contendo 55 páginas e com vários anexos foi encaminhado nessa quinta pelo Consórcio Nordeste, por meio da Procuradoria Geral da Bahia (PGE), ao presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.

O presidente do Consórcio Nordeste e coordenador da temática vacina no Fórum dos Governadores, Wellington Dias, ressaltou que os governadores continuarão trabalhando para garantir que a vacina Sputnik possa ajudar a salvar vidas no Brasil, mesmo após a negativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E destacou a busca também por outros imunizantes.

“Nós, os governadores, temos responsabilidade com a vida e não vamos desistir de seguir trabalhando para mais vacina e para mais vacinação no Brasil. Com a utilização de todas as vacinas disponíveis. A vacina Sputnik tem a possibilidade de entrega de 37 milhões de doses já contratadas e ainda outros contratos em andamento e ela vem sendo usada em 62 países”, disse Wellington Dias.

Sobre o questionamento levantado pela Anvisa de que haveria na vacina a questão da replicação do adenovírus, ou seja, que ele poderia causar a doença, em vez de proteger dela quem fosse imunizado, o instituto diz que conduz estritos controles de qualidade de todos os locais de produção da Sputnik V.

“A qualidade e segurança da Sputnik V são, entre outras coisas, asseguradas pelo fato de que, ao contrário de outras vacinas, usa uma tecnologia de purificação com quatro estágios que inclui dois estágios de cromatografia e dois estágios de filtragem por fluxo tangencial. Essa tecnologia de purificação auxilia na obtenção de um produto altamente purificado que passa por controles de qualidade mandatórios, incluindo controle para RCA ou qualquer presença de aditivos. Controle para TCA é conduzido não apenas para o produto final, mas também para todos os estágios de produção, incluindo a semente viral”, diz o instituto russo na resposta à Anvisa.

A equipe da Sputnik V acredita que a tecnologia de purificação é a melhor dentre todas as vacinas e é um dos pilares para segurança da vacina. “Apenas os tipos E1 e E3 vetores adenovirais não replicantes, que são inofensivos para o corpo humano, são usados na produção da vacina Sputnik V”, diz o documento.

Já em resposta ao questionamento sobre a falta de informação na documentação sobre o risco de trombose o laboratório é enfático em dizer que “a análise aponta para zero casos de trombose cerebral entre adultos que receberam a vacina. Ao contrário de outras vacinas, nenhum caso de trombose venosa cerebral foi relatado na vacinação com a Sputnik V”

No documento, o laboratório diz haver provas incondicionais de eficácia e segurança da vacina são demonstradas pelos resultados da fase 3 do fundamental estudo clínico conduzido.

“Nós realizamos todos os testes necessários e relevantes para confirmar a segurança da vacina. A suficiência dos testes conduzidos é confirmada pela situação de registro da droga”, diz parte do documento.

O governador do Piauí ressaltou ainda toda a expertise dos cientistas envolvidos na produção da vacina e na qualidade do Instituto Gamaleya, responsável pela fabricação do imunizante contra o coronavírus. “Por essa razão, agora neste conflito que tivemos na liberação da licença de importação continuaremos defendo a ciência. O Gamaleya é um instituto com cientista e pesquisadores em funcionamento desde 1891, e apresenta a defesa de que é uma vacina segura, eficiente na imunização, não apenas na teoria, mas também na prática e já está em uso para milhões de pessoas. Por essa razão nós esperamos agilidade na liberação para que a vacina possa chegar ao Brasil e salvar vidas”, concluiu Wellington Dias.

Fonte: Governo do Piauí 

vacinecovidUm dia após o Brasil ultrapassar as 400 mil mortes causadas pela covid-19, o ministro da saúde Marcelo Queiroga garantiu que até o fim do ano todos os brasileiros estarão vacinados contra a doença. O médico participou, na manhã desta sexta-feira (30), de entrevista coletiva organizada pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Ministro"Até segunda-feira vamos distribuir mais 16 milhões de doses, o que equivale a população de países como Portugal, Grécia. A nossa palavra em relação à imunização é de esperança. Temos doses suficientes para o 2º semestre e é possível se garantir que até o final de 2021 tenhamos nossa população inteiramente vacinada", afirmou o ministro.

Além assegurar a imunização, Queiroga disse que o Brasil deve assinar novo contrato com a Pfizer e mantém conversas diretos com o consórcio Covax Facility para receber mais doses.

"Estamos trabalhando para termos as doses do Covax facility o mais rápido possível no nosso país. Estamos na iminência de assinar um novo contrato com a Pfizer de mais 100 milhões de doses", revelou o ministro. Os jornalistas perguntaram sobre o número de mortes atingido pelo Brasil, ontem, e a OMS confirmou que esses óbitos poderiam ter sido evitados com medidas restritivas e com o engajamento maior da população.

"Vemos com muita tristeza tudo o que está acontecendo no Brasil. É possível dizer que têm mortes evitáveis é extremamente importante reduzir a pressão do sistema de saúde com as medidas de saúde pública. Tem de reduzir a transmissão na comunidade com distanciamento físico, uso de máscara, higienização e diagnóstico precoce da covid. As mortes poderiam ser evitadas e poderão ser evitadas no futuro se conseguirmos reduzir a transmissão comunitária", ressaltou Mariângela Simão, médica brasileira que é diretora-geral-assistente da OMS. Liberação Sputnik A briga entre a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e os russos do Instituto Gamaleya, responsável pela Sputnik V, também foi tema do encontro.

Marcelo Queiroga salientou que a agência brasileira é respeitada e o governo federal seguirá as decisões da Anvisa. "Anvisa é um órgão de Estado e tem autonomia para decidir. Além de ser uma agência reguladora reconhecida no mundo. O governo brasileiro, com o presidente Jair Bolsonaro, fez uma conferência com o presidente da Rússia Vladimir Putin e com a China e ficou acertado que, assim que a Anvisa liberar, a Sputnik V será incluída no PNI (Programa Nacional de Imunização)", explicou Queiroga.

Mariângela Simão disse que até julho a OMS pode ter alguma parecer sobre o pedido de uso emergencial da Sputnik no mundo, pois a entidade fará visitas às fábricas na Rússia no próximo mês.

"A vacina do Instituto Gamaleya está com processo em andamento na OMS para uso emergencial do imunizante. Ainda está na fase de fornecimento de dados, mas a OMS junto com o EMA (Agência Europeia de Medicamentos) já esteve na Rússia e a partir de maio vai visitar quatro fábricas que produzirão a vacina. Até julho devemos ter um parecer", contou a diretora-geral-assistente da OMS.

Outro ponto falado na entrevista foi o destino das 60 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca que os Estados Unidos compraram e não vão usar agora, porque o imunizante ainda não autorizado pela FDA, agência sanitária dos EUA.

"As negociações estão adiantadas para que elas sejam distribuídas por meio do Covax Facility, para ser utilizada nos países que mais necessitam neste momento", disse Mariângela Simão.

R7

Foto: Depositphotos

Além de sintomas comuns, como febre, tosse e desconforto respiratório, algumas crianças têm apresentado uma forma atípica de covid-19, chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Caracterizada por febre persistente e inflamação em diversos órgãos, como o coração, o intestino e, em menor grau, os pulmões, a SIM-P começou a ser relatada e relacionada a casos graves e óbitos de crianças pela doença em vários países, incluindo o Brasil, desde o início da pandemia.

Ao realizar a maior série de autópsias feita até o momento em crianças e adolescentes que morreram em decorrência da covid-19, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e do Instituto Adolfo Lutz constataram que a alta capacidade do SARS-CoV-2 de invadir e causar lesões nos tecidos de vários órgãos é um dos fatores que induzem a SIM-P, desencadeando uma diversidade de manifestações clínicas que incluem, além de febre persistente, dores abdominais, insuficiência cardíaca e convulsões. Os resultados do estudo, apoiado pela Fapesp, foram publicados em artigo na revista EClinicalMedicine, do grupo Lancet.

“A ação direta do vírus nos tecidos de diversos órgãos é um dos motivos pelos quais as crianças com essa síndrome apresentam uma resposta inflamatória exagerada e alterada à infecção”, diz à Agência FAPESP Marisa Dolhnikoff, professora da FM-USP e coordenadora do projeto.

Os pesquisadores realizaram a autópsia de cinco crianças que faleceram em decorrência da COVID-19 em São Paulo, sendo um menino e quatro meninas, com idade entre 7 meses e 15 anos.

Duas crianças tinham doenças graves antes da infecção pelo SARS-CoV-2 – uma tinha câncer e outra uma síndrome genética congênita – e as outras três eram previamente saudáveis e desenvolveram a SIM-P com manifestações clínicas distintas. Uma delas apresentou inflamação cardíaca (miocardite), outra inflamação intestinal (colite) e a terceira encefalopatia aguda, que desencadeou convulsões.

As autópsias foram feitas por meio de um método minimamente invasivo, em que amostras de tecidos de todos os órgãos são coletadas por punção, guiadas por imagens geradas por um aparelho de ultrassom portátil.

A presença do SARS-CoV-2 nos tecidos foi determinada por reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa (RT-PCR, o mesmo teste usado no diagnóstico da COVID-19) e por imuno-histoquímica, método em que são usados anticorpos capazes de detectar duas proteínas do vírus: a N, do nucleocapsídeo, e a S2, dos “espinhos” (spikes) da superfície viral.

A análise histopatológica revelou que as duas crianças com doença grave preexistente apresentaram um quadro de covid-19 grave “clássica”, caracterizada por uma doença respiratória aguda em função de lesões extensas e severas causadas pelo SARS-CoV-2 nos alvéolos pulmonares. O vírus também foi identificado em outros órgãos.

Já nas três crianças previamente saudáveis predominaram lesões inflamatórias extrapulmonares, como miocardite no coração e colite – uma extensão inflamação intestinal.

O novo coronavírus foi detectado em células endoteliais e musculares do coração no paciente com miocardite, no tecido intestinal da criança com colite aguda e no tecido cerebral da que desenvolveu encefalopatia aguda.

“Vimos que o SARS-CoV-2 se disseminou pelos vasos sanguíneos, infectando vários tipos de células e tecidos dessas crianças. E as manifestações clínicas variaram de acordo com o órgão-alvo”, afirma Dolhnikoff.

“É importante que os pediatras atentem para essas possíveis manifestações clínicas diferentes de covid-19 em crianças e adolescentes para que a infecção seja diagnosticada e a SIM-P tratada mais rapidamente”, aponta a pesquisadora.

A SIM-P pode ocorrer alguns dias ou semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2 e, até então, se pensava que essa reação inflamatória exagerada acontecia independentemente de o vírus ainda estar presente no organismo, como resultado de uma reação imune.

As constatações feitas por meio do estudo, contudo, trazem evidências de que as manifestações da SIM-P são desencadeadas também pela ação direta do novo coronavírus nas células dos órgãos infectados.

“Não estamos dizendo que o que está descrito até agora sobre a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica está errado, mas acrescentamos a constatação de que a própria lesão causada nos tecidos pelo vírus está relacionada e, muito provavelmente, é um componente importante para a indução dessa resposta inflamatória exagerada em crianças”, ressalta Dolhnikoff.

Ainda não se sabe por que algumas crianças apresentam uma resposta inflamatória exacerbada à infecção pelo SARS-CoV-2 que caracteriza a SIM-P. Uma das hipóteses é que pode haver um componente genético ainda não elucidado.

Células endoteliais são alvos

Os pesquisadores observaram que um dos principais alvos do novo coronavírus são as células endoteliais, que revestem a parede interna dos vasos, incluindo desde as artérias de grande calibre até os capilares sanguíneos mais delgados.

“Uma das hipóteses é que, ao ser infectada, a célula endotelial dispara mediadores na corrente sanguínea que provocam uma cascata de inflamação que causa toda essa reação observada em crianças com a SIM-P, como febre persistente, colite, miocardite e encefalite”, explica Amaro Nunes Duarte Neto, infectologista e patologista da FM-USP e do Instituto Adolfo Lutz e um dos primeiros autores do estudo.

“Quem induz essa reação nas células é o próprio vírus, mas é o sistema imune que produz a resposta prejudicial ao paciente. Porém, não é uma reação autoimune, como ocorre nos casos de doenças como lúpus, psoríase e artrite inflamatória, em que também há lesão de vasos sanguíneos. No caso da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica há o envolvimento direto do vírus”, sublinha Duarte-Neto.

Análises feitas por microscopia eletrônica pela professora da FM-USP Elia Caldini sustentam essas conclusões.

A técnica permite o reconhecimento direto da partícula viral, com aumento de mais de 50 mil vezes, sem a utilização de reações específicas. Dessa forma, foi possível descrever as alterações citoplasmáticas nas células associadas à presença do vírus

“Em busca de um método inequívoco de identificação, também empregamos, de maneira inédita, a técnica de imunomarcação do SARS-CoV-2 na microscopia eletrônica. Usamos partículas de ouro coloidal acopladas aos mesmos anticorpos específicos usados na microscopia de luz contra proteínas estruturais do SARS-CoV-2”, explica Caldini.

Os pesquisadores também detectaram, pela primeira vez em crianças, a formação de microtrombos, a exemplo do que já tinha sido observado e relatado em adultos.

“Os fenômenos relacionados à coagulação do sangue devem ser sempre considerados na covid-19, uma vez que a microscopia eletrônica mostra que, em todos os órgãos estudados, há capilares sanguíneos obstruídos pelo acúmulo de hemácias, leucócitos, restos celulares e fibrina, com ruptura da parede endotelial”, aponta Caldini.

Agência Fapesp