O Ministério da Saúde decidiu recomendar aos gestores de saúde nos Estados e municípios que façam um intervalo de 12 semanas entre a primeira e a segunda doses da vacina contra Covid-19 da Pfizer, que começou a ser distribuída pelo país nesta segunda-feira (3) como forma de ampliar o alcance da vacinação.
O intervalo é superior ao período de 21 dias recomendado pela Pfizer na bula do imunizante, com base nos testes de segurança e eficácia da vacina. Em informe técnico, o ministério citou dados de uma entidade que assessora a imunização no Reino Unido que orientou a ampliação do intervalo entre as doses para 12 semanas. Segundo o documento, essa recomendação levou em consideração a possibilidade se imunizar um maior público com a primeira dose, o que "traria maiores benefícios do ponto de vista de saúde pública, considerando a necessidade de uma resposta rápida frente a pandemia de Covid-19".
O documento, encaminhado aos gestores, destacou que a oferta de 1 milhão de doses dessa vacina vai reforçar e acelerar a campanha nacional de vacinação contra Covid e que ela vai seguir o "fluxo adotado até o momento para as demais vacinas, priorizando a oferta ao grupo prioritário".
Segundo a análise técnica, o conjunto de dados apresentados até o momento reforça que a ampliação da oferta da primeira dose da vacina para a população "poderá trazer ganhos significativos do ponto de vista de saúde pública, reduzindo tanto a ocorrência de casos e óbitos pela Covid-19 nos indivíduos vacinados, mas também a transmissibilidade da doença na população".
O ministério afirmou que os dados epidemiológicos e de efetividade da vacina serão monitorados e que a recomendação poderá ser revista caso necessário. A pasta acrescentou que em cenários de maior disponibilidade do imunobiológico, o intervalo recomendado em bula poderá ser utilizado.
Em nota, a Pfizer Brasil informou que as indicações sobre regimes de dosagem ficam a critério das autoridades de saúde e podem incluir recomendações seguindo os princípios locais de saúde pública, mas citou o período recomendado pela bula.
"A bula hoje registrada pela Anvisa preconiza um intervalo entre doses, preferencialmente, de 21 dias. A segurança e eficácia da vacina não foram avaliadas em esquemas de dosagem diferentes, uma vez que a maioria dos participantes do ensaio recebeu a segunda dose dentro da janela especificada no desenho do estudo", disse a farmacêutica norte-americana.
Para o laboratório, os dados do estudo de Fase 3 (última etapa antes da aprovação e aplicação em humanos) demonstraram que, embora a proteção parcial da vacina pareça começar 12 dias após a primeira aplicação, duas doses da vacina são necessárias para fornecer a proteção máxima contra a doença, uma eficácia da vacina de 95%.
A vacina da Pfizer é o terceiro imunizante contra Covid-19 a ser disponibilizado aos brasileiros. Até o momento, vinham sendo oferecidas as vacinas CoronaVac e AstraZeneca.
Pelo contrato, a expectativa é de se entregar 100 milhões de doses da vacina da Pfizer para este ano. Um novo contrato por mais 100 milhões de doses do imunizante também está em negociação.
A busca por medicamentos acessíveis e eficazes para o combate da covid-19 é intensa entre cientistas do mundo todo. Um passo importante pode ter sido dado no Canadá.
Pesquisadores da Universidade British Columbia descobriram que a proteína lectina pode se ligar à proteína Spike no vírus SARS-CoV-2 e impedi-lo de acessar as células humanas saudáveis.
A Spike é responsável por acoplar o vírus no organismo humano. Ela se envolve em glicanos (grupo de açúcares) para se esconder do sistema imunológico da pessoa enquanto se prendem às células da corrente sanguínea e aos órgãos principais.
Os cientistas conseguiram gravar no exato momento da infecção. Clique aqui e veja as imagens.
O estudo, que teve apoio da Universidade de Linz e da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida (Boku), ambas na Áustria, foi publicado na plataforma da Universidade de Yale bioRxiv, e ainda precisa ser revisado por outros cientistas.
Os pesquisadores desenvolveram em laboratório uma grande diversidade de lectinas e encontraram duas que são capazes de se ligarem aos glicanos (grupos de açúcar) da proteína S.
De acordo com o pesquisador Josef Penninger, da British Columbia e diretor do Instituto de Ciências da Vida em Vancouver, a partir dessa descoberta pode ser possível a fabricação de um medicamento para tratar a covid-19.
"Nossa ideia é aproveitar essa propriedade para desenvolver um medicamento para combater a covid-19. As lectinas ocupariam locais nevrálgicos diretamente na proteína S e, assim, interromperiam a ligação do patógeno às células. Já que a porta estaria bloqueada, porque a chave está entupida de lectinas", disse o cientista ao site da universidade canadense.
Os pesquisadores estão mais confiantes, porque o medicamento pode ser eficaz também contra as variantes do SARS-CoV-2. Um dos autores do manuscrito, Stefan Mereiter, da universidade de Viena, explica: "Agora temos ferramentas à disposição que podem ligar a camada protetora do vírus e, assim, bloquear a entrada do vírus nas células. Além disso, esses locais de glicano são altamente conservados entre todas as variantes circulantes do vírus, então este pode ser calcanhar de Aquiles do SARS-CoV-2”, comemorou o cientista.
A mobilidade capturada por este método surpreendeu os pesquisadores, porque a proteína S nas análises tridimensionais sempre aparece relativamente fechada em fotografias de microscopia estática.
“Vimos que ele realmente se abre nas superfícies e que os três braços são dinâmicos. As lectinas, por outro lado, conseguiram se prender à estrutura por muito tempo em escala biológica”, afirmou o cientista Peter Hinterdorfer, do Instituto de Biofísica da Universidade de Linz e um dos autores do estudo.
Os tempos de ligação de até de um segundo são, na verdade, uma longa vida útil para uma conexão molecular.
Confira na animação de como é o vírus da covid entra na célula humana. O vídeo foi feito pela Nucleus Medical Media, canal que faz animações sobre cuidados com a saúde.
Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 divulgados nesta segunda-feira (3) mostram que o número de gestantes e puérperas que morreram este ano em decorrência da infecção causada pelo SARS-CoV-2 no país já é maior que todas as mortes pela doença em 2020.
Segundo o boletim, apenas em 2021 morreram 494 mulheres nesta condição, sendo que no ano passado o número de mortes pela covid-19 confirmadas entre gestantes e puérperas foi de 457. Em relação aos óbitos, a média semanal em 2020 foi de 10.16 nas 45 semanas epidemiológicas. Este ano, a média por semana é de 30.88, em relação as 16 semanas epidemiológicas de 2021.
Além disso, o observatório aponta que pelo menos uma em cada quatro gestantes e puérperas mortas pela doença não tiveram acesso à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 34% não foram intubadas, procedimento realizado em casos graves de covid quando o paciente perde a capacidade de respirar sozinho.
O Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 é coordenado por Rossana Pulcineli Vieira Francisco, docente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e presidente da SOGESP (Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo).
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No último dia 27, o Ministério da Saúde passou a incluir gestantes como grupo prioritário para receber a vacina contra a covid-19 no Brasil. O anúncio foi feito durante audiência pública da Comissão de Enfrentamento à Covid-19, na Câmara dos Deputados.
“Novas evidências mostram um risco maior de hospitalização das gestantes e puérperas, optamos por incluir os grupos como grupo prioritário. Vamos fazer a vacinação em duas fases, primeiro as gestantes que apresentam comorbidades e depois independente de terem alguma condição pré-existente ou não”, afirmou Franciele Francinato, coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunização).