Uma vacina contra a Covid-19 pode estar pronta até o final deste ano, disse o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta terça-feira (6), sem dar mais detalhes.
Em discurso ao término de dois dias de reuniões do Conselho Executivo da OMS, Tedros disse: "Vamos precisar de vacinas e há esperanças que possamos ter uma vacina até o final deste ano. Há esperança".
Nove vacinas experimentais fazem parte da iniciativa global Covax, que visa distribuir 2 bilhões de doses até o final de 2021. No dia 2 de outubro, Tedros anunciou que as fabricantes das vacinas que estão sendo testadas contra a Covid-19 já podem solicitar aprovação para seu uso emergencial. Segundo a entidade, existem 193 candidatas a vacina contra a doença, 42 delas em ensaios clínicos e 151 em estágio pré-clínico.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que vai começar a análise dos primeiros resultados de testes de uma vacina contra Covid-19 em um processo que, futuramente, pode acelerar o trâmite do pedido de registro da vacina. A agência governamental recebeu da farmacêutica AstraZeneca a solicitação para analisar os estudos já produzidos.
A Anvisa reduziu a exigência da documentação inicial e simplificou o processo para análise dos imunizantes contra o novo coronavírus, que poderão ser enviados pelas empresas de acordo com a evolução dos trabalhos e não somente todos de uma só vez.
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) do governo dos Estados Unidos publicou na segunda-feira (5) que existem novas evidências de que o novo coronavírus pode se espalhar além de 2 m dentro de um ambiente fechado. A divulgação ocorre duas semanas após o órgão de saúde ter retirado a informação sobre a transmissão aérea da doença de sua página na internet.
“Essas transmissões ocorrem em espaços fechados com ventilação inadequada”, afirma a nova orientação. “As pessoas têm maior probabilidade de serem infectadas quanto mais tempo e mais perto estão de uma pessoa com covid-19”, acrescenta um comunicado à imprensa.
"Sob tais circunstâncias, a quantidade de gotículas infecciosas expelidas por pessoas com covid-19 ficam concentradas o suficiente para espalhar o vírus para outras pessoas", disse a agência, mesmo para aqueles que chegam a uma sala logo após uma pessoa infectada ter saído.
Esss revisão ocorre depois que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, 74, contraiu a doença após participar de um evento realizado tanto em ambiente fechado quando aberto na Casa Branca, em que todos os participantes, inclusive ele, estavam sem máscara. Mais de oito pessoas foram infectadas até o momento.
Apesar das evidências da eficácia do uso de máscara para reduzir a disseminação do coronavírus, o CDC só endossou o uso em abril e a OMS em junho, segundo ressalta o jornal norte-americano The New York Times.
Em julho, 239 especialistas que estudam aerossóis pediram à OMS que reconhecesse que o novo coronavírus pode ser transmitido pelo ar em qualquer ambiente fechado e não apenas após procedimentos médicos, destaca o jornal. Mas o CDC tinha publicado apenas que o vírus pode "às vezes ser transmitido por via aérea" e se espaslhar por meio, tanto de gotículas maiores quanto de aerossóis liberados quando as pessoas "tossem, espirram, cantam, falam ou respiram".
Mas, embora o vírus possa ser transmitido pelo ar, essa não é a principal forma de propagação do vírus, afirma o CDC.
O New York Times afirma que o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joseph R. Biden Jr. também pode ter sido exposto ao vírus durante o debate presidencial com Trump, embora tenha se mantido a mais de 2 m de distância.
"Trump falou alto e longamente durante o debate, que, segundo os especialistas, poderia ter liberado 10 vezes mais vírus do que respirar sozinho", diz o jornal.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, declarou que os lotes das vacinas contra a covid-19 serão distribuídos "igualmente" entre os Estados quando os medicamentos forem aprovados.
O anúncio foi feito durante encontro com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (5). Pazuello também afirmou que deve convocar a imprensa para falar sobre o andamento das vacinas em teste no Brasil nos próximos dias.
Na última semana, o Ministério da Saúde informou que acompanha mais de 200 estudos sobre medicamentos contra a covid-19. Entre as vacinas em estágio avançado nos testes estão a da fabricante chinesa Sinovac, a da Universidade de Oxford, a da multinacional Pfizer e a da empresa americana Johnson & Johnson.
Mais testes em Minas
Durante o encontro com o governador, o ministro também anunciou para o Estado a entrega de três equipamentos capazes de detectar o coronavírus. Com os novos aparelhos, a capacidade diária de exames da Funed (Fundação Ezequiel Dias) deve ser ampliada de 700 para 2mil.
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Pazuello, Zema e o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, ainda visitaram as instalações do laboratório central da Funed.
Segundo o Governo de Minas, desde o início da pandemia, foram feitos 40 mil exames de covid-19 no laboratório. Atualmente, os resultados são entregues em 72 horas.
Começam no Brasil nesta segunda-feira (5) duas campanhas de vacinação – uma contra a poliomielite e outra para atualizar a caderneta vacinal. A imunização será realizada até o dia 30 de outubro, nas Unidades Básicas de Saúde. A meta do Ministério da Saúde é atingir, pelo menos, 95% do público-alvo.
Segundo o Ministério, cerca de 11 milhões de crianças de um ano a menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas com a Vacina Oral Poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses da Vacina Inativada Poliomielite (VIP) do esquema básico.
A campanha de multivacinação é para crianças e adolescentes menores de 15 anos que não foram imunizados ou que estejam com a caderneta incompleta de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação. A medida tenta melhorar as coberturas vacinais, que têm oscilado nos últimos anos. 14 tipos de vacina No total, serão oferecidas 14 tipos de vacinas que protegem contra cerca de 20 doenças: BCG (tuberculose); rotavírus (diarreia); poliomelite oral e intramuscular (paralisia infantil); pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, Haemophilus influenza tipo b – Hib); pneumocócica; meningocócica; DTP; tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola); HPV (previne o câncer de colo de útero e verrugas genitais); além das vacinas contra febre amarela, varicela e hepatite A.
Neste ano, também passou a integrar o SUS uma nova vacina, já inserida na campanha: Meningo ACWY, que protege contra meningite e infecções generalizadas, causadas pela bactéria meningococo dos tipos A, C, W e Y.
Vacinas em baixa Segundo os índices do Programa Nacional de Imunização (PNI), atualizados até domingo (4), a cobertura vacinal está em 56,68% para as imunizações infantis. O ideal é que ela fique entre 90% e 95% para garantir proteção contra doenças como sarampo (que tem índice ideal de 95%), coqueluche, meningite e poliomielite.
O baixo índice de imunização já tem consequências: dados do Ministério da Saúde mostram que, até o início de agosto, o país tinha 7,7 mil casos confirmados de sarampo. No ano passado, o Brasil perdeu o certificado de erradicação da doença.
Para Isabella Ballalai, pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o motivo da baixa cobertura é a pandemia de Covid-19, que levou as pessoas a ficarem em casa e não saírem para vacinar os filhos.
"Essa situação se repete no mundo inteiro. Houve uma queda entre 30% e 50%", afirma Ballalai. A médica lembra que, apesar das quedas vistas nas taxas de imunização no Brasil nos últimos anos, o país continua com uma das melhores coberturas vacinais do mundo.
"Essa cobertura não é simplesmente um número. Sem cobertura vacinal, nós estamos suscetíveis a todas essas doenças – surtos de meningite, retorno da poliomielite", lembra a pediatra.
"Essas doenças eliminadas só estão eliminadas por causa da vacinação", pontua Ballalai.