Um estudo liderado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado na quinta-feira (15) na Medrxiv afirma que quatro antivirais usados para tratar a covid-19 são ineficazes: remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir/ritonavir (combinação) e interferon beta-1a.
O artigo é uma pré-impressão e não foi certificado pela revisão por pares, o que indica que as novas pesquisas médicas ainda precisam ser avaliadas e não devem ser usadas para orientar a prática clínica.
Chamado de "Solidarity", foi realizado em 405 hospitais de mais de 30 países. Foram analisados 11.266 pacientes com covid-19 ao longo de 28 dias. Neste período, 1.253 mortes foram relatadas. Entre os pacientes, 2.750 receberam tratamento com remdesivir, 954, com hidroxicloroquina, 1.411, com lopinavir, 651, com interferon mais lopinavir, 1.412, interferon, e 4.088 não recebeu nenhum desses remédios.
O estudo concluiu que nenhum desses medicamentos reduziu definitivamente a mortalidade durante a hospitalização. "Os tratamentos com remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir e interferon pareceram ter pouco ou nenhum efeito na covid-19, conforme indicado pela mortalidade geral, início da ventilação e duração da internação hospitalar", afirma o estudo.
A pesquisa foi finaciada pela OMS. Entre as universidades participantes estão a Universidade de Oxford, Centro para o Programa de Pesquisa da Aids (Durban), Universidade das Filipinas, Agência Espanhola de Medicamentos, Universidade de Ciências Médicas de Teerã, Universidade British Columbia, Fundação de Saúde Pública da Índia, Academia Nacional de Ciências de Buenos Aires e Conselho de Pesquisa da Noruega.
Os casos do novo coronavirus continuam crescentes EM Barão de Grajau-MA, isso de acordo com o profissional Lucas Brito, do sistema de Saúde local.
O Dr. Lucas Ribeiro Brito que é médico e coordenador do Centro de Referência Gripal afirma que alguns dos casos locais estão sendo encaminhados para o Hospital Regional Tibério Nunes de Floriano-PI.
“Nós continuamos o nosso trabalho em busca ativa desses pacientes”, diz o profissional em saúde em relação aos casos do novo coronavírus que tem surgido na cidade. Veja a entrevista
Dois artigos publicados pela revista Blood Advances na quarta-feira (14) afirmam que o risco de contrair covid-19 é mais baixo para pessoas do grupo sanguíneo O, enquanto aquelas com sangue dos tipos A e AB estariam mais propensas a desenvolver sintomas graves e a apresentar complicações.
Esta não é a primeira vez que pesquisadores relacionam grupos sanguíneos à vulnerabilidade ao contágio pelo novo coronavírus e à evolução da doença, já que um artigo publicado em junho pelo New England Journal of Medicine defendia que o sangue do tipo A estava associado a um risco 50% maior de necessidade de ajuda mecânica para respirar, e que o tipo O conferia um "efeito protetor".
Uma das pesquisas publicadas na quarta-feira (14) concluiu que pessoas com sangue do tipo O podem ter um risco menor de serem infectadas pelo novo coronavírus, com base em dados do registro de saúde da Dinamarca.
Os cientistas compararam um grupo de 473.654 pessoas que foram submetidas a testes para Covid-19 do tipo PCR em tempo real entre 27 de fevereiro e 30 de julho (7.422 positivos e 466.232 negativos), com outras 2.204.742 que não haviam sido testadas, número que corresponde a aproximadamente 38% da população da Dinamarca.
O estudo também levou em conta dados sobre taxas de internação e morte relacionadas à doença, assim como a influência de fatores como idade, problemas cardiovasculares e profissão em pessoas infectadas.
Entre os pacientes, apenas 38,41% tinham sangue tipo O, enquanto no grupo de controle esta porcentagem era de 41,7%, o que se traduz numa taxa de risco relativa de entre 0,83% e 0,91% de contrair a doença para indivíduos deste grupo sanguíneo.
"Houve uma diferença leve, mas estatisticamente significativa, na distribuição do grupo sanguíneo entre os indivíduos que testaram negativo para (o coronavírus) Sars-CoV-2 e o grupo de referência. Entre aqueles com Sars-CoV-2, foram encontrados consideravelmente menos indivíduos do grupo O, e mais indivíduos A, B e AB. Quando o grupo sanguíneo O foi excluído, nenhuma diferença significativa foi observada entre A, B e AB", detalha o artigo.
Apesar de identificar o grupo sanguíneo como fator de risco para contrair a infecção, a pesquisa destaca que não encontrou nenhuma relação com a necessidade de internação ou com mortes causadas pela Covid-19.
O outro estudo publicado nesta quarta-feira, realizado no Canadá, afirma, por sua vez, que pessoas com grupos sanguíneos A ou AB estariam propensas a desenvolver sintomas mais graves da doença e teriam maior risco de desenvolver lesões pulmonares e de precisar de respiradores mecânicos, além de permanecerem mais tempo internadas do que aquelas com grupos sanguíneos O ou B.
Isso poderia estar relacionado a um possível efeito "protetor" contra o vírus causado presença de anticorpos anti-A, o que já foi observado no caso do Sars-CoV-1 e que "poderia ter alguma relevância" para as infecções pelo coronavírus.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram o sangue de 95 pacientes internados em estado grave em um hospital de Vancouver, no Canadá.
Enquanto 61% dos 57 pacientes que tinham sangue O ou B precisaram da ajuda de respiradores, a taxa foi de 84% entre os 38 com tipos A e AB.
Os cientistas também observaram que mais pacientes com grupos sanguíneos A e AB precisaram ser submetidos a hemodiálise devido a insuficiência renal.
Embora os dois estudos incluam evidências de uma associação entre o tipo de sangue e a vulnerabilidade à Covid-19, seus autores defendem que mais pesquisas ainda são necessárias para entender melhor como esse fator afeta os pacientes.
O Instituto de Psiquiatria (IPq), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FMUSP) da Universidade de São Paulo (USP), pretende iniciar em março de 2021 testes para identificar os efeitos terapêuticos da magnetoconvulsoterapia no tratamento de depressão grave.
A técnica permite a indução de convulsões para a estimulação do cérebro com ondas magnéticas, semelhantes às utilizadas nos aparelhos de ressonância magnética.
"Essa ação difusa - em teoria - leva a uma despolarização do cérebro, o que causa a crise convulsiva. A vantagem da nova técnica em relação à ECT (eletroconvulsoterapia), é que ela provoca menos efeitos colaterais, como perda de memória. Com a magnetoconvulsoterapia os pacientes recuperam sua orientação mais rapidamente", afirma o psiquiatra José Gallucci Neto, um dos coordenadores do estudo. O tratamento libera neurotransmissores como a serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato, que são responsáveis por propagar os impulsos nervosos do cérebro, mantendo o bem-estar emocional. Segundo o pesquisador, o procedimento experimental irá comparar os efeitos da magnetoconvulsoterapia com eletroconvulsoterapia (ECT).
O estudo contará com 100 voluntários que sofrem de depressão grave, metade deles será submetida à ECT e os outros 50 serão tratados com a nova técnica. A pesquisa já foi aprovado e está prevista para entrar em execução em março de 2021.
Os pacientes irão realizar, gratuitamente, seis a doze sessões de tratamento. No final das sessões os pesquisadores vão avaliar a melhora clínica dos voluntários obtida em cada uma das técnicas e os efeitos cognitivos e na memória.
Eletroconvulsoterapia (ECT) A ECT é um tratamento psiquiátrico no qual são provocadas alterações na atividade elétrica do cérebro, induzidas através da passagem de corrente elétrica. O paciente submetido a esse tratamento precisa estar sob condição de anestesia geral.
Atualmente, a ECT é vista com frequência com reservas pela medicina. Mas ainda é um tratamento com eficácia para um pequeno grupo de doenças mentais.
Apesar de não estar totalmente claro seu funcionamento, a terapia de choque pode ajudar, em mais de 80% dos casos, a eliminar os piores sintomas da mania, da catatonia (condição mental que deixa os pacientes retraídos, mudos e apáticos) ou da depressão grave, que pode levar ao suicídio. "A magnetoconvulsoterapia não causa nenhum tipo de dano ou prejuízo para o cérebro, os pacientes não recebem choques elétricos e recuperam sua orientação mais rapidamente", afirma Neto.
"Na depressão temos tratamentos eficazes. Os antidepressivos funcionam em até 70% dos casos, com o uso da terapia você aumenta a efetividade. A ideia da magnetoconvulsoterapia é entregar um tratamento eficaz e também diminuir o estigma a cerca do uso de ECT - que é muito visto como algo perigoso, quando, na verdade, é um dos métodos mais seguros que existem no tratamento para a depressão" , afirma Neto. O equipamento produz um campo magnético, semelhante ao aparelho usado para estimulação magnética transcraniana, por meio de duas bobinas especiais, em forma de cone. A ferramenta de magnetoconvulsoterapia foi disponibilizado para pesquisas por meio de uma parceria com uma empresa dinamarquesa.
Se for comprovada a eficácia do tratamento, o equipamento precisará ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser disponibilizado na rede pública de saúde.