Cientistas de instituições nacionais anunciaram a criação de uma fórmula de antisséptico bucal capaz de inativar em 96% a proliferação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) nas vias aéreas superiores. A fórmula é baseada na tecnologia Phtalox, um composto criado inicialmente para o tratamento do mau hálito e melhorar a saúde da gengiva, revelou a revista Galileu.
O estudo foi realizado por quatro instituições públicas – Faculdade de Odontologia (FOB) da USP em Bauru (SP), Instituto de Ciências Biológicas da USP, Universidade Estadual de Londrina (PR) e Instituto Federal do Paraná, em parceria com o Centro de Pesquisa e Inovação da empresa DentalClean.
Ele é coordenado pelo cirurgião-dentista, sanitarista e pesquisador da USP Fabiano Vieira Vilhena e contou com o envolvimento de 60 especialistas. As pesquisas foram registradas na plataforma Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) e na Organização Mundial de Saúde (OMS).
Batizado de Detox Pro, o produto foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já está sendo produzido em larga escala, com lançamento previsto para dezembro no mercado nacional. “Começamos hoje (24/11) a produção do primeiro lote do produto, o antisséptico de 600 ml”, revelou à Galileu o gerente nacional de negócios da Dentalclean, Giuliano Castro.
“Para o primeiro trimestre de 2021, a estimativa de produção é de mais de 12 milhões de unidades nas categorias antisséptico, spray e gel dental”, completou Castro. Conforme o aumento da demanda, a produção poderá ser aumentada. Para o desenvolvimento e pesquisa do produto foram investidos R$ 10 milhões.
De acordo com Fabiano Vilhena, o antisséptico foi desenvolvido a partir da tecnologia Phtalox, um pigmento especialmente desenvolvido que promove a formação de oxigênio reativo a partir do oxigênio molecular, sendo capaz de inativar o vírus da Covid-19 na boca. Para chegar a esse resultado, foram feitas seis etapas de estudos, envolvendo 107 pessoas.
Outras pesquisas ainda estão previstas, envolvendo 2,1 mil indivíduos, para evoluir mais atributos que o antisséptico bucal pode proporcionar. Segundo os pesquisadores, logo no primeiro mês foi confirmada a ação virucida do produto, que, de uma fórmula fabricada para doenças gengivais, foi redirecionada para verificar sua eficácia na prevenção da transmissão do Sars-CoV-2.
Os cientistas ressaltam, contudo, que o antisséptico não se trata de uma cura, mas de uma prevenção contra a infecção causada pelo novo coronavírus. “Inativar a transmissão do vírus da Covid-19 nas vias aéreas superiores do corpo humano é uma das formas mais eficazes de não avançar a doença para as vias respiratórias inferiores”, esclareceram os pesquisadores no estudo, segundo a Galileu. “O antisséptico é capaz de bloquear o vírus na cavidade oral (região da boca), impedindo-o que ganhe forças e avance para o restante do organismo”.
Ainda de acordo com os pesquisadores, o produto poderá ser utilizado no dia a dia, fazendo parte dos cuidados com a saúde bucal. Por meio do bochecho e do gargarejo com o antisséptico, a solução tem a possibilidade de reduzir o vírus que pode ter entrado pelo nariz ou pela boca, revelou ao G1 o professor de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da FOB, Paulo Sergio da Silva Santos. O produto foi ainda testado no tecido de máscaras, onde também foi comprovada a redução da carga viral em 98,75%.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou uma nota nesta quinta-feira (26) em que afirma ainda não ter recebido a maior parte da documentação necessária em relação à CoronaVac e que uma eventual aprovação da vacina contra a covid-19 na China, país de origem, não significa em liberação automática no Brasil.
Segundo o órgão, no processo criado para facilitar o registro, chamado de submissão continuada, o Instituto Butantan, parceiro da fabricante Sinovac no Brasil, forneceu apenas "dados pré-clínicos, que são dados anteriores aos testes com seres humanos, ao contrário do que foi afirmado de que dados referentes à fase 3 já haviam sido entregues".
"A Anvisa informa que eventual aprovação de uma vacina pela autoridade regulatória da China NÃO implica aprovação automática para o Brasil", diz outro trecho do comunicado.
A agência explica que tem "medidas para evitar retrabalho e esforços desnecessários e, por isso, é possível considerar análises realizadas por outras agências para sua decisão".
Ressalta, no entanto, "que o reconhecimento tácito da aprovação por outras agências para registro de vacinas aqui no Brasil não é previsto em lei e pode representar risco à população brasileira".
Desde o início da pandemia, surgiram dúvidas quanto ao uso de máscaras para prática de exercícios físicos. Os protocolos da OMS, para conter a disseminação de Covid-19, exigiam, entre outras coisas, cuidados como higienização das mãos e uso de máscaras. Com o controle do vírus e a flexibilização das atividades físicas, principalmente ao ar livre, as máscara tornaram-se utensílios necessários na hora de fazer atividade externa. Mas, para além do desconforto, será que ela prejudica a saúde ou atrapalha o desempenho? A resposta de Fabrício Braga, diretor médico do Laboratório de Performance Humana da Casa de Saúde São José, é não, não atrapalha e não prejudica. É também o que diversos estudos da área comprovam: um israelense, de setembro; um canadense, de outubro e um americano, de novembro de 2020. Como explica Braga, todos apontam na mesma direção, independente do tipo de máscara que se use: o benefício de se proteger contra a Covid-19 é muito maior do que qualquer desconforto, e não há malefícios graves.
– Óbvio que as máscaras mais restritivas, como a N95, promovem um efeito maior do que as de algodão, mas não são máscaras recomendada para a prática de exercícios físicos. Os estudos indicam que há um pequeno aumento na quantidade de CO2 respirado, mas não há queda de oxigenação do sangue, e não há qualquer outro efeito que pode levantar a suspeita de que isso pode fazer mal para a saúde – explica o médico. O estudo israelense: O primeiro estudo, israelense, teve como objetivo "avaliar os efeitos fisiológicos do uso de máscaras cirúrgicas e respiradores N95 durante exercícios extenuantes de curta duração". Cada voluntário saudável realizou um teste de esforço máximo sem máscara, com máscara cirúrgica e com respirador N95. Tempo de exaustão e parâmetros fisiológicos foram comparados.
"A frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio e tempo até a exaustão não diferiram significativamente. O exercício com máscara N95 foi associado a um aumento significativo nos níveis de dióxido de carbono expirado (EtCO2). As diferenças eram mais proeminentes à medida que a carga aumentava. Em conclusão, em indivíduos saudáveis, atividade física aeróbica moderada/extenuante de curto prazo com máscara é viável, segura e está associada apenas a pequenas alterações nos parâmetros fisiológicos, particularmente um leve aumento de EtCO2. Indivíduos que sofrem de doenças pulmonares devem passar por uma avaliação cuidadosa antes de tentar atividade física com qualquer máscara", concluiu o estudo.
O estudo canadense: No segundo estudo, canadense, os testes também avaliaram a saturação arterial de oxigênio (oximetria de pulso) e o índice de oxigenação tecidual no vasto lateral. "O uso de máscaras faciais não afetou o desempenho. Quando expresso em relação ao desempenho máximo do exercício, nenhuma diferença foi evidente entre usar ou não uma máscara para saturação arterial de oxigênio, índice de oxigenação dos tecidos, avaliação do esforço percebido ou frequência cardíaca em qualquer momento durante os testes de esforço. O uso de máscara facial durante exercícios vigorosos não teve efeito prejudicial perceptível na oxigenação sanguínea ou muscular e no desempenho do exercício em participantes jovens e saudáveis", concluiu.
O estudo americano: No terceiro estudo, americano, que acabou de ser publicado, os pesquisadores revisaram a literatura sobre os efeitos de várias máscaras faciais e respiradores no sistema respiratório durante a atividade física usando dados de vários modelos: coberturas faciais de pano e máscaras cirúrgicas, respiradores N95, respiradores industriais e cargas respiratórias de alta resistência ou de alto espaço morto aplicadas. "No geral, os dados disponíveis sugerem que, embora a dispneia possa aumentar e alterar o esforço percebido com a atividade, os efeitos nos gases sanguíneos e outros parâmetros fisiológicos impostos pelas máscaras faciais durante a atividade física são pequenos, muitas vezes pequenos demais para serem detectados, mesmo durante períodos muito intensos de exercício", relatou.
– O mais importante, com relação à segurança, é que afirma-se que as máscaras são extremamente seguras na prática de exercícios. Se, por ventura, eu estou tendo desconforto com ela, escolho uma máscara mais confortável para a prática. Os estudos apontam para uma mesma direção: a máscara altera um pouco a dinâmica da respiração, fazendo com que eu precise respirar devagar, por exemplo, o que pode ajudar no conforto. Não existia nada no começo da pandemia, e agora temos bastante estudos indicando isso – explica Braga.
Segundo o especialista, em estudos antigos, pediatras já haviam recomendado o uso de máscara para crianças com asma praticarem exercício físico, como forma de controlar a respiração. Em um trabalho do Laboratório de Performance Humana (LPH) da Casa de Saúde São José, os pesquisadores monitoraram ainda a temperatura dentro da máscara. De acordo com Braga, existe um aumento de temperatura, chamado microclima, dentro da máscara.
– Mas assim como outros parâmetros fisiológicos, isso apenas contribui para um desconforto, que é facilmente resolvido diminuindo a intensidade. Então serve basicamente como um elemento que instabiliza a fisiologia, para poder gerar adaptação. É importante se adaptar, porque ela é extremamente segura – reforça.
Cardiologista e diretor médico do LPH, Fabrício Braga coordenou um estudo com voluntários e realizou um teste cardiopulmonar em uma bicicleta, com e sem máscara, para analisar o real impacto do acessório. De acordo com o médico, a principal conclusão foi que o uso da máscara durante o exercício não faz mal à saúde, apesar do desconforto.
– O aumento da resistência nas vias aéreas gerada pela máscara faz com que a frequência respiratória caia, pois há necessidade de um ciclo respiratório mais longo. Essa queda na frequência respiratória acaba gerando a necessidade de um tempo inspiratório maior. Verificamos também que houve um aumento do consumo de oxigênio, da frequência cardíaca e da percepção subjetiva de esforço devido ao aumento do trabalho da musculatura respiratória – completa.
Segundo Braga, o desconforto causado pela máscara parece estar ligado a três fatores:
Alteração do ciclo respiratório, que, se comprometer o volume de ar respirado e o tempo expiratório, pode promover uma pequena retenção de CO2 em exercícios de altas intensidades; Aumento da temperatura no interior da máscara; Aumento do estresse metabólico por provável aumento do trabalho respiratório. Dicas para maior conforto A partir desses resultados, o cardiologista dá algumas sugestões para melhorar a tolerância à máscara durante o exercício, como:
Reduzir a intensidade dos exercícios e respirar mais devagar, porém sem comprometer o tempo em que se coloca o ar para fora; Buscar modelos que reduzam esse desconforto causado, principalmente pelo aumento da temperatura e da umidade no acessório; Uso uma máscara de três camadas, na qual a divisão do meio seja filtrante, podendo ser de TNT ou outro material leve e comprovadamente eficaz na retenção de partículas; As camadas externa e interna devem ser de tecido hidrofóbico que permita boa passagem de ar e troca de calor, com objetivo de reduzir a umidificação da camada do meio (filtro).