Na semana passada, um amplo estudo publicado no “Annals of Internal Medicine” indicou que abordagens não farmacológicas, como massagem ou terapia do toque, podem ser mais eficientes que medicamentos para reduzir comportamentos de agitação e agressividade de pacientes com demência. Tratamentos alternativos já são usados no manejo dos sintomas neuropsiquiátricos; entretanto, apesar dos riscos dos efeitos colaterais, a prescrição de antidepressivos e antipsicóticos é amplamente disseminada.
Pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá) revisaram 163 estudos, que abrangiam mais de 23 mil pacientes, comparando intervenções para tratar agressão e agitação em adultos com demência. Os resultados mais favoráveis apontavam para abordagens que utilizavam massagem, toque terapêutico, musicoterapia e recreação para estimulação cognitiva, em comparação com a medicação convencional.
Essa discussão não é recente. Em outro trabalho, especialistas de diversas instituições de pesquisa, incluindo a Universidade de Michigan e a Johns Hopkins, em Baltimore – ambas nos EUA – haviam chegado ao consenso de que a chamada “abordagem não farmacológica”, ou seja, sem medicamentos, deveria ser a primeira opção. O foco no paciente determinaria as atividades compatíveis com suas necessidades.
Além disso, é fundamental adaptar o ambiente de maneira que se torne o mais acolhedor possível, o que inclui o treinamento de cuidadores. Um exemplo: o fim do dia pode ser um período difícil para pacientes com Alzheimer. Um em cada cinco apresenta um comportamento de agitação e desorientação, causado pelas sombras e diminuição da luz, mas essa angústia pode ser minimizada com uma iluminação que leve em conta essas necessidades. Pode ser mais trabalhoso, mas investigar os “gatilhos” que provocam esse tipo de comportamento pode resultar em adaptações que trarão um bem-estar maior para o doente. Não se trata de abolir completamente os medicamentos, mas considerar alternativas que não resultem apenas na contenção química de um ser humano.
Desde o fim de agosto e início de setembro, diversas manchas de óleo têm aparecido em praias do Nordeste. Já são 200 pontos atingidos, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Em Pernambuco, manchas voltaram a aparecer em praias que já tinham passado por uma limpeza.
Especialistas afirmam que este é o pior desastre da história para os corais brasileiros. Cientistas dizem que levará até anos até que os danos possam ser bem avaliados.
Mas quais os riscos para a nossa saúde e para quem está em contato direto com o óleo? A maioria dos voluntários não usa luvas para conter as manchas. Muitos não estão usando nem calçados adequados.
De acordo com a dermatologista Márcia Purceli, uma das consequências é relacionada à pele. "Existe o risco dessas pessoas apresentarem a dermatite de contato do tipo irritativa. Ou seja, essas substâncias que são encontradas nesse tipo de óleo, no petróleo cru, elas podem, em contato com a pele, desenvolver a dermatite irritativa".
Os sintomas da dermatite são: coceira, vermelhidão e descamação. Eles podem aparecer em até 24 horas após o contato. "O sintoma nem sempre é imediato. Pode ser na hora ou um dia depois", explica a dermatologista. As regiões mais acometidas são as mãos, dedos e rosto. Quero ajudar. Como devo me proteger?
Se a pessoa está em alguma praia contaminada e quer ajudar nos mutirões de limpeza, antes de entrar em contato com o óleo, ela deve tomar alguns cuidados. "É preciso usar a galocha para proteger a pele dos pés e as luvas de borracha", orienta Purceli.
Os perigos da inalação
Os sintomas vão além da pele. O médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da Universidade de São Paulo (USP), explica que inalar os elementos que estão no ar pela evaporação desse óleo também é perigoso.
“Pode causar tosse, irritação e asma, além da pneumotite química, que é a inflamação dos pulmões e a principal consequência da inalação desse óleo”.
O petróleo é uma mistura de centenas de substâncias de decomposição. São bactérias, fungos, além de hidrocarbonetos. Quando o petróleo fica no mar, submetido ao calor, ele vai evaporar e as pessoas vão inalar as substâncias.
Wong dá uma orientação importante: “idosos, crianças, grávidas, pessoas com baixa imunidade e com doenças crônicas devem evitar ao máximo o contato com o óleo”.
E quem teve contato com o óleo?
Se houver contato com o óleo, o recomendado é lavar rápido com bastante água e sabão neutro. Para os olhos, a indicação é o uso de soro fisiológico. Caso perceba os sintomas da dermatite, a pessoa precisa usar uma pomada de corticoide. "O ideal é passar primeiro em um médico, mas a pessoa pode usar por até sete dias a pomada. Deve-se passar só na região onde está o vermelhidão, a coceira", completa a dermatologista.
Um relatório publicado na semana passada apontou que a maioria dos alimentos destinados a crianças nos Estados Unidos está contaminada com metais pesados tóxicos, como chumbo (95%), cádmio (75%), arsênio (73%) e mercúrio (32%). O documento, divulgado pela Healthy Babies Bright Futures, organização americana voltada para a saúde infantil, indica que essas substâncias podem afetar negativamente o desenvolvimento cerebral dos bebês.
A equipe de pesquisa destacou ainda que “esses alimentos populares para bebês não são apenas ricos em arsênico inorgânico – a forma mais tóxica de arsênico -, mas também quase sempre estão contaminados com os quatro metais tóxicos”. O contato com esses elementos podem prejudicar o Quociente de inteligência (QI), causar problemas de desenvolvimento e comportamento, além de interferir na atuação de rins e fígado. Especialistas indicam que as crianças mais novas, especialmente bebês, estão mais vulneráveis a esses efeitos negativos já que o cérebro e outros órgãos ainda não estão completamente formados.
De acordo com Jane Houlihan, da Healthy Babies Bright Futures, os níveis de metais pesados encontrados nos alimentos são baixos, no entanto, eles podem se acumular no organismo e ter efeitos preocupantes. “Isso é motivo de preocupação, mas não de alarme”, salientou. Ela recomenda que os pais sejam mais cuidadosos com a alimentação dos filhos para evitar o consumo excessivo de contaminantes.
Com base nessa orientação, a rede americana CNN preparou uma lista com cinco atitudes que ajudam a reduzir a exposição das crianças a esses metais tóxicos. Confira. 1. Ofereça variedade Um dos motivos pelos quais as exposições a alimentos com metais pesados são perigosas para os bebês é a falta de variedade em sua dieta. Isso porque os pais temem introduzir novos alimentos na rotina da criança por medo de alergias ou para testar a reação do filho ao novo sabor. Mas, de acordo com especialistas, os pais devem introduzir alimentos novos todos os dias na alimentação do bebê – a partir do sexto mês de vida e sempre seguindo as orientações do pediatra.
Para a pediatra americana Tanya Altmann, adicionar variedade desde o início, aliás, ajuda a criança a ser menos exigente com a comida. Portanto, não há motivos para receio. A exceção à regra é o leite comum. Isso porque, segundo a Academia Americana de Pediatra, o metabolismo dos bebês não é capaz de processar adequadamente o leite no primeiro ano de vida.
2. Cuidado com o arroz Segundo o relatório da Healthy Babies, os alimentos que mais contêm contaminantes pesados são aqueles cujo principal ingrediente é arroz. O principal metal encontrado nesses alimentos é o arsênio já que ele é um elemento facilmente encontrado no solo, água e ar. O documento salienta ainda que o arsênio encontrado no arroz é o inorgânico, conhecido por ser o tipo mais tóxico.
“O cereal de arroz tem seis vezes mais arsênico do que outros tipos de cereais, como aveia e grãos múltiplos. Eu não recomendo esse alimento como primeira comida há muitos anos, porque prefiro que os bebês comam grãos integrais com mais nutrição”, disse Tanya. A orientação da especialista é trocar alimentos a base de arroz por aveia, frutas, como abacate, legumes, feijão e lentilha, por exemplo, desde que estejam bem amassados para evitar que a criança engasgue.
3. Escolha lanches saudáveis Muitos pais costumam escolher lanches mais consistentes, como biscoitos de arroz, por exemplo, como forma de aliviar as dores causadas pelo nascimento dos dentes. Mas especialistas recomendam trocar esses alimentos por porções de frutas e legumes congelados, pois eles também ajudam a reduzir o desconforto na gengiva. “Isso ajuda a reduzir os níveis de arsênio, bem como chumbo e cádmio, que encontramos nos biscoitos”, esclareceu Jane.
Vale lembrar que ao fazer essa troca é importante monitorar o bebê para evitar que ele engasgue com os pedaços.
4. Evite sucos Os sucos industrializados são outra grande fonte de metais pesados na alimentação infantil. Portanto, é bom evitá-los ao máximo para reduzir riscos de contaminação. Mas existem outros motivos para diminuir o consumo de sucos, até os 100% naturais. De acordo com a Academia Americana de Pediatria, mesmo o suco da fruta não oferece benefícios nutricionais tão altos em comparação com comer a fruta em si.
Isso porque os açúcares naturais do suco contribuem para o ganho de peso e o surgimento de cárie. Além disso, apenas o suco não oferece as fibras e proteínas que a própria fruta oferece, então não é sempre uma escolha totalmente saudável. Por isso, opte por pedaços de frutas de verdade. Além disso, pediatras recomendam que os pais priorizem o leite e a água como bebidas principais. O suco pode ser oferecido, mas em menor frequência.
5. Cuidado no preparo Outros alimentos que podem oferecer perigo aos pequenos são cenouras e batatas-doces. Por serem excelentes fontes de vitaminas e minerais, os especialistas não recomendam retirá-los do cardápio, mas reduzir a frequência em que são oferecidos e tomar cuidado na hora de descascá-los. “Se você descascar um pouco mais profundamente, poderá remover mais metais pesados”, explicou Jane, da Healthy Babies.
Outra forma de reduzir os níveis de metais pesados é depois do cozimento, lavar os alimentos mais uma vez, como faz com o macarrão, por exemplo. “Isso pode reduzir os níveis de arsênio em até 60%, de acordo com estudos da Food and Drug Adrministration [agência americana que regula medicamentos e alimentos]”, salientou Jane.
Quando se fala em processamento de informação nos bebês, um bom tempo costuma ser dedicado à visão e a como os bebês enxergam. Isso porque durante os primeiros meses de vida, são desenvolvidos e aperfeiçoados os mecanismos de processamento da informação visual.
Uma pesquisa do Instituto Max Planck realizada em treze países observou que a maioria das verbalizações em referência aos cinco sentidos correspondiam à visão. Isso é significativo, já que os seres humanos nascem com inúmeros déficits que influenciam a visão nos primeiros meses.
Vejamos quais são as capacidades visuais do recém-nascido e que mudanças acontecem na visão nos primeiros meses.
Capacidades visuais do recém-nascido É necessário levar em conta que, no caso dos recém-nascidos, nenhum dos sistemas neurais implicados na visão humana está completamente desenvolvido. Isso inclui áreas muito importantes dos olhos, como a retina e o núcleo geniculado, por exemplo.
Os bebês não veem os tons pasteis A fóvea, relacionada com a visão da cor, está muito pouco desenvolvida, embora sofra uma grande mudança durante os primeiros meses. Isso significa que o bebê tem muito pouca sensibilidade ao contraste, que vai sendo adquirida durante os primeiros meses de vida.
Por isso, ao nascer, os bebês só distinguem o vermelho, o branco e o preto. Aos dois meses, são capazes de fazer a maior parte das distinções e somente aos quatro ou cinco meses obtêm a visão de todas as cores.
A partir desta ideia, se forem oferecidas a um bebê várias opções de brinquedo (vermelho, rosa, bege ou verde), ele sempre vai preferir o vermelho. Sempre vão querer os brinquedos com mais contraste. Se este bebê tivesse cinco meses de idade, poderia escolher o brinquedo verde, já que nessa idade ele já começa a diferenciar esta cor.
A tradição dos tons pasteis e as cores claras para os bebês recém-nascidos é pouco prática com respeito ao que eles podem perceber; eles não verão estas cores num primeiro momento. Por isso, são recomendados brinquedos vermelhos, brancos e pretos com contrastes e cores vívidas.
Músculos do olho. Por que os bebês enxergam uma visão dupla? Os músculos retos – que permitem o movimento do globo ocular – e os músculos ciliares – que sustentam o cristalino – são muito perfeitos e rígidos quando um bebê nasce. Estes músculos influenciam a capacidade de acompanhamento e os movimentos sacádicos do bebê.
À medida que estes músculos vão relaxando, a visão nos primeiros meses vai melhorando. Isso costuma acontecer entre os dois e três meses de idade.
Devido à rigidez dos músculos ciliares, o cristalino também não funciona plenamente. O cristalino é responsável pela acomodação e, por isso, durante alguns meses os bebês têm dificuldade para focar no que está perto e no que está longe.
Além disso, têm visão dupla porque estes músculos são pouco flexíveis, ou seja, não têm visão binocular. Eles veem dois campos visuais que não se sobrepõem.
Os bebês enxergam e percebem os detalhes? A acuidade visual é a capacidade de ver os detalhes ou frequência espacial. Com respeito à visão nos primeiros meses de vida, os recém-nascidos veem apenas 30% dos detalhes que um adulto é capaz de captar.
Isso começa a melhorar somente aos quatro meses, até que o nível de visão que um adulto tem é alcançado ao completar um ano de idade. Para que os bebês consigam ver os detalhes, é preciso que a posição do objeto não esteja muito longe nem muito perto. O melhor nível de visão dos bebês é dois metros.
Como é possível que os bebês de um mês reconheçam seus pais se sua acuidade visual está muito abaixo das crianças de seis meses ou um ano?
Isso pode ser respondido graças ao leque de opções do bebê. Os seres humanos são multimodais, ou seja, se guiam por mais de um caminho sensorial. A melhor distância se funde à informação do movimento, aos cheiros, etc., levando ao seu reconhecimento através de uma integração sensorial.
Quais são as preferências dos bebês? Os bebês preferem olhar para aquilo que são capazes de captar. São suas limitações que os levam a preferir algumas coisas sobre as outras. Quando o bebê nasce, costuma prestar atenção às bordas, ao contorno ou aos ângulos. Isso porque estas são as partes dos objetos que oferecem um contraste que ele pode captar.
Por isso, a princípio, o bebê não é capaz de ver um rosto. Nem sequer verá os traços do rosto da pessoa. Vai preferir o contorno desse rosto. Com um mês, começa a perceber os olhos, a boca ou o queixo.
A princípio, o critério de preferência do bebê é que seja visível, determinado pelo próprio objeto. Sua preferência dependerá das propriedades intrínsecas e sobressalentes desse objeto.
Durante o segundo mês, o critério de preferência começa a ser a experiência. Os bebês enxergam em função do significado do objeto. O sistema cognitivo vai se desenvolvendo e, então, será possível determinar se um estímulo é novo ou interessante. Entender os objetos como entidades separadas de outros Uma outra função que não se desenvolveu por completo ainda, e que influencia a visão nos primeiros meses, é a capacidade de separar superfície, objeto e fundo. Isso nos permite entender o mundo como ele é e também os outros.
Antes dos cinco meses de idade, um bebê não é capaz de diferenciar objetos da superfície e do fundo. Isso quer dizer que se eles observarem uma jarra de suco e, por trás, uma parede, vão achar que ambos objetos são o mesmo.
A partir dos cinco meses, conseguem diferenciar se os objetos estiverem suficientemente separados. O movimento ajuda a realizar esta diferenciação. Se estes objetos forem estáticos, pelo menos antes dos cinco meses, não serão diferenciados.
Com respeito aos objetos que compartilham superfícies, até os quatro meses o bebê também não saberá que são dois objetos diferentes. Não importa se eles tiverem cores diferentes. Os princípios de continuidade, das superfícies conectadas e do movimento comum são relevantes. As formas, em geral, não dizem nada.
Percepção dos rostos. Os bebês nos olham? Durante o primeiro mês, como já mencionamos antes, os bebês começam a perceber melhor o conteúdo dos rostos das pessoas.
A partir do segundo mês acontecem muitos progressos, e eles conseguem se tornar especialistas nisso. Com dois meses eles já têm o padrão de rastreamento alto. Os bebês olham mais os rostos do que qualquer outro estímulo, e começam a mostrar preferências pelos rostos familiares.
Aos seis meses os bebês já enxergam e conseguem reconhecer um rosto apesar das variações da expressão e, inclusive, de frente ou de perfil. Já conseguem categorizar de acordo com o sexo, diferenciam as expressões emocionais e respondem de modo diferente a rostos atraentes ou não.
A visão é, talvez, a grande protagonista do desenvolvimento da percepção nos bebês. As mudanças que eles vivem durante seu primeiro ano de vida são surpreendentes. A visão, entre outras coisas, é o que permite que os bebês se desenvolvam e conheçam o mundo que os cerca pouco a pouco.