A maioria das pessoas que foram infectadas pelo coronavírus tem uma imunidade média de 83% à doença por pelo menos cinco meses, mas podem ser reinfectadas e transmiti-lo, de acordo com um estudo conduzido pela agência de Saúde Pública da Inglaterra (PHE).
Os pesquisadores recrutaram cerca de 21 mil funcionários de hospitais britânicos, divididos em grupos com base no fato de terem passado pela infecção ou nunca terem sido infectados, e os submeteram a testes PCR quinzenais e a um teste mensal para seu nível de anticorpos entre junho e novembro. As informações são da PHE, que está vinculada à Secretaria de Estado da Saúde do Reino Unido e aconselha sobre saúde pública.
De acordo com os resultados, dos 6.614 profissionais que tinham anticorpos, apenas 44 desenvolveram uma potencial infecção. A pesquisa concluiu que a infecção proporciona 94% de proteção contra a reinfecção sintomática e 75% de imunidade contra a reinfecção assintomática.
Especialistas dizem que os casos de reinfecção detectados na pesquisa, liderados por Susan Hopkins, são considerados potenciais, à espera de análise genética para certificar as informações. Eles também indicam que ainda não foi confirmado que os resultados podem ser extrapolados para um grupo populacional mais velho, já que os participantes do estudo tinham entre 35 e 54 anos de idade e, portanto, provavelmente têm sistemas imunológicos mais fortes.
A pesquisa será prolongada por 12 meses para determinar a duração da imunidade, analisar o impacto da nova variante do coronavírus detectado no Reino Unido e monitorar a proteção dos participantes que já receberam a vacina.
Nesta quinta-feira, 14, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU/UFPI) vai receber, 30 pacientes de Manaus, capital do Amazonas, infectados com covid-19. O transporte será feito pelo avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A previsão é que os pacientes cheguem ao Aeroporto Senador Petrônio Portella às 13h.
Durante entrevista ao GP1, o médico Gilberto Albuquerque, presidente da Fundação Municipal de Saúde, informou que a Prefeitura de Teresina dará todo o suporte relacionado à logística. "Todos eles irão para o HU, são 30 pacientes", declarou.
"Já organizamos a logística de recebimentos dos pacientes. Ambulâncias avançadas, equipe de triagem, oxigênio, máscaras, cadeiras de rodas, apoio de transporte. O Hospital
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) municipal será o responsável pela remoção dos pacientes do aeroporto para o HU. Foram disponibilizadas 11 ambulâncias, sendo duas de suporte avançado e quatro de suporte básico para fazer a transferência.
Crise no Amazonas
O estado do Amazonas vive a segunda onda da covid-19 e os hospitais de Manaus estão à beira do colapso por conta do aumento descontrolado no número de infectados. Até esta quarta-feira (13), mais de 219 mil pessoas foram infectadas pela covid em todo o estado, e mais de 5,8 mil morreram com a doença. Em Manaus, o número de mortes passa de 3,8 mil.
De acordo com a prefeitura, nesta quarta-feira, 143 enterros aconteceram nos espaços públicos e 55 em cemitérios privados. Entre as causas das mortes, 87 foram declaradas como Covid.
A Justiça Federal do Amazonas mandou suspender a realização do Enem no Estado até o fim do estado de calamidade pública decretado pelo governador Wilson Lima (PSC).
FMS
Em nota, a assessoria da Fundação Municipal de Saúde informou que foi o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi quem entrou em contato com o presidente Gilberto Albuquerque informando que enviaria os pacientes. Confira abaixo a nota na íntegra:
Equipes do Ministério da Saúde estão em Manaus (AM) remanejando pacientes COVID para cidades brasileiras que tem suporte em saúde para recebe-los. Ao todo 30 pacientes chegarão em Teresina às 13 h no Aeroporto Senador Petrônio Portella, em avião da Força Aérea Brasileira.
Na madrugada desta quinta-feira (14) o ministro da saúde, Eduardo Pazuello, entrou em contado com o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Gilberto Albuquerque, informando que enviaria os pacientes COVID para Teresina.
“Já organizamos a logística de recebimentos dos pacientes. Ambulâncias avançadas, equipe de triagem, oxigênio, máscaras, cadeiras de rodas, apoio de transporte. O Hospital Universitário irá receber os pacientes”, informou Gilberto Albuquerque.
São 11 ambulâncias disponibilizadas para o transporte dos pacientes, sendo duas avançadas e nove básicas. “Os pacientes são clínicos. Faremos a triagem deles ainda dentro do avião para analisarmos o quadro de saúde antes de realizarmos o transporte”, diz Gilberto.
Nova variante
Na terça-feira (12), uma nova variante do coronavírus que causa a covid-19 foi encontrada no Amazonas, segundo informações divulgadas pela Fiocruz Amazônia.
Trata-se da mesma variante que chegou ao Japão após viajantes passarem pelo Amazonas. Ainda conforme o pesquisador e vice-diretor da instituição, Felipe Naveca, o vírus apresenta uma série de mutações vistas pela primeira vez.
No domingo (10), o governo japonês anunciou que as autoridades de saúde do país encontraram a variante do vírus em quatro viajantes que estiveram no Amazonas e voltaram ao Japão em 2 de janeiro.
Pará proíbe entrada de pessoas do Amazonas
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), postou em seu Twitter, nesta quarta-feira (13), que vai proibir a circulação de embarcações com passageiros entre o Amazonas e o Pará. Segundo o anúncio, é uma medida preventiva para conter o contágio do novo coronavírus e assim frear o avanço da pandemia no estado.
O secretário James Rodrigues, da Saúde de Floriano, numa gravação de áudio externou sobre a reunião que acordou a previsão de retorno dos exames, consultas e procedimentos do SUS pelas clínicas credenciadas na cidade.
Participaram do encontro representantes do Conselho Municipal de Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e vereadores.
A variante do novo coronavírus detectada no Amazonas não é a única responsável pela explosão de casos na região, conforme explica o pesquisador Felipe Naveca, vice-diretor de Pesquisa e Inovação do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), que lidera o estudo que identificou a cepa.
O Estado tem recorde de internações e sepultamentos, além de fila de espera para vagas em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). "Considero essa situação multifatorial. Há o início da temporada de vírus respiratórios no Amazonas, que historicamente acontece de meados de novembro em diante, no chamado inverno amazônico, quando outros vírus respiratórios, como o influenza, também aumentam. Então, há essa situação sazonal, a presença da variante e a diminuição do distanciamento social", afirma.
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O estudo sugere que as cepas detectadas em viajantes japoneses que tinham passado pela região amazônica evoluíram de uma linhagem viral no Brasil, que circula no Amazonas. A nova variante foi chamada de B.1.1.28. Os dados apontam que a mutação detectada na variante é um fenômeno recente, originada entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
O pesquisador afirma que está conduzindo, junto à Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas e Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas, um levantamento genômico de pessoas recentemente infectadas pelo coronavírus no Amazonas com o objetivo de detectar a circulação dessa linhagem no Estado.
Ele ressalta que essa cepa chama a atenção em relação às variantes detectadas no Reino Unido e na África do Sul porque acumulou muitas mutações em pouco tempo. "Essa variante apresenta uma série de mutações que ainda não tinham sido encontradas. Algumas delas envolve mutação na proteína spike, que é a proteína que faz a interação inicial com a célula humana, então isso chama bastante a atenção. É um vírus que acumulou muitas mutações em pouco tempo, acima do que gente estava vendo até o momento", diz.
A evolução do vírus é esperada e o Sars-Cov-2 ainda apresenta uma evolução mais lenta que outros vírus, segundo o pesquisador. "O novo coronavírus tem propriedade de fazer certo controle disso que os outros vírus de RNA não têm", explica.
O próximo passo, de acordo com Naveca, é aprofundar o sequenciamento de dezembro e janeiro para identificar se essa variante já estava em grande quantidade no Amazonas, além de detectar outras que possam surgir.
"É importante ressaltar que o vírus mutante, assim como o vírus original, não atravessa a máscara; não resiste à lavagem das mãos com água e sabão, ou com álcool gel, e a transmissão também é evitada com o distanciamento social. Então, nesse momento, é um apelo que a gente faz à população, para nos ajudar nessa situação tão difícil que nós estamos vivendo no Amazonas e em vários Estados do Brasil", afirma.
"É preciso frear a evolução desse vírus e isso só é feito diminuindo a transmissão, diminuindo o contato de pessoa a pessoa, que é o que transmite o vírus, seja orginal ou seja o mutante", acrescenta.